quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Santa Maria

"Quantas vezes Chico Xavier chorou abraçado a mães e pais que o procuravam tocados pela profunda dor da “perda” dos filhos amados. Por vezes, Chico chegava a dizer que a dor de uma mãe que enterra o filho é tão grande que não possui nem nome, ao contrário do que ocorre, por exemplo, com um filho que perde o pai (órfão) ou a mulher que perde o esposo (viúva). Na grandeza e sensibilidade de seu coração, Chico – exemplo de cristão-espírita – sabia que aquele não era momento de doutrinação, mas do socorro imediato, do abraço, do aconchego, do partilhar o sofrimento, do chorar junto até, para que aquela imensurável dor se tornasse pelo menos mais suportável, menos dilacerante àquelas criaturas. Muitas daquelas mães e daqueles pais que um dia o procuraram podem até não ter mais regressado a uma Casa Espírita, por terem seus corações vinculados a outras orientações religiosas, mas, certamente, jamais se esqueceram do que encontraram junto a um espírita no momento mais difícil de suas vidas: o amor cristão que nos une a todos.

Neste instante em que o Brasil se vê abalado pela desencarnação de mais de 230 jovens, vítimas de um incêndio numa casa noturna de Santa Maria (RS), que não nos atenhamos em especular, sobretudo em público – dada a delicadeza do momento –, sobre as possíveis causas pretéritas que teriam engendrado o fatídico acontecimento que reuniu aqueles corações juvenis e seus familiares em experiência tão dolorosa. Embora saibamos, à luz da Doutrina, que tais causas existem, que busquemos, contudo, antes de qualquer coisa, tal como fazia Chico Xavier, trazer esses irmãos ao regaço de nosso peito, na certeza de que também o Cristo, ao tomar conhecimento da morte de Lázaro e diante das lágrimas que caíam dos olhos de Maria, a irmã do amigo, e de outros que com ela estavam, igualmente se sensibilizou e com eles chorou (João, 11: 32-35).

A todos que, em Santa Maria, se encontram abalados pela separação, temporária – sabemos – dos entes amados, a nossa prece e o nosso abraço fraternal. Que Deus lhes fortaleça o espírito nesta hora e que seus entes queridos, na nova realidade da vida em que se encontram, possam igualmente ser envolvidos nessas vibrações de carinho de tantos corações que se irmanam em solidariedade. Que Jesus, nosso Mestre, amigo e irmão, os ampare."


(BOLETIM SEI (CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL): SOBRE SANTA MARIA)

"NOSSOS DESTINOS"

‎"Nossos destinos são idênticos.

Não há privilegiados nem deserdados.

Todos percorrem a mesma vasta carreira e, através de mil obstáculos, todos são chamados a realizar os mesmos fins.

Somos livres, é verdade, livres para acelerar ou para afrouxar a nossa marcha, livres para mergulhar em gozos grosseiros, para nos retardarmos durante vidas inteiras nas regiões inferiores; mas, cedo ou tarde, acorda o sentimento do dever, vem a dor sacudir-nos a apatia, e , forçosamente, prosseguiremos a jornada."

("Depois da Morte", Léon Denis)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"ALERGIA E OBSESSÃO"


"A noite de 15 de julho de 1954 trouxe-nos a alegria do primeiro contato com o Espírito do Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz, distinto médico e denodado batalhador do Espiritismo, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira, no período de 1889 a 1895, desencarnado em 1937.

Tomando as faculdades psicofônicas do médium, pronunciou a palestra aqui transcrita, que consideramos precioso estudo em torno da obsessão.

Subordinando o assunto ao tema “alergia e obsessão”, elucida-nos sobre a maneira pela qual facilitamos a influenciação das entidades infelizes ou inferiores em nosso campo físico, desde as mais simples perturbações epidérmicas aos casos dolorosos de avassalamento psíquico. 


Quem se consagra aos trabalhos de socorro espiritual há de convir, por certo, em que a obsessão é um processo alérgico, interessando o equilíbrio da mente.

Sabemos que a palavra “alergia” foi criada, neste século, pelo médico vienense Von Pirquet, significando a reação modificada nas ocorrências da hipersensibilidade humana.

Semelhante alteração pode ser provocada no campo orgânico pelos agentes mais diversos, quais sejam os alimentos, a poeira doméstica, os polens das plantas, os parasitas da pele, do intestino e do ar, tanto quanto as bactérias que se multiplicam em núcleos infecciosos.

As drogas largamente usadas, quando em associação com fatores protéicos, podem suscitar igualmente a constituição de alérgenos alarmantes.

Como vemos, os elementos dessa ordem são exógenos ou endógenos, isto é, procedem do meio externo ou interno, em nos reportando ao mundo complexo do organismo.

A medicina moderna, analisando a engrenagem do fenômeno, admite que a ação do anticorpo sobre o antígeno, na intimidade da célula, liberta uma substância semelhante à histamina, vulgarmente chamada substância “H”, que agindo sobre os vasos capilares, sobre as fibras e sobre o sangue, atua desastrosamente, ocasionando variados desequilíbrios, a se expressarem, de modo particular, na dermatite atípica, na dermatite de contato, na coriza espasmódica, na asma, no edema, na urticária, na enxaqueca e na alergia sérica, digestiva, nervosa ou cardiovascular.

Evitando, porém, qualquer preciosismo da técnica científica e relegando à medicina habitual o dever de assegurar os processos imunológicos da integridade física, recordemos que as radiações mentais, que podemos classificar por agentes “R”, na maioria das vezes se apresentam, na base de formação da substância “H”, desempenhando importante papel em quase todas as perturbações neuropsíquicas e usando o cérebro como órgão de choque.

Todos os nossos pensamentos definidos por vibrações, palavras ou atos, arrojam de nós raios específicos.

Assim sendo, é indispensável curar de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes, porquanto a cólera e a irritação, a leviandade e a maledicência, a crueldade e a calúnia, a irreflexão e a crueldade, a tristeza e o desânimo, produzem elevada porcentagem de agentes “R”, de natureza destrutiva, em nós e em torno de nós, exógenos e endógenos, suscetíveis de fixar-nos, por tempo indeterminado, em deplorável labirinto da desarmonia mental.

Em muitas ocasiões, nossa conduta pode ser a nossa enfermidade, tanto quanto o nosso comportamento pode representar a nossa restauração e a nossa cura.

Para sanar a obsessão nos outros ou em nós mesmos, é preciso cogitar dos agentes “R” que estamos emitindo.

O pensamento é força que determina, estabelece, transforma, edifica, destrói e reconstrói.

Nele, ao influxo divino, reside a gênese de toda a Criação.

Respeitemos, assim, a dieta do Evangelho, procurando erguer um santuário de princípios morais respeitáveis para as nossas manifestações de cada dia.

E, garantindo-nos contra a alergia e a obsessão de qualquer procedência, atendamos ao sábio conselho de Paulo, o grande convertido, quando adverte aos cristãos da Igreja de Filipos:

- “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é nobre, tudo o que é puro, tudo o que é santo, seja, em cada hora da vida, a luz dos vossos pensamentos.” 



(Dias da Cruz, na obra "Instruções Psicofônicas", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"CANÇÃO DA FÉ"

"Se a tua fé não vê ou ainda não viu
A presença da lágrima ou do espinho
Para vencer nos lances do caminho,
Os perigos da marcha e as surpresas da treva.
Se a tua fé não ouve ou ainda não ouviu,
Entre as flores que leva
Desde o berço da crença até agora,
O insulto em que a maldade se avigora,
A fim de que lhe dês,
Outra vez e outra vez,
O apoio da paciência e a lição da bondade...

Se a tua fé não encontrou ainda
Algo que a desagrade,
Na tarefa bem-vinda
Que te impele a servir ao amor e á verdade.
Se a tua fé não teve ou ainda não tem
Ofensas a perdoar e injúrias a esquecer,
No sublime dever
De amparar, socorrer ou levantar alguém...

Se enfim, a tua fé não conheceu
Angústia ou desabrigo,
Se ela não sofre ou ainda não sofreu
Golpes do orgulho vão,
Escárnio, desafio, tentação,
Para que aprendas, coração amigo,
Resistência e humildade,
A tua fé, portanto,
Não passa, por enquanto,
De um sonho que não veio à realidade!...
Porque a fé verdadeira
Que redime e renova a Humanidade,
E vale, em tudo para a vida inteira,
A fé que tanto ama e anda de rastros
Quanto vibra e se eleva para os astros,
Fé valente e profunda,
Que inspira, exemplifica, ergue e fecunda,
Será sempre obtida na batalha,
Na Terra ou Mais Além,
No coração que luta ou se estraçalha
Para a glória do Bem."

("Coração e Vida", Maria Dolores/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

"CANTO DE ESPERANÇA"


"Os lábios que ensinam a verdade e educam através do exemplo e do amor são mais nobres do que aqueles que apenas murmuram orações.

As mãos que socorrem os que sofrem e os que se encontram em necessidade transformam-se em asas que voam na direção do futuro, tornando o mundo melhor, são mais santas do que aquelas que apenas abençoam com gestos.

As vozes que modulam palavras de bondade para com as crianças-ninguém são mais abençoadas do que aquelas que somente louvam a Deus.

Os esforços de ternura para educar e reeducar crianças são mais edificantes do que aqueles que amealham moedas, mesmo que sejam de ouro.

Quem se oferece para auxiliar um ser infantil, investe no porvir da Humanidade com doação de luz.

A criança débil de hoje poderá ser um sol poderoso amanhã ou um abismo de sombras ameaçadoras no porvir.

O sentido da vida é educar, porque fora da educação não há como sobreviver na multidão.

Por isso, é necessário que o discernimento e a emoção humana direcionem-se aos pequeninos que avançam no rumo da posteridade.

Quando a vida tem um sentido superior, nada se lhe torna impedimento.

Debalde se combaterá a violência, o crime, a dissolução dos costumes, nos campos complexos das discussões acadêmicas em salões de luxo, intermediadas pelas refeições opíparas e caras, enquanto a miséria infantil espia, morrendo esfaimada do lado de fora.

O mundo de hoje, com as suas trapaças e dores inomináveis, é o resultado do abandono da infância no passado.

Faze algo!

Torna-te um recanto de amor e sorri ao pequenino da rua, apontado como malfeitor, ou em situação de perigo social. 
Recolhê-lho aos redutos corretivos, sem alma nem amor que educam, é condená-lo à autodestruição ou à destruição dos outros.

Onde mora? Quem são os seus pais? Quais os direitos que possui?

Bem poucos se interessam por saber, a fim de o ajudar. 
Jesus, porém, reuniu alguns deles no seu seio e prometeu-lhes o Reino.

Ajuda-os a encontrar o caminho que os levará a esse lugar formoso que irão construir na Terra.

Insiste no teu canto de esperança.

Entoa o hino de bondade e faze que cada verso da tua canção se transforme num comovente estribilho de amor e de educação.

Um dia, não muito distante, volverás ao palco terrestre na condição de criança.

Realiza hoje em favor da infância, o que gostarias de receber, quando retornares amanhã.

A Lei Divina estatuiu que o bem que se faz é o bem que se faz a mesmo."


(Amélia Rodrigues/Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 15 de agosto de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia)

domingo, 27 de janeiro de 2013

"DESCULPA SEMPRE"


"Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
Celestial vos perdoará." - Jesus. (Mateus, 6:14).

"Por mais graves te pareçam as faltas do próximo,
não te detenhas na reprovação.
Condenar é cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.
Procura nas vítimas da maldade algum bem com que possas
 soerguê-las, assim como a vida opera o milagre do reverdecimento nas
árvores aparentemente mortas.
Antes de tudo, lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas
em experiências que divergem da nossa!
Como refletir, apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a
realidade, usando um coração que não nos pertence?
Se o mundo, hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos,
faze silêncio e espera...
A observação justa é impraticável quando a neblina nos cerca.
Amanhã, quando o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente
clareza para que a sombra te não altere o entendimento.
Além .disso, nos problemas de crítica, não te suponhas Isento dela.
Através da nociva complacência para contigo mesmo, não percebes
quantas vezes te mostras menos simpático aos semelhantes!
Se há quem nos ame as qualidades louváveis, há quem nos destaque
as cicatrizes e os defeitos.
Se há quem ajude; exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos
perturbe, constrangendo-nos à revisão do passado escuro.
Usa, pois, a bondade, e desculpa incessantemente.
Ensina-nos a Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados.
Quem perdoa, esquecendo o mal e avivando o bem, recebe do Pai
Celestial, na simpatia e na cooperação do próximo, o alvará da
libertação de si mesmo habilitando-se a sublimes renovações."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 26 de janeiro de 2013

"ATITUDES ESSENCIAIS"


“Qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim,
não pode ser meu discípulo.” Jesus. (LUCAS, 15:27.)


"Neste passo do Novo Testamento, encontramos a verdadeira fórmula para o ingresso ao
Sublime Discipulado.
“Qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim, não pode ser meu discípulo” –
afirma-nos o Mestre.
Duas atitudes fundamentais recomenda -nos o Eterno Benfeitor se nos propomos
desfrutar-lhes a intimidade – tomar a cruz redentora de nossos deveres e seguir-lhe os
passos.
Muitos acreditam receber nos ombros o madeiro das próprias obrigações, mas fogem ao
caminho do Cristo; e muitos pretendem perlustrar o caminho do Cristo, mas recusam o
madeiro das obrigações que lhes cabem.
Os primeiros dizem aceitar o sofrimento, todavia, andam agressivos e desditosos,
espalhando desânimo azedume por onde passam.
Os segundos crêem respirar na senda do Cristo, mas abominam a responsabilidade e o
serviço aos semelhantes, detendo-se no escárnio e na leviandade , embora saibam
interpretar as lições do Evangelho, apregoando-as com arrazoado enternecedor.
Uns se agarram à lamentação e ao aviltamento das horas.
Outros se cristalizam na ironia e na ociosidade, menosprezando os dons da vida.
Não nos esqueçamos, assim, de que é preciso abraçar a cruz das provas indispensáveis
à nossa redenção e burilando, com amor e alegria,marchando no espaço e no tempo,
com o verdadeiro espírito cristão de trabalho infatigável no bem, se aspiramos a alcançar
a comunhão com o Divino Mestre.
Não vale apenas sofrer.É preciso aproveitar o sofrimento.
Nem basta somente crer e mostrar o roteiro da fé. É imprescindível viver cada dia,
segundo a fé salvadora que nos orienta o caminho."
("Palavras da Vida Eterna", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

"EM SILÊNCIO"


"Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos do Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus." - Paulo. (EFÉSIOS, 6:6.)




"Se sabes, atende ao que ignora, sem ofuscá-lo com a tua luz.

Se tens, ajuda ao necessitado, sem molestá-lo com tua posse.

Se amas, não firas o objeto amado com exigências.

Se pretendes curar, não humilhes o doente.

Se queres melhorar os outros, não maldigues ninguém.

Se ensinas a caridade, não te trajes de espinhos, para que teu contacto não
dilacere os que sofrem.

Tem cuidado na tarefa que o Senhor te confiou.

É muito fácil servir à vista. Todos querem fazê-lo, procurando o apreço dos
homens.

Difícil, porém, é servir às ocultas, sem o ilusório manto da vaidade.

É por isto que, em todos os tempos, quase todo o trabalho das criaturas é
dispersivo e enganoso. Em geral, cuida-se de obter a qualquer preço as gratificações e as honras humanas.

Tu, porém, meu amigo, aprende que o servidor sincero do Cristo fala pouco e
constrói, cada vez mais, com o Senhor, no divino silêncio do espírito...
Vai e serve.

Não te dêem cuidado as fantasias que confundem os olhos da carne e nem te
consagres aos ruídos da boca.

Faze o bem, em silêncio.

Foge às referências pessoais e aprendamos a cumprir, de coração, a vontade de Deus."

("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

"O ACIDENTE PROVIDENCIAL"


"Martinho Sousa era rapaz inteligente, muito culto, mas excessivamente confiado a idéias fixas.

Após firmar esse ou aquele ponto de vista, não cedia a ninguém no campo da opinião. Renovava os pareceres que lhe eram peculiares somente à força de fatos e, assim mesmo, apenas quando os acontecimentos lhe ferissem os olhos. Declarava-se absoluto nas interpretações e, rebelde, brandia pesada argumentação sobre quantos lhe não aderissem ao modo de ver.

Dentro de semelhantes características, foi colhido na trama sutil de terrível obsessão.

A influenciação deprimente das entidades infelizes envolveu-lhe o campo mental em rede extensa de vibrações perturbadoras. E o desequilíbrio psíquico progrediu singularmente, senhoreando-lhe o sistema nervoso.

O desventurado amigo começou por abandonar o trabalho diuturno, recolhendo-se ao ambiente domestico, onde se consagrou ao exame particularizado do próprio caso, enquanto se alarmavam a esposa e os filhos pequeninos do casal...

Martinho alimentava conversações estranhas, gesticulava a esmo, esbugalhava os olhos como se fixasse horrendas paisagens, dominado de incoercível pavor.

Não chegava a identificar as sombras que o cercavam, ameaçadoras e inflexíveis na perseguição sem tréguas; no entanto, assinalava-lhes a presença e captava-lhes os pensamentos sinistros, em forma de cruéis sugestões.

Atacado de insônia insistente, não se aquietava senão durante alguns minutos, pela madrugada, para o descanso corporal, gastando as horas em movimentação anormal e excitante, através dos aposentos, ao jardim e do quintal, errando sempre, obcecado por invisíveis malfeitores.

De quando em quando, alguém comentava a situação, convidando-o a estudar a suposta enfermidade, à luz do Espiritismo renovador, mas o teimoso doente se retraía nas interpretações científicas.

Tratava-se, dizia ele convicto, de choques sucessivos no sistema nervoso, agravados por uma avitaminose significativa. Além disso, acrescentava, padecia enorme deficiência no pâncreas. Não se lhe processava a nutrição com a regularidade devida e via-se esgotado em vista da assimilação imperfeita.

Os companheiros de luta, interessados em seu bem-estar, não conseguiam demovê-lo.

O obsidiado tecia longas considerações de natureza técnica e relacionava diagnósticos complicados.

Lia, atencioso, as anotações médicas, referentemente aos sintomas que lhe diziam respeito e, para refutar os amigos, trazia à conversação, exasperado e irritadiço, textos e gravuras de natureza científica para exaltar os próprios males. Agravava-se-lhe o tormento dia a dia.

Assim, atingira Martinho perigosa posição mental.

Os adversários de sua paz subtraíram-no, quase totalmente, à alimentação e acentuaram-lhe as preocupações na vigília enfermiça.

Horas a fio mantinha-se na estranha contemplação de paisagens horríveis, na tela escura do pensamento atormentado.

Piorando-se-lhe a situação, os benfeitores espirituais, que por ele se interessavam, multiplicaram recursos de salvação, mobilizando novos colaboradores encarnados, de maneira indireta, que passaram a visitar o enfermo por verdadeiros emissários da solução indispensável.

Eram portadores de consolação, remédio, esclarecimento e luz; entretanto, o doente não se abria ao socorro que se lhe dispensava.

Bastaria escutar calmamente a leitura de algumas páginas espiritualizantes e encontraria em si mesmo o recurso à reação; todavia, negava-se ele, impaciente e menos delicado.

– Influências de ordem psíquica? – indagava, exaltado, aos visitantes – é rematada maluquice de vocês. Sou vítima de exaustão geral por falta de suprimento vitaminoso adequado. Estou arrasado. Tenho o fígado apático, os rins intoxicados e os intestinos inertes...

E estendendo o braço magríssimo, na direção dum velhinho prestimoso que o visitava com freqüência, exclamava, estentórico:

– E o senhor, “seu” Luís, ainda me vem falar de atuação do outro mundo?! Não será  ironia de sua parte?

Silenciavam os circunstantes, desapontados.

Luís Vilela, o ancião citado nominalmente pelo enfermo, traduzindo o pensamento de abnegados mentores invisíveis, retrucava sem irritação:

– Deveria você, Martinho, acalmar-se convenientemente para o exame das necessidades próprias. Como julgar, com tanto rigor, princípios edificantes e curativos que você absolutamente não conhece? Não devemos condenar sem base firme.

Não sabe a quantos distúrbios pode ser conduzido um homem, sob perseguições ocultas. Sei que o seu estado de agora impede a leitura meditada; entretanto, proponho-me a ler para os seus ouvidos e a prestar os esclarecimentos que se fizerem indispensáveis. Creio aprenderá você, desse modo, a consolidar as próprias energias e a refletir com mais clareza, repelindo as sugestões inferiores, mesmo porque, meu amigo, em qualquer processo de remediar a saúde do corpo, é imperioso sanear a mente.

O rebelde obsidiado, porém, não atendia. Não se detinha convenientemente nem mesmo para registrar as considerações de ordem afetiva. Andava, nervosamente, dum lado para outro, torcendo as mãos ou gesticulando sem propósito, gritando blasfêmias e queixas. Não aparecia recurso com que se pudesse sossegá-lo no leito.

Quase desalentados, consultavam-se os amigos entre si.

E não só no círculo dos encarnados sobravam as preocupações. Os enfermeiros espirituais partilhavam aflições e receios. Martinho não oferecia campo adequado ao entendimento e, por essa razão, os algozes intangíveis ganhavam terreno franco.

Prosseguia o perigoso impasse, quando, certa noite, um dos verdugos sugeriu ao doente a idéia de galgar a velha mangueira do quintal, no sentido de respirar atmosfera mais pura.

O doente assimilou a idéia, encantado, sem perceber que o inimigo intentava precipitá-la ao solo, em queda espetacular.

Recebeu o alvitre capcioso e gostou.

Aguardaria as primeiras horas da madrugada, quando a pequena família descansasse nos domínios do sono. Procuraria o ar rarefeito na copa da árvore antiga. Possivelmente conquistaria forças novas ao contacto das mais altas correntes atmosféricas.

Reconhecendo-lhe a disposição firme na execução do projeto, alguns colaboradores espirituais buscaram o diretor de suas atividades, a fim de traçarem normas para socorro urgente.

O chefe, contudo, ponderou, muito calmo:

– Não podemos violentar o nosso Martinho no que se reporta à preferência individual. Se ele estima a orientação dos que lhe tramam a perda, como evitar que sofra as conseqüências justas?

Deixemo-la confiar-se à dolorosa prova. Talvez esteja dentro dela a chave da solução que ambicionamos.

Efetivamente, ao raiar do dia, o enfermo sofreu desastrosa queda de grande altura, após escalar, facilmente, a velha mangueira escorregadia e muito alta.

Aos gritos de dor, foi socorrido pelos familiares e companheiros inquietos. Em seguida, veio o médico que o amarrou no leito para a restauração de ambas as pernas quebradas.

Foi então que Martinho Sousa, imobilizado no gesso, pôde ouvir a leitura reconfortante de Luís Vilela, partilhar os serviços de oração e receber passes curativos, libertando-se da obsessão terrível e insidiosa.

Transcorridas algumas semanas, quando conseguiu locomover-se, era outro homem. Sua queda da mangueira fora o remédio providencial."

("Pontos e Contos" Irmão X/Francisco Cândido Xavier)

"Vinde a mim..."






"Vinde a mim, todos os que andam em sofrimento e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve."
 (Mateus, XI: 28-30)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"SERVE SORRINDO"


"Derrama o coração pelo caminho
Tange a lira do bem que te procura
A mensagem da paz, canta baixinho
Onde brilhe a bondade doce e pura.

Oferta um ramo de flor a cada espinho
Por mais te doa a mágoa que tortura.
Para quem chora, a benção de carinho
É como estrela para a noite escura.

Bendize a própria dor em que te exprimes!
Serve sorrindo, embora de alma presa
Ao turbilhão das lágrimas sublimes.

Verás que em tudo se descerra
O amor de Deus na glória da beleza,
Que em cascatas de luz envolve a Terra!"
("Auta de Souza", Auta de Souza/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

"NA REVOLUÇÃO ESPIRITUAL"


"Afirmação de fé. Exemplo de confiança.

As sombras se agitam, desorientadas, quando a luz se faz mais intensa. Indiscutivelmente, os problemas não desaparecem de vez. No entanto, é forçoso que o servidor se mantenha firme no posto de ação e vigilância, com a alegria de quem cumpre o dever.

Rogamos observação e prece, firmeza de ânimo e disposição a servir.

Estamos na condição do cultivador que se encontra em árduo serviço no solo, achanando a gleba e manejando o arado para lançar, por fim, a semente renovadora e produtiva. Realizado o trabalho da plantação, surge o período abençoado da espera.

E de tanta paz carecemos na complementação do serviço que, para sermos mais precisos, somos impelidos a lembrar a tarefa do cirurgião cujo esforço, em seguida ao trabalho operatório, é compelido a aguardar as respostas orgânicas do paciente.

Estejamos no desempenho de nossas atividades normais, dentro daquele preceito do “orai e vigiai”, porquanto, aqueles irmãos nossos do passado, a quem suplicamos renovação para eles e para nós, muito dificilmente se dispõem a essa mesma renovação.

Tenhamos paciência e calma, bom ânimo e fé, e assim, como usamos medicamentos, em doses certas e nas ocasiões certas, a fim de que o desequilíbrio do corpo desapareça em favor da saúde, adotemos comportamento análogo mobilizando palavras de paz, amor e bênção, ante as dificuldades da alma, para que se nos refaça a harmonia espiritual."
("Mais Luz", Batuíra/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"FAÇAMOS NOSSA LUZ"


“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens.”
Jesus (MATEUS, 5: 16)

"Ante a glória dos mundos evolvidos, das esferas sublimes que povoam o
Universo, o estreito campo em que nos agitamos, na Crosta Planetária, é limitado
círculo de ação. Se o problema, no entanto, fosse apenas o de espaço, nada teríamos
a lamentar.
A casa pequena e humilde, iluminada de Sol e alegria, é paraíso de
felicidade. A angústia de nosso plano procede da sombra.
A escuridão invade os caminhos em todas as direções. Trevas que nascem
da ignorância, da maldade, da insensatez, envolvendo povos, instituições e pessoas.
Nevoeiros que assaltam consciências, raciocínios e sentimentos.
Em meio da grande noite, é necessário acendamos nossa luz. Sem isso é
impossível encontrar o caminho da libertação. Sem a irradiação brilhante de nosso
próprio ser, não poderemos ser vistos com facilidade pelos Mensageiros Divinos,
que ajudam em nome do Altíssimo, e nem auxiliaremos efetivamente a quem quer
que seja.
É indispensável organizar o santuário interior e iluminá-lo,
a fim de que as
trevas não nos dominem.
É possível marchar, valendo-nos
de luzes alheias. Todavia, sem claridade
que nos seja própria, padeceremos constante ameaça de queda. Os proprietários das
lâmpadas acesas podem afastar-se
de nós, convocados pelos montes de elevação que
ainda não merecemos.
Valete,
pois, dos luzeiros do caminho, aplica o pavio da boa-vontade
ao
óleo do serviço e da humildade e acende o teu archote para a jornada. Agradece ao
que te ilumina por uma hora, por alguns dias ou por muitos anos, mas não olvides
tua candeia, se não desejas resvalar nos precipícios da estrada longa!...
O problema fundamental da redenção, meu amigo, não se resume a palavras
faladas ou escritas. É muito fácil pronunciar belos discursos e prestar excelentes
informações, guardando, embora, a cegueira nos próprios olhos.
Nossa necessidade básica é de luz própria, de esclarecimento íntimo, de
auto-educação,
de conversão substancial do “eu” ao Reino de Deus.
Podes falar maravilhosamente acerca da vida, argumentar com brilho sobre
a fé, ensinar os valores da crença, comer o pão da consolação, exaltar a paz, recolher
as flores do bem, aproveitar os frutos da generosidade alheia, conquistar a coroa
efêmera do louvor fácil, amontoar títulos diversos que te exornem a personalidade
em trânsito pelos vales do mundo...
Tudo isso, em verdade, pode fazer o espírito que se demora,
indefinidamente, em certos ângulos da estrada.
Todavia, avançar sem luz é impossível."
("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 20 de janeiro de 2013

"... o homem tem por missão..."


"...o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população que cresce incessantemente, preciso se faz aumentar a produção. Se a produção de um país é insuficiente, será necessário buscá-la fora. Por isso mesmo, as relações entre os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as comunicações. Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez. Mas, para os levar a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo XVI - "Não se pode servir a Deus e a Mamon")

sábado, 19 de janeiro de 2013

"SE SOUBÉSSEMOOS"


“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...” — JESUS. (Lucas, 23:34)

        "Se o homicida soubesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.
        Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de não se confiar à acusação descabida.
        Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.
        Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.
        Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.
        Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.
        Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto.
        Perdoa, pois, a quem te fere e calunia...
        Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do mal, não sabem o que fazem."
(“Fonte Viva”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

"Torna-se conveniente..."


“Torna-se conveniente que nas próximas exposições doutrinárias, sejam explicadas pelos palestrantes as dificuldades que, periodicamente, surgem no caminho de todas as criaturas que buscam a evolução intelecto-moral, de forma que se tome conhecimento deste período de lutas e, por extensão, sejam aplicados os recursos da oração e das boas ações como medidas acautelatórias e impeditivas da vigência do mal.

O amor sempre vence, apagando as labaredas do ódio naqueles que a vitalizem com a sua ignorância e teimosia.

Que o Senhor de bênçãos nos abençoe e nos guarde nos Seus desígnios de paz!”





(Bezerra de Menezes, na obra "Amanhecer de uma nova era"Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

"Dois homens acabavam de morrer..."


"...Dois homens acabavam de morrer. 
Dissera Deus: 
- Enquanto esses dois homens viverem, deitar-se-ão
em sacos diferentes as boas ações de cada um deles,
para que por ocasião de sua morte sejam pesadas. 
Quando ambos chegaram aos
últimos momentos, mandou Deus que lhe trouxessem os dois sacos. Um estava
cheio, volumoso, atochado, e nele ressoava o metal que o enchia; o outro era
pequenino e tão vazio que se podiam contar as moedas que continha.
-  Este o meu - disse um - reconheço-o; fui rico e dei muito. 
- Este o meu - disse o outro - sempre fui pobre, oh! Quase nada tinha para repartir. 
Mas, oh! Surpresa! Postos na balança os
dois sacos, o mais volumoso se revelou leve, mostrando-se
pesado o outro, tanto que fez se elevasse muito o primeiro no prato da balança. 
Deus, então, disse ao rico:
 - Deste muito, é certo, mas deste por ostentação e para que o teu nome figurasse em
todos os templos do orgulho e, ao demais, dando, de nada te privaste. Vai para a
esquerda e fica satisfeito com o te serem as tuas esmolas contadas por qualquer
coisa. 
Depois, disse ao pobre:
-  Tu deste pouco, meu amigo; mas, cada uma das
moedas que estão nesta balança representa uma privação que te impuseste; não deste
esmolas, entretanto, praticaste a caridade, e, o que vale muito mais, fizeste a
caridade naturalmente, sem cogitar de que te fosse levada em conta; foste
indulgente; não te constituíste juiz do teu semelhante; ao contrário, todas as suas
ações lhe relevaste: passa à direita e vai receber a tua recompensa
. – Um Espírito protetor. (Lião, 1861)"
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"CARTA AOS CRENTES NOVOS"



"Amigo, chegas agora,
Do mundo de sombra e dor,
Para o banquete sublime
De luz do Consolador.
Já sei que sentes o fogo
Da crença e da devoção,
Desejando desdobrar
O esforço de salvação.
Vibra na paz de tua alma
O desejo superior,
De espalhar em longos jorros
A fonte de teu amor.
Mas, ouve. Acalma a ansiedade,
Porque no mundo infeliz,
Cada qual tem sua chaga
Em vias de cicatriz.
Nesse número de enfermos,
Não te esqueças de contar
Os próprios irmãos do sangue
Que o céu te manda ajudar.
Todo esse fogo da fé
Não desperdices a esmo,
Busca aplicar seu calor
Na perfeição de ti mesmo.
Tão grande é o penoso esforço
Da última redenção,
Que não basta uma só vida
Pela própria conversão.
Acham muitos que a doutrina
Para ensinar ou vencer,
Precisa de certos homens
Do galarins do poder.
Mas, eu suponho o contrário.
Em seu anseio de luz,
O homem é que precisa
Da doutrina de Jesus.
Em se tratando de crenças,
Nunca venhas a olvidar
Que o Sol nunca precisou
Dos homens para brilhar.
Fala pouco. Pensa muito.
Sobretudo, faze o bem.
A palavra sem a ação
Não esclarece a ninguém.
Não guardes muita ansiedade
Se o Evangelho te conduz.
Lembra que dura há milênios
A esperança de Jesus."
("Cartas do Evangelho", Casimiro Cunha/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

"O SOBRINHO DO CHICO"


"Um dos sobrinhos do Chico [Xavier] viveu com ele cerca de uma dezena de anos.
          Era uma criança cega, surda, muda e não possuía células gustativas na boca e nas papilas da língua, razão pela qual era alimentada com a introdução de papas diretamente na garganta.
          Nascera quando o médium contava vinte e seis anos. Pelas contingências da vida, Chico, a partir de algum tempo, passou a tê-lo qual seu próprio filho.
          A cunhada, mãe do menino, não podia mais cuidar dele porque sua saúde mental estava comprometida, e suas irmãs, com numerosos filhos, uma com oito, as outras com a prole de dez e doze rebentos, não tinham tempo sequer para olhá-lo.
          No entanto, a criança foi muito amada.
          Chico dedicou-se a ela, substituindo, dentro de suas possibilidades, a mãe ausente, mantendo-a distante de olhares indiscretos, sempre coberta com um véu muito fino para protegê-la dos insetos.
          Quando lá estivemos pela primeira vez, em 1948, na casa velha, em que se instalara o centro espírita, ao lado da sala, onde eram feitos atendimentos, sessões e transmissão de passes, ficava o quarto onde o Chico dormia com a criança.
          Soubemos, posteriormente, que, no período em que ela permaneceu sob seus cuidados, o médium não aceitou convite algum para sair e passear aos sábados e domingos.
          Essa constante intimidade fê-lo adquirir grande afeição pelo entezinho sofredor.
          A comunicação entre ambos era feita por uma espécie de gemido que a criança dava respondendo-lhe as perguntas. Dessa forma eles dialogavam externando seus sentimentos.
          Chico, ao referir-se a esses fatos, anos mais tarde, contou-nos que nunca levava os frequentadores do centro para vê-la porque poderiam dizer:
          — Que médium é esse que não resolve problema algum?
          — Algumas vezes, após longas horas de ausência — prosseguiu — pois só me afastava do menino para os compromissos sérios e de trabalho, eu o higienizava e quedava-me ao seu lado, para dar o amor que lhe faltava.
          Mas eis que, inopinadamente, surgia uma mãe em pranto, pedindo-me auxílio e consolo porque seu filho havia perdido o ano na escola! E eu tinha de deixar o menino para ir atendê-la...
          Depois de significativa pausa, Chico continuou:
          — Assim viveu meu sobrinho até 1949. Quando desencarnou, aos doze anos, parentes se sentiram aliviados, mas eu sofri muito com a ausência física dele...
          O médium calou-se por uns momentos, e deu sequência ao relato:
          — Depois de um tempo, que me pareceu muito longo, eis que ele me aparece em espírito: era então um moço muito bonito, aparentando vinte e dois anos.
          Da comunicação que se estabeleceu entre nós, em meio às alegrias do seu retorno, após os saudosos anos de ausência, o belo rapaz informou-me que teria de permanecer mais cinquenta anos no Além, com reencarnação programada para o início do Terceiro Milênio.
          Quem fora ele, em vida passada, para sofrer tão severa punição? - pensávamos, intimamente, ao ouvirmos tão comovente história.
          O próprio médium informou-nos, em seguida, que ele era a reencarnação de Antoine Quentin Fouquier Tinville, revolucionário e juiz na França durante o conturbado final do século XVIII.
          Chico, dirigindo-se a nós, em tom mais baixo, acrescentou ainda:
          — Em pleno Tribunal Revolucionário, no período de Terror, quando não havia vítimas para serem levadas à guilhotina, ele enviava algum desconhecido, ou um de seus inimigos, para que a “máquina” não parasse...
          Soubemos, posteriormente, que o nome do infeliz menino — mas que foi profundamente amado pelo generoso médium — era Emmanuel Luiz."
(‘’Inesquecível Chico’’, de Romeu Grisi, Gerson Sestini)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

"EM NOSSA MARCHA"


“Perguntou-lhe Jesus: — Que queres que eu faça?”
(Marcos,10:51)

"Cada aprendiz em sua lição.
Cada trabalhador na tarefa que lhe foi cometida.
Cada vaso em sua utilidade.
Cada lutador com a prova necessária.
Assim, cada um de nós tem o testemunho individual no caminho da vida.
Por vezes, falhamos aos compromissos assumidos e nos endividamos
infinitamente, No serviço reparador, todavia, clamamos pela misericórdia do
Senhor, rogando-lhe compaixão e socorro.
A pergunta endereçada pelo Mestre ao cego de Jericó é, porém, bastante
expressiva. “Que queres que eu faça?”
A indagação deixa perceber que a posição melindrosa do interessado se
ajustava aos imperativos da Lei.
Nada ocorre à revelia dos Divinos Desígnios.
Bartimeu, o cego, soube responder, solicitando visão. Entretanto, quanta
gente roga acesso à presença do Salvador e, quando por ele interpelada, responde em
prejuízo próprio?
Lembremo-nos de que, por vezes, perdemos a casa terrestre a fim de
aprendermos o caminho da casa celeste; em muitas ocasiões, somos abandonados
pelos mais agradáveis laços humanos, de maneira a retornarmos aos vínculos
divinos; há épocas em que as feridas do corpo são chamadas a curar as chagas da
alma, e situações em que a paralisia ensina a preciosidade do movimento.
É natural peçamos o auxílio do Mestre em nossas dificuldades e dissabores;
entrementes, não nos esqueçamos de trabalhar pelo bem, nas mais aflitivas
passagens da retificação e da ascensão, convictos de que nos encontramos
invariavelmente na mais justa e proveitosa oportunidade de trabalho que
merecemos, e que talvez não saibamos, de pronto, escolher outra melhor."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 13 de janeiro de 2013

"Neste mundo..."


"Neste mundo, estamos em uma frente de combate incruento, trabalhando pelo triunfo eterno da paz do Senhor. Não esperemos, portanto, repousar no lugar do trabalho e dos testemunhos vivos. Da cidade indestrutível da nossa fé, Jesus nos contempla e balsamiza o coração. Caminhemos ao seu encontro, através dos suplícios e das
perplexidades dolorosas. Ele ascendeu ao Pai, do cimo do Calvário; nós lhe seguiremos as pegadas, aceitando com humildade os sofrimentos que, por seu
amor, nos forem reservados..."
("Paulo e Estevão", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 12 de janeiro de 2013

"Mais dia, menos dia..."


"Mais  dia,  menos  dia,  o  sofrimento  chegará  ao  teu  coração,  pois  que  ele  faz  parte  dos  fenômenos  da  vida  em  progresso.

       Sem  a  sua  presença  a  soberba,  o  despotismo,  a  agressividade   se  fazem  insuportáveis.

       Porque  o  homem  ainda  não  entende a  voz  suave  do  amor,  defronta  a  aflição  que  lhe  lima as  arestas  e  o  persuade  à  reflexão,  ao  bem.

       Às  vezes,  o  indivíduo  reage, blasfema,  esperneia  e  termina  por  ceder,  única  maneira  de  liberar-se.

       Desta  forma,  não  te  rebeles  ante  a  dor,  piorando  a  tua  situação  e  desgastando-te  inutilmente.

       A  aceitação  dinâmica, isto  é,  a  transformação  do  sofrimento  em  experiência,  realiza  o  milagre  do  êxito."

("Vida Feliz", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"VARONILMENTE"


"Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente, sede fortes." - Paulo. 
(I Coríntios, 16:13.)

"Vigiai na luta comum.
Permanecei firmes na fé, ante a tempestade.
Portai-vos varonilmente em todos os lances difíceis.
Sede fortes na dor, para guardar-lhe a lição de luz.
Reveste-se o conselho de Paulo aos coríntios, ainda hoje,
de surpreendente oportunidade.
Para conquistarmos os valores substanciais da redenção,
é imprescindível conservar a fortaleza de ânimo de quem
confia no Senhor e em si mesmo.
Não vale a chuva de lágrimas despropositadas, ante a falta cometida.
Arrependermo-nos de qualquer gesto maligno é dever, mas pranteá-
lo indefinidamente é roubar tempo ao serviço de retificação.
Certo, o mal deliberado é um crime, todavia, o erro impensado é ensinamento valioso, sempre que o homem se inclina aos desígnios do Senhor.
Sem resistência moral, no turbilhão de conflitos purificadores,
o coração mais nobre se despedaça.
Não nos cabe, portanto, repousar no serviço de elevação.
É natural que venhamos a tropeçar muitas vezes.
É compreensível que nos firamos freqüentemente nos espinhos da senda.
Lastimável, contudo, será a nossa situação toda vez que exigirmos rede
macia de consolações indébitas, interrompendo a marcha para o Alto.
O cristão não é aprendiz de repouso falso. Discípulo de um Mestre
que serviu sem acepção de pessoas até à cruz, compete-lhe trabalhar
na sementeira e na seara do Infinito Bem, vigiando, ajudando
e agindo varonilmente."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

"Incessantemente..."

"Incessantemente, busca a tua identidade real, isto é descobre-te para o bem de ti mesmo.

Constatarás que não és melhor nem pior do que os outros, mas, sim, o que te faças, isto contará.

Com essa conscientização, perceberás que não tens direto e privilégios nem sofres abandono da Divindade.

Tudo quanto te ocorra, transforma em lição proveitosa para o teu crescimento espiritual, pois que para tal está na Terra.

Amealha todas as conquistas e converte-as em lições de sabedoria, com que te enriquecerá de bênçãos."


("Vida Feliz", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)