Cap. XIII – Item 17
"Sem compaixão não há caridade.
As lágrimas vertidas ao calor vívido da piedade corroem as
densas cadeias da provação.
Desterremos de nós a insensibilidade crua diante das telas de
angústia que se desenrolam em nossa estrada.
A piedade é a simpatia espontânea e desinteressada que se antepõe
à antipatia gratuita moral e material, junto daqueles que no-la
despertam, sem o que se torna infrutífera.
Quando o sofrimento alheio não nos sensibiliza, a Orientação
Divina estatui venhamos a experimentá-lo igualmente para avaliar
a dor do próximo e nos predispormos a ampará-lo.
Só a piedade consoladora traz alegria ao espírito, criando elevação
e valor. Fujamos à compaixão aparente que se manifesta em
lágrimas de crocodilo, gestos e exclamações pomposas, nos cenários
artificiais do fingimento.
Mede-se a comiseração pelo devotamento e solicitude fraternais
que promove. Deve-se-lhe o despovoamento gradativo das
zonas de purgação moral da Espiritualidade.
Deixa-te enternecer ante os painéis comovedores das crises de
pranto, vezes e vezes temperadas em sangue e suor; contudo, não te
detenhas aí: busca dirimi-las.
Perlustra as vielas ínvias da necessidade e beneficia as almas
que se agitam em desespero, dentro da jaula do próprio corpo.Tem dó, não apenas dos quadros gritantes de falência íntima,
mas também dos padecimentos mascarados de silêncio e de orgulho,
ingenuidade e inexperiência.
Inunda de amor os corações mantidos sob o vácuo do tédio.
Protege a infância desvalida, pois os pequenos viajores da carne
carecem de guias.
Favorece com a moeda e abençoa com a palavra os pedintes
andrajosos somente acariciados pelos cães que vagueiam nas ruas.
E na certeza de que a piedade sincera jamais expressa covardia
a derruir o bem, nem ridículo a excitar o riso alheio, acatemo-la
como força de renovação das almas e luz interior da Verdadeira
Vida, eternizada por Deus.
Sê compassivo."
Cairbar Schutel
("O Espírito da Verdade", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira)
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