"A provação é um desafio que poucos suportam, lição que raros aprendem.
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Depois de regulares períodos de paz e ordem, a alma é visitada pela provação que, em
nome da Sabedoria Divina, lhe afere os valores e conquistas.
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Raros, porém, são aqueles que a recebem dignamente.
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O impulsivo, quase sempre, converte-a em falta grave.
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O impaciente faz dela a escura paisagem do desespero, onde perde as melhores oportunidades
de servir.
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O triste desvaloriza-lhe as sugestões e dorme sobre as probabilidades de autosuperação,
em longas e pesadas horas de choro e desalento.
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O ingrato transforma-a em calhau com que apedreja o nome e o serviço de companheiros
e vizinhos.
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O indiferente foge-lhe aos avisos como quem escapa impensadamente da orientadora
que lhe renovaria os destinos.
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O leviano esquece-lhe os ensinamentos e perde o ensejo de elevar-se, por sua influência,
a planos mais altos.
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O espírito prudente, entretanto, recebe a provação qual o oleiro que encontra no fogo o
único recurso para imprimir solidez e beleza ao vaso que o gênio idealiza.
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Se a tempestade purifica a atmosfera e se o fel, por vezes, é o exclusivo medicamento
da cura, a provação é a porta de acesso ao engrandecimento espiritual.
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Só aqueles que a recebem por esmeril renovador conseguem extrair-lhe as preciosidades.
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É por isso que nem todos os aflitos podem ser bem-aventurados, de vez que, somente
aproveitando a dor para a materialização consistente de nossos ideais e de nossos sonhos, é
que se nos fará possível encontrar a alegria triunfante do aprimoramento em nós mesmos, a
que somos todos chamados pela vida comum, nas lutas de cada dia."
("Reconforto", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)
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