quarta-feira, 30 de novembro de 2016

"SE VOCÊ AJUDAR"

"Se você ajudar, tudo o que hoje parece ruína e fracasso surgirá amanhã renovado em dons de renascimento e vitória.
A permanência na Terra é curso de melhoria.
Entretanto, como atingir o divino objeto, se você cristaliza o potencial da simpatia e da boa vontade, na expectativa inoperante em torno do gesto de seu irmão? Como alcançar a alegria se nos confiamos à tristeza, animar a outrem, se nos rendemos às sugestões do desalento e levantar a fé no coração do próximo, se estimamos a posição horizontal da preguiça interior na incerteza?
Se você ajudar, porém, o mau se fará melhor e o bom se revelará excelente; as mãos enrijecidas na avareza abrir-se-ão ao seu toque de bondade e o coração endurecido descerrar-se-á, de novo, à luz, diante de sua manifestação de assistência espontânea.
A gentileza é a filha dileta da renúncia e guarda consigo o dom de tudo transformar, em favor do infinito bem.
Não se mantenha sob o frio do desânimo ou sob a tempestade do desespero.
Venho para o clima da cooperação e da solidariedade e use a chave milagrosa do sorriso de entendimento, que auxilia para a felicidade alheia.
Ampare a você mesmo, auxiliando aos outros.
Você não deve exigir o socorro do mundo, quando a verdade é que o mundo nos tem dado quanto pode e hoje espera confiante o socorro nosso.
Creia, pois, no poder do serviço e da bondade e convença-se de que tudo se converterá hoje em alegrias e bênçãos para seu caminho se você ajudar."

("Nosso Livro", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

"DECISÃO DE SER FELIZ"

"Empenha-te ao máximo para tornar tua vida agradável a ti mesmo e aos outros.
É importante que, tudo quanto faças, apresente um significado positivo, motivador de novos estímulos para o prosseguimento da tua existência, que se deve caracterizar por experiências enriquecedoras.
Se as pessoas que te cercam não concordarem com a tua opção de ser feliz, não te descoroçoes, e, sem qualquer agressão, continua gerando bem-estar.
És a única pessoa com quem contarás para estar contigo, desde o berço até o túmulo, e depois d'Ele, como resultado dos teus atos...
Gerar simpatia, produzindo estímulos otimistas para ti mesmo, representa um crescimento emocional significativo, a maturidade psicológica em pleno desabrochar.
É relevante que o teu comportamento produza um intercâmbio agradável, caricioso, com as demais pessoas. No entanto, se não te comprazer, transformar-se-á em tormento, induzindo-te a atitudes perturbadoras, desonestas.
Tuas mudanças e atitudes afetam aqueles com os quais convives. É natural, portanto, que te plenificando, brindem-te com mais recursos para a geração de alegrias em volta de ti.
Todos os grandes líderes da Humanidade lutaram até lograr sua meta — alcançar o que haviam elegido como felicidade, como fundamental para a contínua busca.
Buda renunciou a todo conforto principesco para atingir a iluminação.
Maomé sofreu perseguições e permaneceu indômito até lograr sua meta.
Gandhi foi preso inúmeras vezes, sem reagir, fiel aos planos da não-violência e da liberdade para o seu povo.
E Jesus preferiu a cruz infamante à mudança de comportamento fixado no amor.
Todos quantos anelam pela integração com a Consciência Cósmica geram simpatia e animosidade no mundo, estando sempre a braços com os sentimentos desencontrados dos outros, porém fiéis a si mesmos, com quem sempre contam, tanto quanto, naturalmente, com Deus.
Quando se elege uma existência enriquecida de paz e bem-estar, não se está eximindo ao sofrimento, às lutas, às dificuldades que aparecem. Pelo contrário, eles sempre surgem como desafios perturbadores, que a pessoa deve enfrentar, sem perder o rumo nem alterar o prazer que experimenta na preservação do comportamento elegido. Transforma, dessa maneira, os estímulos afligentes em contribuição positiva, não se lamentando, não sofrendo, não desistindo.
Quem, na luta, apenas vê sofrimento, possui conduta patológica, necessitando de tratamento adequado.
A vida é bênção, e deve ser mantida saudável, alegre, promissora, mesmo quando sob a injunção libertadora de provas e expiações.
Tornando tua vida agradável, serão frutíferos e ensolarados todos os teus dias."

("Momentos de Saúde", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"HISTÓRICO DO ESPIRITISMO"

"Por volta de 1848, chamou-se a atenção, nos Estados Unidos da América, para diversos fenômenos estranhos que consistiam em ruídos, batidas e movimento de objetos sem causa conhecida. Esses fenômenos aconteciam com freqüência, espontaneamente, com uma intensidade e persistência singulares; mas notou-se também que ocorriam particularmente sob a influência de certas pessoas, às quais se deu o nome de médiuns, que podiam de certa forma provocá-los à vontade, o que permitiu repetir as experiências. Para isso, usaram-se sobretudo mesas; não que este objeto seja mais favorável que um outro, mas somente porque ele é móvel é mais cômodo, e porque é mais fácil e natural sentar-se em volta de uma mesa que de qualquer outro móvel. Obtevese dessa forma a rotação da mesa, depois movimentos em todos os sentidos, saltos, reversões, flutuações, golpes dados com violência, etc. O fenômeno foi designado, a princípio, com o nome de mesas girantes ou dança das mesas.


Até então, o fenômeno podia explicar-se perfeitamente por uma corrente elétrica ou magnética, ou pela ação de um fluído desconhecido, e esta foi aliás a primeira opinião formada. Mas não se demorou a reconhecer, nesses fenômenos, efeitos inteligentes; assim, o movimento obedecia à vontade; a mesa ia para a direita ou para a esquerda, em direção a uma pessoa designada, ficava sobre um ou dois pés sob comando, batia no chão o número de vezes pedido, batia regularmente, etc. Ficou então evidente que a causa não era puramente física e, a partir do axioma: Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, concluiu-se que a causa desse fenômeno devia ser uma inteligência.



Qual era a natureza dessa inteligência? Essa era a questão. A primeira idéia foi que podia ser um reflexo da inteligência do médium ou dos assistentes, mas a experiência demonstrou logo a impossibilidade disso, porque se obtiveram coisas completamente fora do pensamento e dos conhecimentos das pessoas presentes, e até em contradição com suas idéias, vontade e desejo; ela só podia, então, pertencer a um ser invisível. O meio de certificar-se era bem simples: bastava iniciar uma conversa com essa entidade, o que foi feito por meio de um número convencional de batidas significando sim ou não, ou designando as letras do alfabeto; obtiveram-se, dessa forma, respostas para as diversas questões que se lhe dirigiam. O fenômeno foi designado pelo nome de mesas falantes. Todos os seres que se comunicaram dessa forma, interrogados sobre sua natureza, declararam ser Espíritos e pertencer ao mundo invisível. Como se tratava de efeitos produzidos em um grande número de localidades, pela intervenção de pessoas diferentes, e observados por homens muito sérios e esclarecidos, não era possível que fossem joguete de uma ilusão.


Da América, esse fenômeno passou para a França e o resto da Europa onde, durante alguns anos, as mesas girantes e falantes foram a moda e se tornaram o divertimento dos salões; depois, quando as pessoas se cansaram, deixaram-nas de lado para passar a outra distração. 

O fenômeno não tardou a se apresentar sob um novo aspecto, que o fez sair do domínio da simples curiosidade. Os limites deste resumo, não nos permitindo segui-lo em todas as suas fases; nós passamos, sem transição, ao que ele oferece de mais característico, ao que fixa sobretudo a atenção das pessoas sérias. 

Dizemos, inicialmente, que a realidade do fenômeno encontrou numerosos contraditores; uns, sem levar em conta o desinteresse e a honradez dos experimentadores, não viram mais que hábil jogo de escamoteação. Os que não admitem nada fora da matéria, que só acreditam no mundo visível, que acham que tudo morre com o corpo, os materialistas, em uma palavra; os que se qualificam de espíritos fortes,rejeitaram a existência dos Espíritos invisíveis para o campo das fábulas absurdas; tacharam de loucos os que levavam a coisa a sério, e os cumularam de sarcasmos e zombarias. Outros, não podendo negar os fatos, e sob o império de certas idéias, atribuíram esses fenômenos à influência exclusiva do diabo e procuraram, por esse meio, assustar os tímidos. Mas hoje o medo do diabo perdeu singularmente seu prestígio; falaram tanto dele, pintaram-no de tantos modos, que as pessoas se familiarizaram com essa idéia e muitos acharam que era preciso aproveitar a ocasião para ver o que ele é realmente. Resultou que, à parte um pequeno número de mulheres timoratas, o anúncio da chegada do verdadeiro diabo tinha algo de picante para aqueles que só o tinham visto em quadros ou no teatro; ele foi para muita gente um poderoso estimulante, de modo que os que quiseram levantar, por esse meio, uma barreira às novas idéias, agiram contra seu próprio objetivo e tornaram-se, sem o querer, agentes propagadores tanto mais eficazes quanto mais forte gritavam. Os outros críticos não tiveram sucesso maior porque, aos fatos constatados, com raciocínios categóricos, só puderam opor denegações. Lede o que eles publicaram e em toda parte encontrareis prova de ignorância e de falta de observação séria dos fatos, e em nenhuma parte uma demonstração peremptória de sua impossibilidade. Toda a sua argumentação resume-se assim: "Eu não acredito, então não existe; todos os que acreditam são loucos e somente nós temos o privilégio da razão e do bom senso." O número dos adeptos feitos pela crítica séria ou burlesca é incalculável, porque em todas elas apenas se encontram opiniões pessoais, vazias de provas contrárias. Continuemos nossa exposição


As comunicações por batidas eram lentas e incompletas; reconheceu-se que adaptando um lápis a um objeto móvel: cesta, prancheta ou um outro, sobre os quais se colocavam os dedos, esse objeto se colocava em movimento e traçava caracteres. Mais tarde reconheceu-se que esses objetos eram tão-somente acessórios que podiam ser dispensados; a experiência demonstrou que o Espírito, que agia sobre um corpo inerte dirigindo-o à vontade, podia agir da mesma forma sobre o braço ou a mão, para conduzir o lápis. Tivemos então médiuns escritores, ou seja, pessoas que escreviam de modo involuntário, sob a impulsão dos Espíritos, dos quais poderiam ser instrumentos e intérpretes. A partir daí, as comunicações não tiveram mais limites, e a troca de pensamentos pode-se fazer com tanta rapidez e desenvolvimento quanto entre os vivos. Era um vasto campo aberto à exploração, a descoberta de um mundo novo: o mundo dos invisíveis, como o microscópio havia feito descobrir o mundo dos infinitamente pequenos.


Que são esses Espíritos? Que papel desempenham no universo? Com que objetivo se comunicam com os mortais? Tais as primeiras questões que se teria a resolver. Soube-se logo, por eles mesmos, que não são seres à parte na criação, mas as próprias almas daqueles que viveram na terra ou em outros mundos; que essas almas, depois de terem despojado de seu envoltório corporal, povoam e percorrem o espaço. Não houve mais possibilidade de dúvidas quando se reconheceram, entre eles, parentes e amigos, com os quais se pôde conversar; quando estes vieram dar prova de sua existência, demonstrar que a morte para eles foi somente a do corpo, que sua alma ou Espírito continua a viver, que estão ali junto de nós, vendo-nos e observando-nos como quando eram vivos, cercando de solicitude aqueles que amaram, e cuja lembrança é para eles uma doce satisfação.


Geralmente fazemos dos Espíritos uma idéia completamente falsa; eles não são, como muitos imaginam, seres abstratos, vagos e indefinidos, nem algo como um clarão ou uma centelha; são, ao contrário, seres muito reais, com sua individualidade e uma forma determinada. Podemos ter uma idéia aproximada pela explicação seguinte: Há no homem três coisas essenciais:


1° - a Alma ou Espírito, princípio inteligente em que residem o pensamento, a vontade e o senso moral;

2° - o corpo, envoltório material, pesado e grosseiro, que coloca o Espírito em relação com o mundo exterior;

3° - o perispírito, envoltório fluídico, leve, que serve de laço e intermediário entre o Espírito e o corpo. Quando o envoltório exterior está gasto e não pode mais funcionar, ele tomba e o Espírito despoja-se dele como o fruto de sua casca, a árvore de sua crosta; em resumo, como se abandona uma roupa velha que não serve mais; é a isso que chamamos morte. 

A morte, portanto, não passa da destruição do grosseiro envoltório do Espírito: só morre o corpo, o Espírito não morre. Durante a vida o Espírito está de certa forma comprimido pelos laços da matéria a que está unido e que, muitas vezes, paralisa suas faculdades; a morte do corpo desembaraça-o de seus laços; ele se liberta e recupera sua liberdade, como a borboleta saindo de sua crisálida. Mas ele só abandona o corpo material; conserva o perispírito, que constitui para ele uma espécie de corpo etéreo, vaporoso, imponderável para nós e de forma humana, que parece ser a forma-tipo. Em seu estado normal, o perispírito é invisível, mas o Espírito pode fazer com que sofra certas modificações que o tornam momentaneamente acessíveis à vista e até ao contato, como acontece com o vapor condensado; é assim que eles podem às vezes mostrar-se a nós em aparições. É com a ajuda do perispírito que o Espírito age sobre a matéria inerte e produz os diversos fenômenos de ruído, de movimento, de escrita, etc.


As batidas e movimentos são, para os Espíritos, meios de atestar sua presença e chamar para si a atenção, exatamente como quando uma pessoa bate para avisar que há alguém. Há os que não se limitam a ruídos moderados, mas que chegam a fazer um alarido como de louça quebrando, de portas que se abrem e se fecham, ou de móveis derrubados. 

Através de batidas e movimentos combinados eles puderam exprimir seus pensamentos, mas a escrita lhes oferece o meio completo, mais rápido e mais cômodo; é o que eles preferem. Pela mesma razão que podem formar caracteres, podem guiar a mão para traçar desenhos, escrever música, executar uma peça em um instrumento, em resumo, na falta do próprio corpo, que não têm mais, usam o do médium para manifestar-se aos homens de uma maneira sensível. 

Os Espíritos podem ainda manifestar-se de várias maneiras, entre outras pela vista e pela audição. Certas pessoas, ditas médiuns auditivos, têm a faculdade de ouvi-los e podem, assim, conversar com eles; outras os vêem - são os médiuns videntes. Os Espíritos que se manifestam à visão apresentam-se geralmente sob forma análoga à que tinham quando vivos, porém vaporosa; outras vezes, essa forma tem toda a aparência de um ser vivo, a ponto de iludir completamente, tanto que algumas vezes foram tomados por criaturas de carne e osso, com as quais se pôde conversar e trocar apertos de mãos, sem se suspeitar que se tratava de Espíritos, a não ser em razão de seu desaparecimento súbito. 

A visão permanente e geral dos Espíritos é bem rara, mas as aparições individuais são bastante freqüentes, sobretudo no momento da morte; o Espírito liberto parece ter pressa de rever seus parentes e amigos, como para avisá-los que acaba de deixar a terra e dizer-lhes que continua vivendo. 

Que cada um junte suas lembranças, e veremos quantos fatos autênticos desse tipo, de que não nos apercebíamos, aconteceram não só à noite, durante o sono, mas em pleno dia e no estado mais completo de vigília. Outrora víamos esses fatos como sobrenaturais e maravilhosos, e os atribuíamos à magia e à feitiçaria; hoje, os incrédulos os atribuem à imaginação; mas desde que a ciência espírita nos deu a chave, sabemos como se produzem e que não saem da ordem dos fenômenos naturais. 

Acreditava-se ainda que os Espíritos, só pelo fato de serem Espíritos, devem ter a soberana ciência e a soberana sabedoria: é um erro que a experiência não tardou a demonstrar. Entre as comunicações feitas pelos Espíritos, algumas são sublimes de profundidade, eloqüência, sabedoria, moral, e só respiram bondade e benevolência; mas, ao lado dessas, há aquelas muito vulgares, fúteis, triviais, grosseiras até, pelas quais o Espírito revela os mais perversos instintos. Fica então evidente que elas não podem emanar da mesma fonte e que, se há bons Espíritos, há, também, maus. Os Espíritos, não sendo mais que as almas dos homens, naturalmente não podem tornar-se perfeitos ao abandonar seu corpo; até que tenham progredido, conservam as imperfeições da vida corpórea; é por isso que os vemos em todos os graus de bondade e maldade, de saber e ignorância. 

Os Espíritos geralmente se comunicam com prazer, constituindo para eles uma satisfação ver que não foram esquecidos; descrevem de boa vontade suas impressões ao deixar a terra, sua nova situação, a natureza de suas alegrias e sofrimentos no mundo em que se encontram. Uns são muito felizes, outros infelizes, alguns até sofrem horríveis tormentos, segundo a maneira como viveram e o emprego bom ou mau, útil ou inútil que fizeram da vida. Observando-os em todas as fases de sua nova existência, de acordo com a posição que ocuparam na terra, seu tipo de morte, seu caráter e seus hábitos como homens, chegamos a um conhecimento senão completo, pelo menos bastante preciso do mundo invisível, para termos a explicação do nosso estado futuro e pressentir o destino feliz ou infeliz que lá nos espera.


As instruções dadas pelos Espíritos de categoria elevada sobre todos os assuntos que interessam à humanidade, as respostas que eles deram às questões que lhes foram propostas, foram recolhidas coordenadas com cuidado, constituindo toda uma ciência, toda uma doutrina moral e filosófica, sob o nome de Espiritismo. Espiritismo é, pois, a doutrina fundada sobre existência, as manifestações e o ensinamento dos Espíritos. Esta doutrina acha-se exposta de modo completo em O Livro dos Espíritos, pelaparte filosófica; em O Livro dos Médiuns, pela parte prática e experimental; e em O Evangelho segundo Espiritismo, pela parte moral. Podemos avaliar, pela análise que faremos abaixo dessas obras, a variedade, a extensão e a importância das matérias que ela engloba. 

Como vimos, o Espiritismo teve seu ponto de partida no fenômeno vulgar das mesas girantes; mas como esses fatos falam mais aos olhos que à inteligência, despertam mais curiosidade que sentimento; satisfeita a curiosidade, fica-se tão menos interessado quanto maior é falta de compreensão. A situação mudou quando a teoria veio explicar a causa; sobretudo quando se viu que dessas mesas girantes com as quais as pessoas se divertiram algum tempo, saía toda uma doutrina moral que fala à alma, dissipando as angústias da dúvida, satisfazendo a todas as aspirações deixadas no vácuo por um ensinamento incompleto sobre o futuro da humanidade; as pessoas sérias acolheram a nova doutrina como um benefício e, a partir de então, longe de declinar, ela cresceu com incrível rapidez. No espaço de alguns anos conseguiu adesões em todos os países do mundo, sobretudo entre as pessoas esclarecidas, inúmeros partidários que aumentam todos os dias em uma proporção extraordinária, de tal forma que hoje pode-se dizer que o Espiritismo conquistou direito de cidade. Está assentado sobre bases que desafiam os esforços de seus adversários mais ou menos interessados em combatê-lo e a prova é que os ataques e críticas não retardaram sua marcha um só instante - este é um fato obtido pela experiência, cujo motivo os oponentes nunca puderam explicar; os espíritas dizem simplesmente que, se ele se propaga apesar da crítica, é que o acham bom e que se prefere seu modo de raciocinar ao de seus contraditores. 

O Espiritismo, entretanto, não é uma descoberta moderna; os fatos e princípios sobre os quais ele repousa perdem-se na noite dos tempos, pois encontramos seus vestígios nas crenças de todos os povos, em todas as religiões, na maior parte dos escritores sagrados e profanos; só que os fatos, não completamente observados, foram muitas vezes interpretados segundo as idéias supersticiosas da ignorância, e não foram deduzidas todas as suas conseqüências. 

Com efeito, o Espiritismo está fundado sobre a existência dos Espíritos, mas os Espíritos não sendo mais que as almas dos homens, desde que há homens, há Espíritos; o Espiritismo nem os descobriu, nem os inventou. Se as almas ou Espíritos podem manifestar-se aos vivos, é que isso é natural e, portanto, eles devem tê-lo feito em todos os tempos; assim, em qualquer época e qualquer lugar encontramos a prova dessas manifestações abundantes, sobretudo nos relatos bíblicos. 

O que é moderno é a explicação lógica dos fatos, o conhecimento mais completo da natureza dos Espíritos, de seu papel e seu modo de ação, a revelação de nosso estado futuro, enfim, sua constituição em corpo de ciência e de doutrina e suas diversas aplicações. Os Antigos conheciam o princípio, os Modernos conhecem os detalhes. Na Antigüidade, o estudo desses fenômenos constituía o privilégio de certas castas que só os revelavam aos iniciados em seus mistérios; na Idade Média, os que se ocupavam ostensivamente com isso eram tidos como feiticeiros e, por isso, queimados; mas hoje não há mistérios para ninguém, não se queima mais ninguém; tudo se passa claramente e todo mundo pode esclarecer-se e praticá-lo, pois há médiuns em toda parte. 

A própria doutrina que os espíritos ensinam hoje não tem nada de novo; é encontrada em fragmentos na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e inteira no ensinamento de Cristo. Então o que vem fazer o Espiritismo? Vem confirmar novos testemunhos, demonstrar, por fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas, restabelecer em seu verdadeiro sentido as que foram mal interpretadas.


O Espiritismo não ensina nada de novo, é verdade; mas não é nada provar de modo patente, irrecusável, a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade depois da morte, sua imortalidade, as penas e recompensas futuras?

Quanta gente crê nessas coisas, mas crê com um vago pensamento oculto de incerteza, e diz em seu foro íntimo: "E se não fosse assim!" Quantos não foram levados à incredulidade porque lhes apresentaram o futuro sob um aspecto que sua razão não podia admitir! Então, não é nada para o crente vacilante, poder dizer: "Agora tenho certeza!", para o cego, rever a luz? Pelos fatos e por sua lógica, o Espiritismo vem dissipar a ansiedade da dúvida e trazer de volta à fé àquele que dela se afastou; revelando-nos a existência do mundo invisível que nos rodeia, no meio do qual vivemos sem suspeitar, ele nos dá a conhecer, pelo exemplo dos que viveram, as condições de nossa felicidade ou infelicidade futura; ele nos explica a causa de nossos sofrimentos aqui na terra e o meio de amenizá-los. Sua propagação terá por efeito inevitável a destruição das doutrinas materialistas, que não podem resistir à evidência. O homem, convencido da grandeza e da importância de sua existência futura, que é eterna, compara-a com a incerteza da vida terrestre, que é tão curta, e eleva-se, pelo pensamento, acima das mesquinhas considerações humanas; conhecendo a causa e o propósito de suas misérias, ele as suporta com paciência e resignação, porque sabe que elas são um meio de chegar a um estado melhor. O exemplo daqueles que vêm do além-túmulo descrever suas alegrias e dores, provando a realidade da vida futura, prova ao mesmo tempo que a justiça de Deus não deixa nenhum vício sem punição e nenhuma virtude sem recompensa. Acrescentemos, finalmente, que as comunicações com os seres queridos que perdemos acarretam uma doce consolação, provando não só que eles existem, mas que estamos menos separados deles que se estivessem vivos num país estrangeiro. 

Em resumo, o Espiritismo suaviza a amargura das tristezas da vida; acalma os desesperos e as agitações da alma, dissipa as incertezas ou os terrores do futuro, elimina o pensamento de abreviar a vida pelo suicídio; da mesma forma torna felizes os que aderem a ele, e está aí o grande segredo de sua rápida propagação. 

Do ponto de vista religioso, o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas futuras; mas ele é independente de qualquer culto particular. Seu objetivo é provar aos que negam ou duvidam que a alma existe, que ela sobrevive ao corpo, que ela sofre depois da morte as conseqüências do bem e do mal que fez durante a vida corpórea; ora, isto é de todas as religiões. Como crença nos Espíritos, é igualmente de todas as religiões, assim como é de todos os povos, visto que, onde há homens há almas ou Espíritos; que as manifestações são de todos os tempos, cujos relatos se encontram em todas as religiões, sem exceção. Pode-se, pois, ser católico grego ou romano, protestante, judeu ou muçulmano, e crer nas manifestações dos Espíritos e, por conseguinte ser espírita; a prova está em que o Espiritismo tem aderentes em todas as seitas. Como moral, ele é essencialmente cristão, pois a que ensina não é senão o desenvolvimento e a aplicação da do Cristo, a mais pura de todas, e cuja superioridade não é contestada por ninguém, prova evidente de que ela é a lei de Deus; ora, a moral é para uso de toda gente. 

O Espiritismo, sendo independente de toda forma de culto, não prescreve nenhum, e, por não se ocupar com dogmas particulares, não é uma religião especial, pois ele não tem nem seus padres nem seus templos. Aos que lhe perguntam se fazem bem em seguir tal ou tal prática, ele responde: Se credes que vossa consciência o solicita a fazê-lo, fazei-o: Deus leva sempre em conta a intenção. Em uma palavra, ele não se impõe a ninguém; ele não se dirige aos que tem fé, e aos quais essa fé basta, mas à numerosa categoria dos incertos e dos incrédulos; ele não os tira da Igreja, pois eles já estão dela separados moralmente, em tudo ou em parte; ele os leva a percorrer os três quartos do caminho para a ela voltar; cabe a ela fazer o resto. 

O Espiritismo combate, é verdade, certas crenças, tais como a eternidade das penas, o fogo material do inferno, a personalidade do diabo, etc.; mas não é certo que essas crenças, impostas como absolutas, hão feito incrédulos em todos os tempos e os fazem ainda todos os dias? Se o Espiritismo, dando destes e de outros dogmas uma interpretação racional, reconduzindo à fé aqueles que dela desertam, não presta ele serviço à religião? A esse propósito, um venerável eclesiástico disse: “O Espiritismo faz crer em alguma coisa; ora, é melhor crer em alguma coisa do que em nada crer.” 

Não sendo os Espíritos senão as almas, não se pode negar o Espírito sem negar a alma. Admitindo-se as almas ou Espíritos, a questão reduzida à sua mais simples expressão, é essa: As almas dos que morreram podem se comunicar com os vivos? O Espiritismo prova a afirmativa por fatos materiais; que prova pode-se dar de que isso não é possível? Se é, todas as negações do mundo não impedirão que seja, pois não é nem um sistema, nem uma teoria, mas uma lei da natureza; ora, contra as leis da natureza a vontade do homem é impotente; é preciso, bom grado, mal grado, lhe aceitar as consequências, e a elas conformar suas crenças e seus hábitos."

("O Espiritismo em sua mais simples expressão", Allan Kardec)

domingo, 27 de novembro de 2016

"LIVRE-ARBÍTRIO E PRESCIÊNCIA DIVINA"


 

"Há uma grande lei que domina tudo no Universo: a lei do progresso. É em virtude dessa lei que o homem, criatura essencialmente imperfeita, deve, como tudo quanto existe em nosso globo, percorrer todas as fases que o separam da perfeição. Sem dúvida Deus sabe quanto tempo cada um levará para chegar ao fim. Porém, como todo progresso deve resultar de um esforço tentado para realizá-lo, não haveria nenhum mérito se o homem não tivesse a liberdade de tomar este ou aquele caminho. Com efeito, o verdadeiro mérito não pode resultar senão de um trabalho operado pelo Espírito para vencer uma resistência mais ou menos considerável.
Como cada um ignora o número de existências que consagrou ao seu adiantamento moral, ninguém pode prejulgar nesta grande questão, e é sobretudo aí que brilha, de maneira admirável, a infinita bondade de nosso Pai Celeste que, ao lado do livre-arbítrio que nos conferiu, semeou em nosso caminho marcos indicadores que iluminam os desvios. É, pois, por um resto de predomínio da matéria que muitos homens se obstinam em ficar surdos às advertências que lhes chegam de todos os lados, e preferem gastar em prazeres enganadores e efêmeros uma vida que lhe havia sido concedida para o avanço de seu Espírito.
Não se poderia afirmar sem blasfêmia que Deus tenha querido a infelicidade de suas criaturas, pois os infelizes expiam sempre, tanto uma vida anterior mal empregada quanto sua recusa a seguir o bom caminho, quando este lhe era mostrado claramente.
Assim, depende de cada um abreviar a prova que deve sofrer. Por isso, guias seguros bastante numerosos lhe são concedidos para que seja inteiramente responsável por sua recusa de seguir seus conselhos, e ainda, neste caso, existe um meio certo de abrandar uma punição merecida, dando sinais de sincero arrependimento e recorrendo à prece, que jamais deixa de ser atendida, quando feita com fervor. O livre-arbítrio existe, pois, efetivamente, no homem, mas com um guia: a consciência.
Vós todos que tendes acesso ao grande foco da nova ciência, não negligencieis de vos penetrar das eloquentes verdades que ela vos revela, e dos admiráveis princípios que são a sua consequência. Segui-os fielmente, pois é aí, sobretudo, que brilha o vosso livre-arbítrio.
Pensai, por um lado, nas consequências fatais que para vós arrastaria a recusa de seguir o bom caminho, como nas magníficas recompensas que vos aguardam caso obedeçais às instruções dos bons Espíritos. É aí que brilhará, por sua vez, a presciência divina.
Em vão se esforçam os homens em busca da verdade por todos os meios que julgam ter na Ciência. Esta verdade, que lhes parece escapar, segue sempre ao seu lado, e os cegos não a percebem.
Espíritos sábios de todos os países, aos quais é dado levantar uma ponta do véu, não negligencieis os meios que vos são oferecidos pela Providência! Provocai nossas manifestações; fazei que delas aproveitem todos os vossos irmãos menos bem aquinhoados que vós; inculcai em todos os preceitos que vos chegam do mundo espírita, e tereis bem merecido, porque tereis contribuído em larga parte para a realização dos desígnios da Providência."
 
ESPÍRITO FAMILIAR

("Revista Espírita", Outubro de 1863 - "Dissertações espíritas")

sábado, 26 de novembro de 2016

"AUTOLIBERTAÇÃO"

"... Nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada
podemos levar dele," - Paulo, (I Timoteo, 6:7).

"Se desejas emancipar a alma das grilhetas escuras do "eu", começa o
teu curso de auto-libertação, aprendendo a viver "como possuindo
tudo a nada tendo", "com todos e sem ninguém".
Se chegaste à Terra na condição de um peregrino necessitado de
aconchego e socorro e se sabes; que te retirarás dela sozinho,
resigna-te a viver contigo mesmo, servindo a todos, em favor do teu
crescimento espiritual para a imortalidade.
Lembra-te de que, por força das leis que governam os destinos, cada
criatura está ou estará em solidão, a seu modo, adquirindo a ciência
da auto-superação.
Consagra-te ao bem, não só pelo bem de ti mesmo, mas,
acima de tudo, por amor ao próprio bem.
Realmente grande é aquele que conhece a própria pequenez,
ante a vida infinita.
Não te imponhas, deliberadamente, afugentando a simpatia; 
não dispensarás o concurso alheio na execução de tua tarefa.
Jamais suponhas que a tua dor seja maior que a do vizinho ou que as
situações do teu agrado sejam as que devam agradar aos que te
seguem. Aquilo que te encoraja pode espantar a muitos e o material
de tua alegria pode ser um veneno para teu irmão.
Sobretudo, combate a tendência ao melindre pessoal com a mesma
persistência empregada no serviço de higiene do leito em que
repousas. Muita ofensa registada é peso inútil ao coração. 
Guardar o sarcasmo ou o insulto dos outros não será o mesmo que
cultivar espinhos alheios em nossa casa?
Desanuvia a mente, cada manhã, e segue para diante, na certeza de
que acertaremos as nossas contas com Quem nos emprestou a vida e
não com os homens que a malbaratam.
Deixa que a realidade te auxilie a visão e encontrarás a divina
felicidade do anjo anónimo, que se confunde na glória do bem comum.
Aprende a ser só, para seres mais livre no desempenho do dever que
te une a todos, e, de pensamento voltado para o Amigo Celeste, 
que esposou o caminho estreito da cruz, não nos esqueçamos da
advertência de Paulo, quando nos diz que, com alusão a quaisquer
patrimónios de ordem material, "nada trouxemos para este mundo e
manifesto é que nada podemos levar dele"."

("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

"PRESENTES"

"O presente é sempre um sinal de afeto e distinção 
entre a pessoa que oferece e a que recebe.
Sempre aconselhável escolher o presente de acordo com 
a profissão ou a condição de quem vai recebê-lo.
Se a sua oferta vem a ser alguma prenda de confecção pessoal, como sejam um quadro ou alguma obra de natureza artística, evite perguntar por ela depois de sua doação ou conduzir pessoas para conhecê-la, criando embaraços em suas relações afetivas.
Omita o valor ou a importância de sua dádiva, deixando semelhante avaliação ao critério dos outros.
Depois de presentear alguém com o seu testemunho de amizade, é sempre justo silenciar referências sobre o assunto para não 
constranger essa mesma pessoa a quem supõe obsequiar.
Se você deu um presente e a criatura passou a sua dádiva para além 
do circulo pessoal, felicitando outra criatura, não lance reclamações
e sim considere as bênçãos da alegria multiplicadas 
por sua sementeira de fraternidade e de amor."

("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

"AGRADEÇO, SENHOR!"


"Agradeço, Senhor,
Quando me dizes “não”
Às súplicas indébitas que faço,
Através da oração.

Muitas daquelas dádivas que peço,
Estima, concessão, posse, prazer,
Em meu caso talvez fossem espinhos,
Na senda que me deste a percorrer.

De outras vezes, imploro-te favores,
Entre lamentação, choro, barulho,
Mero capricho, simples algazarra,
Que me escapam do orgulho...

Existem privilégios que desejo,
Reclamando-te o “sim”,
Que, se me florescessem na existência,
Seriam desvantagens contra mim.

Em muitas circunstâncias, rogo afeto,
Sem achar companhia em qualquer parte,
Quando me dás a solidão por guia
Que me inspire a buscar-te.

Ensina-me que estou no lugar certo,
Que a ninguém me ligaste de improviso,
E que desfruto agora o melhor tempo
De melhorar-me em tudo o que preciso.

Não me escutes as exigências loucas,
Faze-me perceber
Que alcançarei além do necessário,
Se cumprir meu dever.

Agradeço, meu Deus,
Quando me dizes “não” com teu amor,
E sempre que te rogue o que não deva,
Não me atendas, Senhor!..."
             
(“Poetas redivivos”, Maria Dolores/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

"EVOCAÇÃO DE UM SURDO-MUDO ENCARNADO"


 

"O Sr. Rul, membro da Sociedade de Paris, transmite-nos o fato seguinte:

“Em 1862, eu conhecia um jovem surdo-mudo de doze a treze anos. Desejoso de fazer uma observação, perguntei aos meus guias protetores se seria possível evocá-lo. Tendo tido resposta afirmativa, fiz o rapaz vir ao meu quarto e instalei-o numa poltrona, com um prato de uvas, que ele se pôs a devorar apressadamente. Por meu lado, pus-me a uma mesa, orei e fiz a evocação, como de hábito. Ao cabo de alguns instantes minha mão tremeu e escrevi: Eis-me aqui.
Olhei para o menino. Ele estava imóvel, os olhos fechados, calmo, adormecido, com o prato sobre os joelhos. Tinha parado de comer. Dirigi-lhe as seguintes perguntas:
P. Onde estás agora?
R. - Em vosso quarto, em vossa poltrona.

P. Queres dizer por que és surdo-mudo de nascença?
R. - É uma expiação de meus crimes passados.

P. Que crimes cometeste?
R. - Fui parricida.

P. - Podes dizer se tua mãe, a quem amas tão ternamente, não teria sido, como teu pai ou tua mãe, na existência de que falas, o objeto do crime que cometeste?
Em vão esperei a resposta. Minha mão ficou imóvel. Levantei de novo os olhos para o menino. Ele acabara de despertar e comia as uvas com apetite. Então, tendo pedido aos guias que me explicassem o que acabava de se passar, foi-me respondido:
Ele deu os ensinamentos que desejavas e Deus não permitiu que te desse outros.
Não sei como os partidários da comunicação exclusiva dos demônios nos explicariam esse fato. Para mim, tirei a conclusão de que, se Deus por vezes nos permite evocar um Espírito encarnado, permite-nos igualmente em relação aos desencarnados, quando o fazemos com espírito de caridade."

OBSERVAÇÃO: Por nosso lado, faremos outra observação a respeito. A prova de identidade aqui resulta do sono provocado pela evocação, e da cessação da escrita no momento do despertar. Quanto ao silêncio guardado sobre a última pergunta, prova a utilidade do véu lançado sobre o passado. Com efeito, suponhamos que a mãe atual desse menino tenha sido sua vítima em outra existência, e que este tenha querido reparar seus erros pela afeição que lhe testemunha. A mãe não seria dolorosamente afetada se soubesse que seu filho foi seu assassino? Sua afeição por ele não ficaria alterada? Foi-lhe permitido revelar a causa de sua enfermidade, como assunto de instrução, a fim de nos dar uma prova a mais que as aflições daqui têm uma causa anterior, quando não está na vida presente, e que assim tudo está estabelecido segundo a justiça. Mas o resto era inútil e teria podido chegar aos ouvidos da mãe, por isso os Espíritos o despertaram, talvez no momento em que sem dúvida ele ia responder. Mais tarde explicaremos a diferença que existe entre a posição desse menino e a de Valentine, do relato precedente.
Além disso, o fato prova um ponto capital: Não é somente depois da morte que o Espírito recobra a lembrança de seu passado. Pode-se dizer que não a perde nunca, mesmo na encarnação, porque, durante o sono do corpo, quando goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores. Ele sabe por que sofre, e que sofre justamente; a lembrança só se apaga durante a vida exterior de relação. Mas, em falta de uma lembrança precisa que lhe poderia ser penosa e prejudicar suas relações sociais, ele adquire novas forças nos instantes de emancipação da alma, se souber aproveitá-los.
Deve concluir-se do fato que todos os surdos-mudos tenham sido parricidas? Seria uma consequência absurda, porque a justiça de Deus não está circunscrita em limites absolutos, como a justiça humana.
Outros exemplos provam que essa enfermidade por vezes resulta do mau uso que o indivíduo tenha feito da faculdade da palavra. Mas o quê? perguntarão. A mesma expiação para duas faltas tão diferentes na sua gravidade, isso é justo? Mas os que assim raciocinam então ignoram que a mesma falta oferece infinitos graus de culpabilidade, e que Deus mede a responsabilidade pelas circunstâncias? Além do mais, quem sabe se esse menino, supondo seu crime sem escusas, não sofreu duro castigo no mundo dos Espíritos, e se seu arrependimento e seu desejo de reparar não reduziram a expiação terrena a uma simples enfermidade?
Admitindo, a título de hipótese, pois o ignoramos, que sua mãe atual tenha sido sua vítima, se ele não mantivesse para com ela a resolução tomada de reparar sua falta pela ternura, é certo que um castigo mais terrível o esperaria, quer no mundo dos Espíritos, quer em nova existência.
A justiça de Deus jamais falha e, por ser às vezes tardia, nada perde por esperar. Mas Deus, em sua bondade infinita, jamais condena de maneira irremissível, e sempre deixa aberta a porta do arrependimento. Se o culpado demora a aproveitá-lo, sofrerá por mais tempo. Assim, dele sempre depende abreviar os seus sofrimentos. A duração do castigo é proporcional à duração do endurecimento. É assim que a justiça de Deus se concilia com sua bondade e seu amor às criaturas."

("Revista Espírita", Janeiro de 1865)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

"CONSCIÊNCIA E DISCERNIMENTO"

"Na antiguidade clássica os gregos elucidavam que o homem é um animal racional e que para alcançar o pleno desenvolvimento deve utilizar-se da razão.
A conquista da razão, no entanto, dá-se mediante o esforço desenvolvido pelo uso da mente, por um método ordenador.
A mente pode tornar-se o céu ou o inferno de cada criatura, conforme o direcionamento que dê ao seu pensamento.
O cultivo das ideias que se derivam das paixões, induz a distúrbios que alienam e brutalizam, dificultando o predomínio do discernimento.
O discernimento resulta do exercício da arte de pensar, que deve crescer de forma adequada, favorecendo o homem com a percepção do ser e do não-ser , do correto e do errado, do justo e do abominável.
Duas proposições surgem como metodologia correta para o desenvolvimento da razão, para o uso do discernimento:pensar sempre e o que se deve pensar.
No primeiro caso, educação através do pensar constante, já que a sua função desenvolve os próprios centros pelos quais se manifesta, dilatando a capacidade para fazê-lo sempre.
Indispensável lutar contra a preguiça mental, geradora da desatenção, da sonolência, da dificuldade de concentrar-se.
Eleger o tipo de pensamento a cultivar , constitui passo de alta importância para que o discernimento manifeste a consciência, na eleição dos códigos de comportamento que se incorporarão à existência...
Diz-se que ninguém vive sem pensar, e a afirmação é equivocada. Todos os que transitam nas faixas primárias da evolução pensam pouco ou quase nada.
Vítimas dos impulsos da sua natureza animal, deixam-se arrastar pelas tendências e instintos até o momento compulsório em que lhes luz a razão, propelindo-os ao exame dos acontecimentos e da conduta.
Outros , que já alcançaram essa fase, por falta de hábito de pensar , deixam-se anestesiar e acomodam-se aos fatos e fenômenos existenciais, sem os estímulos inteligentes para galgarem patamares mais elevados.
O discernimento propicia ao ser pensante o amadurecimento psicológico e, por extensão , de natureza afetiva. Descobre, então , a própria importância no grupo social, no qual se movimenta , empenhando-se para dar conta dos deveres que lhe cumpre desenvolver.
Alarga-se-lhe o horizonte da compreensão humana e o amor abrangente por tudo e todos assoma-lhe e predomina nos seus sentimentos, responsável pela conduta saudável, promotora da felicidade.
Essa consciência que discerne, faculta a intuição da transcendência da vida, ampliando as possibilidades de desenvolvimento intelecto-moral , que se direcionam ao infinito da perfeição relativa.
Desse modo, a conquista do discernimento e da consciência brinda a criatura humana com a plenitude, que espera e tem sido decantada pelos mártires e apóstolos , pelos santos e sábios de todos os tempos , de todas as culturas , de todas as épocas.
Passando pela fieira das reencarnações , o espírito desenvolve os conteúdos superiores que nele jazem em germe e , ao contato com as experiências da razão faculta as condições para que se desenvolvam, dignificando o seu possuidor e promovendo-o à realização plenificadora, meta dos renascimentos, objetivo para o qual todos fomos criados."

("Momentos de Consciência", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

"NO BEM DE TODOS"


“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes, porque ele disse: “não te deixarei, nem te desampararei.” – Paulo.(HEBREUS, 13:5)

"Encarna-se e reencarna-se o Espírito na Terra, a fim de aperfeiçoar-se no rumo das Estâncias Superiores do Universo.
Não te encarceres, assim, nos tormentos do supérfluo que a avareza retém, como sendo recurso indispensável à vida, na cegueira com que inventa fantasiosas necessidades.
O dono do pomar não correrá dos frutos senão a quota compatível com os recursos do estômago.
O atacadista de algodão vestirá uma camisa de cada vez.
Entretanto, o cultivador e o negociante serão abençoados nos Céus se libertam os valores que administram, em louvor do trabalho que dignifica, da educação que eleva, da beneficência que restaura ou da fraternidade que sublima.
Atendamos aos deveres que as circunstâncias nos atribuem, acalentando ideais de melhoria, mas aprendamos a contentar-nos com o que temos, sem ambicionar o que não possuímos, em matéria de aquisições passageiras, a fim de conquistarmos, sem atritos desnecessários, os talentos que nos faltam.
Ainda não se viu homem no mundo, cercado de tesouros infrutíferos, que se livrasse, tão-somente por isso, das leis que regem o sofrimento e a enfermidade, a velhice e a morte.
Respeitemos os princípios divinos do bem para todos.
Confiemos, trabalhando. Caminhemos, servindo.
“Não te deixarei, nem te desampararei” – disse-nos o Senhor.
Sim, o Senhor jamais nos deixará, nem nos desamparará, mas, se não queremos experiências dolorosas, espera naturalmente que não nos releguemos à ilusão, nem lhe desprezemos a companhia."

("Palavras de Vida Eterna", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 20 de novembro de 2016

"AMOR"

"O amor é de essência divina, porque procede de Deus e vitaliza o universo, sustentando a vida em todos os seus aspectos.
      Em tudo se encontra pulsante, como manifestação do Divino Psiquismo.
      Em todos os reinos é de fundamental significação, especialmente no ser humano, sem  o  qual  a  existência  se  torna  destituída  de  sentido  psicológico  e  deperece, desarticulando os objetivos essenciais da Vida.
      Amar  é  desafio que todos devem enfrentar  com   alegria,  pois que,  somente ele equaciona as dificuldades existenciais, ampliando  os  objetivos  da inteligência  e dos  sentimentos.
      Quem ama, conduz Deus no imo, irradiando-O em forma de bênçãos que a tudo  transforma  e  dignifica."

( “Amor”, Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco)

sábado, 19 de novembro de 2016

"ALLAN KARDEC - Uma vida pela caridade"


"A abnegação, o devotamento desinteressado, a indulgência para com o próximo, a abstenção absoluta de toda palavra ou de todo ato que possam ferir o próximo, em uma palavra, a caridade em sua mais pura acepção, devem ser a regra invariável de conduta do espírita." – Allan Kardec (Viagem Espírita em 1862, Discurso III)

 
"É muito comum possuirmos ideias preconcebidas a respeito de certas pessoas, das quais muito se fala, mas que são efetivamente pouco conhecidas, sobretudo na intimidade. É o que ocorre com Allan Kardec. Sempre citado pelos espíritas em seus centros, devido à importância de seu papel na elaboração da Doutrina Espírita, ele permanece, no entanto, um "ilustre desconhecido". Essa é a razão por que vemos alguns adeptos dizerem que Kardec foi um intelectual, que ficou alguns anos trancado em seu escritório, escrevendo as obras fundamentais do Espiritismo, cumpriu sua missão e desencarnou ao final dela. Alguns chegam mesmo a afirmar que ele não teve a oportunidade de praticar a caridade, posto que as tarefas que possuía não lhe deixavam tempo para isso, mas que seus continuadores, sim, puderam fazer todo o bem que ele não pôde. Ele é visto, por muitos espíritas, como um homem admirável por seus progressos intelectuais, mas quase nunca como exemplo de conduta.
Nosso objetivo, nesse pequeno artigo, é analisar a validade dessas ideias preconcebidas, não porque acreditemos que Kardec se sentiria honrado com o esforço que fizéssemos para que sua imagem fosse vista sem distorções, mas porque temos a convicção de tratar-se de um dever divulgarmos os bons exemplos, dada a importância de sua propagação para a transformação moral dos indivíduos. Deixaremos o leitor com alguns extratos do pensamento de Allan Kardec e relatos da visão que seus amigos tinham dele, de maneira que o próprio leitor possa analisar se o educador francês pode ser contado na categoria dos homens de bem...
Mesmo antes de iniciar suas observações a respeito dos fenômenos espíritas e dedicar-se à elaboração do Espiritismo, que tem como lema "Fora da Caridade não há Salvação", Rivail (seu nome de batismo) já consagrava sua vida e seus lazeres à prática da caridade. Vejamos o que diz seu contemporâneo, o Sr. E. Muller:
"Ele tinha horror à preguiça e à ociosidade: e este grande trabalhador morreu de pé, após um labor imenso, que acabou ultrapassando as forças de seus órgãos, mas não as do Espírito e do coração.
Educado na Suíça, naquela escola patriótica em que se respira um ar livre e vivificante, ocupava seus lazeres, desde a idade de quatorze anos, a dar aulas aos seus camaradas que sabiam menos que ele. (...) Não contente de utilizar suas faculdades notáveis numa profissão que lhe assegurava um tranquilo bem-estar, quis que aproveitassem os seus conhecimentos aqueles que não podiam pagar e foi um dos primeiros a organizar, nesta fase de sua vida, cursos gratuitos, mantidos na rua de Sèvres, nº 35, nos quais ensinava Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia etc..." (Discursos Pronunciados por Ocasião da Inauguração do Monumento a Allan Kardec no Cemitério Père-Lachaise, 1870)
Foi, no entanto, ao dedicar-se ao árduo trabalho de elaboração do Espiritismo que Kardec mais teve de abnegar-se e devotar-se à causa que empreendia e a todos aqueles que dela se beneficiavam. Chegou, progressivamente, a abdicar de todas suas outras ocupações em prol da Doutrina Espírita, pois percebia, pelos efeitos por ela gerados, que efetivamente tratava-se do Consolador prometido pelo Cristo à humanidade. Dessa maneira, dedicou a ela todas as suas forças, inclusive a própria saúde, conforme ele mesmo afirmou:
"Compreendi, então, a imensidade de minha tarefa e a importância do trabalho que me restava a fazer para completá-la. Longe de me apavorar, as dificuldades e os obstáculos redobraram a minha energia; vi o objetivo, e resolvi atingi-lo com a assistência dos bons Espíritos. Eu sentia que não tinha tempo a perder e não o perdi nem em visitas inúteis, nem em cerimônias ociosas. Foi a obra de minha vida; a ela dei todo o meu tempo; a ela sacrifiquei o meu repouso, a minha saúde, porque o futuro estava escrito diante de mim em caracteres irrefutáveis." (Revista Espírita, dezembro de 1868 – Constituição Transitória do Espiritismo)
É preciso muita coragem e perseverança para devotar-se tão abnegadamente a uma causa. Com efeito, Kardec não apenas trabalhou na divulgação do ensino dos Espíritos, mas foi o primeiro a colocá-los em prática em sua vida pessoal. As palavras de Jesus não eram esquecidas por ele: "Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, O Cristo Consolador, 8)
Seu amigo Alexandre Delanne, que partilhava, com sua família, da intimidade do lar do casal Allan Kardec, foi testemunha de inúmeras ocasiões onde o Mestre não se recusou a praticar a caridade, fosse através do auxílio material ou do socorro moral, da maneira mais modesta e desinteressada possível:
"Ninguém saberia, melhor do que eu, reconhecer as raras qualidades de Allan Kardec e render-lhe justiça. (...) Muitas vezes eu tive a honra de ser recebido em sua intimidade. Como testemunhei algumas de suas boas ações, creio não ser descabido fazer algumas citações aqui.
Um amigo meu de Joinville, o Sr. P..., veio ver-me certo dia. Fomos juntos à vila Ségur, a fim de visitar o Mestre. No decorrer da conversa, o Sr. P... narrou a vida de privações por que passava um compatriota seu, já avançado em idade e a quem tudo faltava, inclusive agasalhos para se cobrir no inverno, e obrigado a proteger os pés desnudos em toscos tamancos. Esse homem de bem, entretanto, longe estava de se lastimar e, sobretudo, de pedir auxílio: era um pobre envergonhado.
É que uma brochura espírita lhe caíra sob os olhos, permitindo-lhe haurir na Doutrina a resignação para as suas provas e a esperança de um futuro melhor.
Vi, então, rolar uma lágrima compassiva dos olhos de Allan Kardec e, confiando ao meu amigo algumas moedas de ouro, disse-lhe: "Tomai-as para que possais prover às necessidades materiais mais prementes do vosso protegido. E, já que ele é espírita e suas condições não lhe permitem instruir-se tanto quanto ele desejaria, voltai amanhã. Sereis portador de todas as obras de que eu puder dispor, a fim de as entregar a ele". Allan Kardec cumpriu a promessa e hoje o velhinho bendiz o nome do benfeitor que, não satisfeito em socorrer sua miséria, ainda lhe dava o pão da vida, a riqueza da inteligência e da moral.
Alguns anos atrás, recomendaram-me uma pessoa reduzida à extrema miséria, expropriada violentamente de sua casa e jogada sem recursos no olho da rua, com a mulher e os filhos. Fiz-me intérprete desses infortunados junto ao mestre. No mesmo instante, sem querer conhecê-Ios, sem mesmo inquirir de suas crenças (eles não eram espíritas), Allan Kardec forneceu-me os meios de os tirar da miséria, o que lhes evitou o suicídio, pois já haviam decidido libertar-se do fardo da vida, tornado pesado demais às suas almas desalentadas, caso tivessem que renunciar à assistência dos homens.
(...) Eu não pararia de falar, se me fosse dado lembrar os milhares de fatos deste gênero, conhecidos tão-somente por aqueles que ele socorreu; porque ele não aliviava apenas a miséria material, mas também levantava, com palavras confortadoras, o moral abatido, e isto sem que sua mão esquerda soubesse o que dava a direita. Eis o coração desse filósofo, tão desconhecido durante sua vida!" (Discursos Pronunciados por Ocasião da Inauguração do Monumento a Allan Kardec no Cemitério Père-Lachaise, 1870)
Esse é o Allan Kardec que a maioria dos espíritas ainda não conhece. Ele teve na caridade, em sua concepção mais pura, sua regra invariável de conduta. Não foi um intelectual de destaque, perdido entre papéis em seu escritório, escrevendo suas obras. Foi um homem que dedicou todas as suas forças pelo próximo e que merece ser relembrado com um dos melhores seres que já viveu em nosso planeta, um verdadeiro modelo para a humanidade.
Por fim, encerramos com essas palavras de Kardec, que nos mostram mais um pouco da grandeza de um homem que não fazia nenhum tipo de acepção quando se tratava de auxiliar o próximo, fosse ele um poderoso nobre, ou um simples operário:
"Para mim, um homem é um homem, isto apenas! Meço seu valor por seus atos, por seus sentimentos, nunca por sua posição social. Pertença ele às mais altas camadas da sociedade, se age mal, se é egoísta e negligente de sua dignidade é, a meus olhos, inferior ao trabalhador que procede corretamente, e eu aperto mais cordialmente a mão de um homem humilde, cujo coração estou a ouvir, do que a de um potentado cujo peito emudeceu. A primeira me aquece, a segunda me enregela.
Personagens da mais alta posição honram-me com sua visita, porém nunca, por causa deles, um proletário ficou na antecâmara. Muitas vezes, em meu salão, o príncipe se assenta ao lado do operário. Se se sentir humilhado, eu direi que ele não é digno de ser espírita. Mas, sinto-me feliz em dizer, eu os vi, muitas vezes, apertarem-se as mãos, fraternalmente e, então, um pensamento me ocorria: "Espiritismo, eis um dos teus milagres; este é o prenúncio de muitos outros prodígios!" (...) Eu coloco em primeira instância as consolações que é preciso dar aos que sofrem; levantar a coragem dos abatidos, arrancar um homem de suas paixões, do desespero, do suicídio, detê-lo talvez no limiar do crime; não vale mais isto do que os lambris dourados? Tenho milhares de cartas que para mim mais valem do que todas as honrarias da Terra e que vejo como meus verdadeiros títulos de nobreza." (Viagem Espírita em 1862, Discurso Pronunciado nas Reuniões Gerais dos Espíritas de Lyon e Bordeaux, III)
      Que o nobre Allan Kardec, esse homem que dedicou a vida pela caridade, receba o nosso mais sincero agradecimento neste dia 03 de outubro, em que comemoramos 212 anos de seu nascimento. Que esse Espírito, que ainda acompanha de perto os homens, a quem tanto amou e a quem tão intensamente se dedicou, possa nos inspirar a força, a coragem e a perseverança para seguirmos seus passos e fazermos também da caridade a obra de nossas vidas."

(Equipe IPEAK, em 03.10.2016)