segunda-feira, 31 de outubro de 2016

"TEMAS INOPORTUNOS"



"Doenças.
Crimes.
Intrigas.
Críticas.
Sarcasmo.
Contendas domésticas.
Desajustes alheios.
Conflitos sexuais.
Divórcios.
Notas deprimentes com referência
aos irmãos considerados estrangeiros.
Racismo.
Preconceitos sociais.
Divergência políticas.
Atritos religiosos.
Auto-elogio.
Carestia da vida.
Males pessoais.
Lamentações.
Comparações pejorativas.
Recordações infelizes.
Reprovação a serviços públicos.
Escândalos.
Infidelidade conjugal.
Pornografia.
Comentários desprimorosos quanto à casa dos outros.
Anedotário inconveniente.
Histórias chulas.
Certamente não existem assuntos indignos da palavra e todos eles podem ser motivo de entendimento e de educação, mas sempre que
os temas inoportunos ou difíceis forem lembrados, em qualquer conversação, o equilíbrio e a prudência devem ser chamados ao verbo em manifestação, para que o respeito aos outros não se mostre ferido."

("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)
]

domingo, 30 de outubro de 2016

"CONSCIÊNCIA SOCIAL"

"Em O Livro dos Espíritos (perg. 573) Allan Kardec perguntou aos Sábios do espaço, sobre em que consiste a missão dos espíritos encarnados.
E os benfeitores da humanidade responderam: "em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais.
As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que instrui.
Tudo em a natureza se encadeia. Ao mesmo tempo em que o espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da providência.
Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.".
Como podemos perceber, todo homem tem sua parcela de responsabilidade na construção de um mundo melhor.
Por essa razão, é importante perguntar a nós mesmos o que estamos fazendo para melhorar as instituições terrenas e fomentar o progresso geral.
Em pleno século XXI Ainda há pessoas que pensam que os problemas sociais são de responsabilidade exclusiva dos governos, e lavam as mãos.
Há empresários que, alegando desonestidade por parte dos governantes, sonegam impostos.
Apesar de nada justificar a sonegação, é preciso perguntar se eles assumem para si mesmos a responsabilidade de investir o montante sonegado em favor da sociedade da qual se beneficiam.
Se destinam o valor deixado de recolher aos cofres públicos para custear o ensino de crianças e jovens carentes, a fim melhorar a condição social da sua localidade.
Ou se deixam de pagar impostos apenas para enriquecer os próprios bolsos, usando a desculpa de que o governo não faz.
Ter consciência social é estar atento às necessidades dos cidadãos que estão sobre os palcos da terra, neste cenário do qual também fazemos parte.
Ter consciência social é descobrir aqueles que já atuam em organizações não governamentais, ou outra iniciativa qualquer, movendo esforços em favor de um mundo melhor, e se somar a eles.
Ter consciência social lúcida é contribuir de forma efetiva, e sem interesse oculto, com todas as ações nobres, não importando se são iniciativas de religiosos ou de ateus.
Ter consciência social é deixar de criticar governos e instituições e fazer a sua parte para a melhoria da situação do seu lar, da sua rua, do seu bairro, da sua cidade, do seu estado, do seu país, do seu planeta.
Somos todos habitantes do planeta. Estamos todos nessa mesma embarcação chamada Terra.
Precisamos nos comprometer com a melhoria das instituições de um modo geral.
Seja essa instituição o nosso lar ou o lar do vizinho. Seja o nosso país ou o país vizinho.
Nossa raça deve ser a raça humana. Nossa nacionalidade deve ser a terra.
Nossa paternidade deve ser o criador. Nossos irmãos devem ser todos os homens do planeta.
Para que cumpramos a missão que Deus nos confiou, é preciso olhar o mundo com mais abrangência, abandonando essa forma míope de ver o mundo como se o mundo fosse apenas eu com meus próprios interesses.
Pensemos nisso e dilatemos a nossa atenção. Façamos um pacto conosco mesmos e coloquemos mãos à obra.
A obra que nos cabe executar no cumprimento da missão que o criador do universo nos confiou.
É para isso que estamos aqui. Foi por isso que nascemos neste abençoado planeta.
* * *
Você não é uma pedra solta, no leito do rio do destino, a rolar incessantemente.
Você tem uma meta que o aguarda e que alcançará.
Em sua origem você é luz avançando para a grande luz.
Só há sombras porque você ainda não se dispôs a movimentar os poderosos geradores de energia adormecida no seu interior.
Comece agora a fazer luz na própria caminhada e, por conseguinte, espalhando luz ao seu redor."

Redação do Momento Espírita

sábado, 29 de outubro de 2016

"AS QUATRO OPERAÇÕES"

  "O conhecimento das quatro operações fundamentais da Aritmética: adição, subtração, multiplicação  divisão, é-nos absolutamente indispensável, pois, sem essa base, impossível alcançarmos qualquer adiantamento no campo das ciências exatas.
       Semelhantemente, a evolução de nossas almas depende, também, de que saibamos somar, subtrair, multiplicar e dividir, com a diferença de que, neste caso, não se trata de operar om simples algarismos, mas com valores outros, bem mais importantes.
       Devemos, primeiramente, habilitar-nos a somar.
       Somar experiências, isto é, conhecer o porquê de tudo quanto acontece em nosso derredor e em nós mesmos; senhorear-nos das causas e efeitos de todos os fenômenos, sejam físicos, espirituais ou sociais, para que nos tornemos aptos a discernir entre o útil e necessário e o que, ao revés, seja nocivo e inconveniente a nós e a nossos semelhantes.
       A conquista desse tirocínio, é óbvio, demanda longo tempo e muito esforço; implica a vivência de uma variedade imensa de situações em que as quedas e as dilacerações dolorosas se verificarão com frequência, mas valerão a pena, porque todo esse sofrimento se transformará, depois, em auréola de glória.
       Em seguida, exercitar-nos em diminuir.
       Diminuir as necessidades grosseiras, herança de nossa passagem pela animalidade, e os apetites desordenados, próprios de nossa infância espiritual, esforçando-nos por alijar de nós a glutonaria, a sensualidade e os demais vícios a que nos tenhamos escravizado.
       Diminuir, também, o apego às posses materiais, o personalismo egoísta e a vaidade, pois tal coisas são grilhões que nos prendem a este mundo, impedindo alcemos voo a planos mais altanados.
       Diminuir, ainda, as agrestias de nosso caráter, despojando-nos da crueldade, da intolerância, do orgulho etc., reduzindo, consequentemente, as áreas de atrito e de desarmonia com nossos irmãos.
       Cumpre-nos, depois, aprender a multiplicar.
       Multiplicar o bem-estar coletivo, tornando-nos elementos prestantes no meio social a que pertencemos.
       Multiplicar as obras de amparo aos desgraçados de todos os matizes, não com o objetivo de ganhar o céu, mas como quem obedece ao imperativo do Dever.
       Multiplicar a liberdade no mundo, lutando pela igualdade dos direitos humanos, sem acepção de sexo, cor, raça ou ideologia.
       Multiplicar a alegria e a paz nos corações, pugnando pela extinção de todo e qualquer conflito, seja de indivíduo contra indivíduo, de classe contra classe ou de nação contra nação.
       Por último, a parte mais difícil do aprendizado: a arte de dividir.
       Dividir o nosso Amor para com todos, sem excluir ninguém, nem mesmo aqueles que, porventura, se considerem nossos adversários, espargindo por onde passemos boas palavras e gestos de bondade, sem esperar compreensão, nem recompensa, servindo, sempre, pelo só prazer de servir.
       Como disse o Mestre dos mestres, somente quando formos capazes dessa divisão de afeto com a família universal é que seremos dignos da companhia do Pai, cuja benignidade faz que os benefícios da chuva e dos raios solares, indispensáveis à vida na Terra, cheguem tanto aos bons como aos maus, aos justos como aos injustos. Isto porque todos nós nos ressentimos de algumas fraquezas que ainda não logramos vencer, e as diversidades de nível evolutivo, que nos distinguem em dado instante, diluir-se-ão no futuro, mercê da Lei do progresso que a todos impele para a frente e para o alto, rumo à perfeição."

(“Páginas de Espiritismo Cristão”, Rodolfo Calligaris)

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

"SEGUINDO EM FRENTE"


"Seja qual seja o seu problema, conserve fé em Deus e fé em você mesmo, sem desistir de trabalhar...
Ninguém progride sem dificuldades a vencer.
A luta é condição para a vitória.
Não abandone os seus encargos no bem.
Não perca tempo, lembrando episódios tristes.
Desculpe qualquer ofensa.
Esqueça ressentimentos, venham de onde vierem.
Auxilie aos outros, como puder e tanto quanto puder, no clima da consciência tranqüila.
Não procure defeitos nos semelhantes...
Se você está num momento, considerado talvez como sendo o pior de sua vida, siga adiante, com o seu trabalho, na certeza de que se hoje o céu aparece toldado de nuvens, a luz voltará no firmamento e o dia de amanhã será melhor."
("Tempo de Luz", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

"MATURIDADE E CONSCIÊNCIA"

"A consciência atinge a plena conquista, quando o ser amadurece no seu processo psicológico de evolução. Esse amadurecimento é o resultado de um contínuo esforço em favor do auto-conhecimento e da coragem para enfrentar-se , trabalhando com esforço íntimo as limitações e os processos infantis que nele ainda predominam.
Não sabendo superar as frustrações, fixa-as no inconsciente e torna-se sua vitima, fugindo para os mecanismos da irresponsabilidade toda vez que se vê a braços com dificuldades e enfrentamentos.
A maturidade psicológica não se restringe ao período de desenvolvimento da infância , e sim , ás várias fases da vida, considerando-se que a aprendizagem e o crescimento não cessam nunca, tornando-se uma constante até o momento da individualização, no qual o espírito comanda a matéria e o mantém-se em harmonia com o físico.
Não seja de estranhar que indivíduos adultos mantenham comportamentos infantis e que jovens se apresentem com equilibrada maturidade.
Naturalmente , o espírito é o agente da vida e dele procedem os valores que são ou não considerados durante a existência corporal.
O mecanismo para o amadurecimento psicológico do ser expressa-se de maneira natural, aguardando que a vontade e o contínuo esforço, para o reconhecimento das debilidades físicas, emocionais e outras , facultem o ânimo para corrigi-las e superá-las.
As funções psíquicas , que Jung classificou em número de quatro - sensorial, sentimental, intelectual e intuitiva - devem constituir um todo harmônico , sem predominância de alguma em detrimento de outra, proporcionando o amadurecimento, portanto, a plena realização da consciência.
O amadurecimento psicológico se exterioriza quando se ama, quando se alcança esse sentimento ablativo, demonstrando a libertação da idade infantil.
Egocêntrica e ambiciosa , a criança apega-se à posse e não doa, exigindo ser protegida e jamais protegendo , amada sem saber amar , nem como expressá-lo. O seu amor é possessivo e sempre se revela no receber, no tomar.
O seu tempo é presente total.
O adulto , diferindo dela, compreende que o amor é a ciência e arte de doar, de proporcionar felicidade a outrem.
O seu tempo é o futuro, que o momento constrói etapa a etapa, à medida que lhe amadurecem a afetividade e o psiquismo.
Enquanto o amor não sente prazer em doar , experimenta o período infantil, caracterizando-se pelo ciúme, pela insegurança, pelas exigências descabidas, portanto, egocêntrico, impróprio.
Quem ama com amadurecimento, plenifica-se com a felicidade do ser amado e beneficia-se pelo prazer de amar.
Há nele uma compreensão de liberdade que alcança os patamares elevados da renúncia pessoal, em favor da ampla movimentação e alegria do ser amado.
O que hoje não consegue, semeia em esperança para o amanhã.
O idoso amadurecido realiza-se em constantes experiências de amor e vivência culturais, emocionais, sociais beneficentes, livres do passado, das reminiscências que lhe constituem prazer fruído, no entanto , sem sentido.
Como o crescimento do homem maduro não termina , a sua consciência promove-o à certeza de que , desvestido do corpo, ele prosseguirá evoluindo.
Sintetizando toda a sabedoria de que era portador , Jesus, na condição de Psicólogo Excelente, prescreveu para as criaturas humanas a necessidade de se amarem umas às outras.
Com esta lição ímpar, não somente reformulou as propostas egocêntricas da Lei Antiga, de reações cruéis, portanto, infantis, como abriu perspectivas extraordinárias para a integração da criatura com o seu Criador , o Amor Supremo.
Posteriormente, buscando propiciar o amadurecimento das criaturas , ALLAN KARDEC indagou aos Mensageiros da Luz, qual a mais meritória de todas as virtudes, e eles responderam, qual está registrado em O Livro dos Espíritos , na resposta de número 893 :
- Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém , está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade. Porquanto através do auto-conhecimento, o ser pensante descobre as próprias imperfeições, trabalha-as , e , levado pela necessidade gregária, sai da solidão e ama."

("Momentos de Consciência", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

"LINGUAGEM"

"Linguagem sã e irrepreensível para que o adversário se envergonhe,
não tendo nenhum mal que dizer de nós." - Paulo. (Tito, 2 :8.)


"Através da linguagem, o homem ajuda-se ou se desajuda.
Ainda mesmo que o nosso íntimo permaneça nevoado de problemas,
não é aconselhável que a nossa palavra se faça turva ou
desequilibrada para os outros.
Cada qual tem o seu enigma, a sua necessidade e a sua dor e não é
justo aumentar as aflições do vizinho com a carga de nossas inquietações.
A exteriorização da queixa desencoraja, o verbo da aspereza
vergasta, a observação do maldizente confunde...
Pela nossa manifestação mal conduzi da para com os erros dos
outros, afastamos a verdade de nós.
Pela nossa expressão verbalista menos enobrecida, repetimos a
bênção do amor que nos encheria do contentamento de viver.
Tenhamos a precisa coragem de eliminar, por nós mesmos, os raios
de nossos sentimentos e desejos descontrolados.
A palavra é canal do "eu".
Pela válvula da língua, nossas paixões explodem ou nossas virtudes
se estendem.
Cada vez que arrojamos para fora de nós o vocabulário que nos é
próprio, emitimos forças que destroem ou edificam, que solapam ou
restauram, que ferem ou balsamizam.
Linguagem, a nosso entender, se constitui de três elementos
essenciais: expressão, maneira e voz.
Se não aclaramos a frase, se não apuramos o modo e se não educamos a voz, de acordo com as situações, somos suscetíveis de perder as nossas melhores oportunidades de melhoria, entendimento e elevação.
Paulo de Tarso fornece a receita adequada aos
aprendizes do Evangelho.
Nem linguagem doce demais, nem amarga em excesso. Nem branda
em demasia, afugentando a confiança, nem áspera ou contundente,
quebrando a simpatia, mas sim "linguagem sã e irrepreensível para
que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós".
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 25 de outubro de 2016

"MODOS DESAGRADÁVEIS"

"Manejar portas a pancadas ou pontapés.
Arrastar móveis com estrondo sem necessidade.
Censurar os pratos servidos à mesa.
Sentar-se desgovernadamente.
Assoar-se e examinar os resíduos recolhidos no lenço, junto dos outros, esquecendo que isso é mais fácil no banheiro mais próximo.
Bocejar ruidosamente enquanto alguém está com a palavra.
Falar como quem agride.
Efusões afetivas exageradas, em público.
Interromper a conversação alheia.
Não nos esqueçamos de que a gentileza e o respeito, 
no trato pessoal, também significam caridade."
("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

"O HOMEM SEM GRANDES POSSIBILIDADES INTELECTUAIS É SEMPRE UM HOMEM MEDÍOCRE?"

"Questão 212 – O homem sem grandes possibilidades intelectuais é sempre um homem medíocre?"
"O conceito de mediocridade modifica-se no plano de nossas conquistas universalistas, depois das transições da morte.
Aí no mundo, costumais enaltecer o escritor que enganou o público, o político que ultrajou o direito, o capitalista que se enriqueceu sem escrúpulos de consciência, colocados na galeria dos homens superiores. Exaltando-lhes os méritos individuais com elogios extravagantes, muitos falais em “mediocridade”, em “rebanho”, em “rotina”, em “personalidade superior”.
Para nós, a virtude da resignação dos pais de família, criteriosos e abnegados, no extenso rebanho de atividades rotineiras da existência terrestre, não se compara em grandeza com os dotes de espírito do intelectual que gesticula desesperado de uma tribuna, sem qualquer edificação séria, ou que se emaranha em confusões palavrosas na esfera literária, sem a preocupação sincera de aprender com os exemplos da vida.
O trabalhador que passa a vida inteira trabalhando ao Sol no cultivo da terra, fabricando o pão saboroso da vida, tem mais valor para Deus que os artistas de inteligência viciada, que outra coisa não fazem senão perturbar a marcha divina das suas leis.
Vede, portanto, que a expressão de intelectualidade vale muito, mas não pode prescindir dos valores do sentimento em sua essência sublime, compreendendo-se afinal, que o “homem medíocre” não é o trabalhador das lides terrestres, amoroso de suas realizações do lar e do sagrado cumprimento de seus deveres, sobre cuja abnegação edificou-se a organização maravilhosa do património mundano."
(“O Consolador” – Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 23 de outubro de 2016

"PRECONCEITO CONTRA O ESPIRITISMO"

"Ainda existe, em maior escala do que se pensa, o medo do Espiritismo. Há pouco, fomos procurados por uma pessoa que, sentindo evidentes perturbações de origem mediúnica, e tendo percorrido os consultórios de psiquiatria, vira-se obrigada a recorrer aos "recursos espirituais", segundo dizia. Quando soube que não estava tratando com um "espiritualista", mas com um espírita, assustou-se de tal maneira, que viu-se forçada a confessar o seu medo. "Se eu soubesse que o senhor era espírita — declarou — não o teria procurado." A verdade é que, apesar disso, acabou se convencendo de que o Espiritismo poderia ajudá-la, e mais tarde tornou-se espírita. Mas não foi muito fácil arrancar-lhe da mente o pavor doentio que lhe haviam infundido. Sacerdotes, pessoas da família, amigos e médicos, todos haviam contribuído para que o medo se enraizasse em sua alma. Terrível medo, que a desviava da única solução possível para o seu problema. E o que é mais curioso, a maior contribuição para esse estado de temor foi dado por certas publicações espiritualistas, que apesar de admitirem a reencarnação e a lei de causa-e-efeito, condenam a mediunidade, pintando-a com as mais negras pinceladas.
O preconceito anti-espírita assemelha-se muito à prevenção contra o Cristianismo, no mundo antigo. As pessoas que temem o Espiritismo não conhecem a doutrina, dão ao termo aplicações indevidas, perdem-se num cipoal de lendas e suposições a respeito das sessões espíritas. Em geral nos acusam de endemoniados, necromantes, feiticeiros e coisas do mesmo teor, como faziam gregos e romanos com os cristãos primitivos. E essas deturpações do Espiritismo não são apenas orais, correndo entre pessoas simples. Figuram também em publicações eruditas, revistas, jornais, livros de ensaios e estudos, com signatários cultos.
Pitágoras já dizia que a Terra é a morada da opinião. E como a opinião é a coisa mais frívola que existe, a mais incerta e a mais irresponsável, não é de admirar que tanta gente opine sobre o que não conhece. Mesmo entre os letrados, a opinião é um hábito enraizado. Mas é evidente que, quando se trata de uma doutrina espiritual, esposada por tantos homens de projeção no mundo das ciências e do pensamento, em todo o mundo, as pessoas de cultura, ou mesmo de mediana cultura, deviam ter mais cautela ao se manifestarem a respeito. Porque se é livre o direito de opinar, não é menos livre o direito de se julgar o senso de responsabilidade de quem opina.
O maior motivo de temer do Espiritismo é o próprio temor. Ou seja: é a covardia humana, essa terrível covardia que faz os homens estremecerem de horror diante do perigo de mudarem de posição diante da vida e do mundo. O Espiritismo, entretanto, não exige outra mudança, senão a da concepção estreita de uma vida utilitarista e falsa, para a ampla concepção de uma vida espiritual, profunda e verdadeira. Quanto ao problema das relações com o mundo invisível, o Espiritismo não estabelece essas ligações, que existem na vida de todas as criaturas, mas apenas as explica e orienta, dando-lhes o verdadeiro sentido no processo da existência: Temer o Espiritismo é temer a verdade, que os seus princípios nos revelam, apesar de todos os que lutam para deturpá-los."

"O Homem Novo", José Herculano Pires


sábado, 22 de outubro de 2016

"ANTI-OBSESSÃO"

"Prejudicial qualquer atitude tendente a acirrar a intemperança ou o ódio de nossos adversários. Forçoso transformá-los para o bem, a preço de humildade e de amor.
 Não vale caminhar sob o lenho da mágoa. 
Aconselhável dissolver o peso morto de quaisquer golpes na fonte do esquecimento.
 Inútil gritar contra as próprias dívidas. 
Imperioso examiná-las com serenidade para configurar com elas a maneira mais segura de pagamento. 
 Ruinosa qualquer irritação à frente do obstáculo.
 Razoável estudá-lo para a devida superação. 
 Absolutamente negativa a decisão de agitar as próprias cadeias.
Justo analisar os motivos da prisão, a fim de saná-los. 
 Amigos, convençamo-nos de que aversões, animosidades, conflitos acalentados e ressentimentos, sejam quais forem, são pontos de contato para tomadas de obsessão e toda obsessão é entretecida de trevas. 
 Não adianta, dessa forma, esbravejar contra as sombras. 
Para arredá-las, é preciso acender uma luz."
 ("Paz e Renovação", Albino Teixeira/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

"QUE PRODUZES?"

"Meu amigo.
       A vida nunca deixará sem contas o tempo que nos empresta.
       A fonte oculta no campo desamparado é uma bênção para o chão ressequido.
       A árvore é doadora constante de utilidades e benefícios.
       A cova minúscula é berço da sementeira.
       A erva tênue faz a provisão do celeiro.
       A abelha pequenina fabrica mel que alivia o doente.
       O barro humilde, ao calor da cerâmica, se transforma em sustentáculo da habitação.
       Nos estábulos e nos redis, há milhões de vidas inferiores, extinguindo-se em dádivas permanente ao conforto da Humanidade, produzindo leite e lã para que povos inteiros se alimentem, se agasalhem e desenvolvam.
       E nós, que desfrutamos a riqueza do tempo, que fazemos da sublime oportunidade de criar o bem?
       Ainda que fujamos para os derradeiros ângulos do Planeta, um dia chegará em que a Verdade Divina se dirigirá a nós outros, indagando:
       — Que produzes? Que fazes da saúde, do corpo, da inteligência, dos recursos variados que a vida te deu?
       Lembremo-nos de que na própria crucificação, o Mestre Divino produziu a Ressurreição por mensagem de imortalidade ao mundo de todos os séculos.
       Não te esqueças, meu amigo, de que a felicidade é uma equação de rendimento do esforço da criatura, na improvisação do bem e na extensão dele e não olvides que, provavelmente, não vem longe o minuto em que prestarás contas de teu aproveitamento nas bênçãos de trabalho e paz, alegria e luz, que vens atravessando na condição de usufrutuário da Terra."
(“Nosso Livro”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

"O MELHOR"








"Muitos sonhos nutriste 
Que não se realizaram. 
Pediste aos Céus a paz 
E tivestes mais lutas. 

Rogavas a abastança 
E a carência te segue. 
Achaste o Grande Amor 
Em rude desencontro. 

Seja qual for a prova 
Não chores. Agradece. 
Não duvides da Lei. 
Deus faz sempre o melhor."  

"O Essencial", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

"O LIVRE ARBÍTRIO"

"O livre arbítrio é definido como “a faculdade que tem o indivíduo de
determinar a sua própria conduta”, ou, em outras palavras, a possibilidade que
ele tem de, “entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir,
escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras”.
Problema fundamental da Filosofia ética e psicológica, vem sendo
estudado e discutido acaloradamente desde os primeiros séculos de nossa era,
dando ensejo a que se formulassem, a respeito, várias doutrinas díspares e
antagônicas até.
Acham alguns que o livre arbítrio é absoluto, que os pensamentos,
palavras e ações do homem são espontâneos e, pois, de sua inteira
responsabilidade.
Evidentemente, laboram em erro, porqüanto não há como deixar de reconhecer
as inúmeras influências e constrangimentos a que, em maior ou menor escala,
estamos sujeitos, capazes de condicionar e cercear a nossa liberdade.
No extremo oposto, três correntes filosóficas existem que negam
peremptõriamente o livre arbítrio: o fatalismo, o predestinacionismo e o
determinismo.
Os fatalistas acreditam que todos os acontecimentos estão previamente
fixados por uma causa sobrenatural, cabendo ao homem apenas o regozijarse,
se favorecido com uma boa sorte, ou resignar-se, se o destino lhe for
adverso.
Os predestinacionistas baseiam-se na soberania da graça divina,
ensinando que desde toda a eternidade algumas almas foram predestinadas a
uma vida de retidão e, depois da morte, à bem-aventurança celestial, enquanto
outras foram de antemão marcadas para uma vida reprovável e,
consequentemente, precondenadas às penas eternas do inferno. Se Deus
regula, antecipadamente, todos os atos e todas as vontades de cada indivíduo
— argumentam —, como pode este indivíduo ter liberdade para fazer ou deixar
de fazer o que Deus terá decidido que ele venha a fazer?
Estas duas doutrinas, como se vê, reduzem o homem a simples autômato,
sem mérito nem responsabilidade, ao mesmo tempo que rebaixam o conceito
de Deus, apresentando-O àfeição de um déspota injusto, a distribuir graças a
uns e desgraças a outros, ünicamente ao sabor de seu capricho. Ambas
repugnam às consciências esclarecidas, tamanha a. sua aberraçao.
Os deterministas, a seu turno, sustentam que as ações e a conduta do
indivíduo, longe de serem livres, dependem integralmente de uma série de
contingências a que ele não pode furtar-se, como os costumes, o caráter e a indole da raça a que pertença; o clima, o solo e o meio social em que viva; a
educação, os princípios religiosos e os exemplos que receba; além de outras
circunstâncias não menos importantes, quais o regime alimentar, o sexo, as
condições de saúde, etc.
Os fatores apontados acima são, de fato, incontestáveis e pesam bastante
na maneira de pensar, de sentir e de proceder do homem.
Assim, por exemplo, diferenças climáticas, de alimentação e de filosofia,
fazem de hindus e americanos do norte tipos humanos que se distinguem
profundamente, tanto na complexão física, no estilo de vida, como nos ideais;
via de regra, a fortuna nos torna soberbos, enquanto a necessidade nos faz
humildes; um dia claro e ensolarado nos estimula e alegra, contràriamente a
uma tarde sombria e chuvosa, que nos deprime e entristece; uma sonata
romântica nos predispõe à ternura, ao passo que os acordes marciais nos
despertam ímpetos belicosos; quando jovens e saudáveis, estamos sempre
dispostos a cantar e a dançar, já na idade provecta, preferimos a meditação e a
tranqüilidade, etc.
Daí, porém, a dogmatizar que somos completamente governados pelas
células orgânicas, de parceria com as impressões, condicionamentos e
sanções do ambiente que nos cerca, vai uma distância incomensurável.
Com efeito, há em nós uma força íntima e pessoal que sobreexcede e
transcende a tudo isso: nosso “eu” espiritual!
Esse “eu”, ser moral ou alma (como quer que lhe chamemos), numa
criatura de pequena evolução espiritual, realmente pouca liberdade tem de
escolher entre o bem o mal, visto que se rege mais pelos instintos do que pela
inteligência ou pelo coração. Mas, à medida que se esclarece, que domina
suas paixões e desenvolve sua vontade nos embates da Vida, adquire energias
poderosíssimas que o tomam cada vez mais apto a franquear obstáculos e limitações, sejam de que natureza forem. Não é só. Habilita-se também a pesar as razões e medir consequências, para decidir sempre pelo mais justo, embora
desatendendo, muitas vezes, aos seus próprios desejos e interesses.
Um dia, como o Cristo, poderá afirmar que já venceu o mundo, pois,
mesmo faminto, terá a capacidade de, voluntàriamente, abster-se de comer;
conquanto rudemente ofendido, saberá refrear sua cólera e não revidar à ofensa; e, ainda que todos ao seu derredor estejam em pânico, manterá,
imperturbável, sua paz interior."

("As Leis Morais", Rodolfo Calligaris)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

"O APARECIMENTO DA MEDIUNIDADE"

"Chegada a hora em que devemos iniciar o nosso trabalho mediúnico, de
nosso corpo começa a desprender-se uma irradiação fluídica-nervosa. Essa
irradiação possui um certo brilho, de maneira que ficamos envolvidos por
uma espécie de luz espiritual. Os espíritos sofredores, buscando alívio, são
irresistivelmente atraídos por essa luz. Uma vez agarrados a nós, não nos
largam até que lhes seja indicado o modo de alcançarem um pouco de
melhora para seu estado.

Conquanto os espíritos não sofram fisicamente, sofrem moralmente.
Alguns se acham tão perturbados, com seu perispírito tão materializado,
suas percepções espirituais são tão pequenas que sentem ainda todas as
sensações físicas, principalmente as que experimentaram no momento da
agonia. Se um espírito nestas condições se acerca de uma pessoa cuja
mediunidade está aparecendo, transmite-lhe as sensações que está sentindo.
Os sinais mais comuns do aparecimento da mediunidade são os seguintes:
cérebro perturbado, sensação de peso na cabeça e nos ombros; nervosismo:
ficamos irritados até por motivos sem a menor importância; desassossego;
insónia; arrepios, como se percebêssemos passar por nós alguma coisa
desagradavelmente fria; sensação de cansaço geral, lassidão; às vezes,
calor, como se estivéssemos encostados a qualquer coisa quente; falta de
ânimo para o trabalho; profunda tristeza ou excessiva alegria sem sabermos
por que. Estes são os sinais mais freqüentes; dia a dia se acentuam e, à
medida que as relações fluídicas entre a pessoa e os espíritos sofredores se
fortificam, a saúde se altera, devido à enorme carga de fluidos impuros que
o corpo armazena. O remédio capaz de produzir um resultado apreciável é
o desenvolvimento da mediunidade. Médiuns desenvolvidos que nós nos
tornemos, as causas da perturbação desaparecerão e a tranquilidade voltará
a reinar em nosso íntimo e a saúde em nosso corpo.

E, sobretudo, teremos a grata satisfação de termos concorrido para a
felicidade de irmãos que sofriam e quiçá nos eram queridos.
Se tivermos o hábito de viver uma vida regrada e dentro de um círculo
moral elevado, seremos auxiliados por espíritos bondosos, os quais
abrandarão as terríveis conseqüências da perturbação causada pelos
espíritos sofredores. Porém, somente isso não basta. Se não tratarmos
quanto antes de nosso desenvolvimento, a nossa faculdade mediúnica se
transformará em verdadeiro tormento e as amarguras nos farão
compreender o Caminho, a Verdade e a Vida."

("A Mediunidade sem Lágrimas", Eliseu Rigonatti)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

"PERANTE OS OUTROS"

"Nunca desestime a importância dos outros.
Frequentemente só pensamos na crítica como que os outros 
nos possam alvejar, esquecendo-nos de que é igualmente 
dos outros que recebemos a força para viver.
O auxílio ao próximo é o seu melhor investimento.
Valorize os outros, a fim de que os outros valorizem você.
Pense nos outros, não em termos de angelitude ou perversidade, 
mas na condição de seres humanos com necessidades e sonhos, problemas e lutas semelhantes aos seus.
Se a solidão valesse, as Leis de Deus não fariam o seu nascimento
na Terra entre duas criaturas, convertendo você em terceira pessoa
para construir um grupo maior."


("Sinal Verde", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 16 de outubro de 2016

"POR UM POUCO"

"Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um
pouco de tempo ter o gozo do pecado." - Paulo. (Hebreus, 11:25).


"Nesta passagem refere-se Paulo à atitude de Moisés, abstendo-se de
gozar por um pouco de tempo das suntuosidades da casa do Faraó, a
fim de consagrar-se à libertação dos companheiros cativos, criando
imagem sublime para definir a posição do espírito encarnado na Terra.
"Por um pouco", o administrador dirige os interesses do povo.
"Por um pouco", o servidor obedece na subalternidade.
"Por um pouco", o usurário retém o dinheiro.
"Por um pouco", o infeliz padece privações.
Ah! se o homem reparasse a brevidade dos dias de que dispõe na
Terra! se visse a exigüidade dos recursos com que pode contar no
vaso de carne em que se movimenta...
Certamente, semelhante percepção, diante da eternidade, dar-lhe-ia
novo conceito da bendita oportunidade, preciosa e rápida, que lhe foi
concedida no mundo.
Tudo favorece ou aflige a criatura terrestre, simplesmente por um
pouco de tempo.
Muita gente, contudo, vale-se dessa pequenina fração de horas para
complicar-se por muitos anos.
É indispensável fixar o cérebro e o coração no exemplo de quantos
souberam glorificar a romagem apressada no caminho comum.
Moisés não se deteve a gozar, "por um pouco", no clima faraônico,
a fim de deixar-nos a legislação justiceira.
Jesus não se abalançou a disputar, nem mesmo "por um pouco",
em face da crueldade de quantos o perseguiam, de modo a ensinar-nos 
o segredo divino da Cruz com Ressurreição Eterna.
Paulo não se animou a descansar "por um pouco", depois de encontrar o Mestre às portas de Damasco, de maneira a legar-nos seu exemplo de
trabalho e fé viva.
Meu amigo, onde estiveres, lembra-te de que aí permaneces "por um
pouco" de tempo. Modera-te na alegria e conforma-te na tristeza,
trabalhando sem cessar, na extensão do bem, porque é na
demonstração do "pouco" que caminharás para o "muito" 
de felicidade ou de sofrimento."


("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 15 de outubro de 2016

"PERSISTIR NA IDEIA"

"Quando Henry Ford explicava, aos grandes capitães da indústria elétrica, os pormenores de um motor a gasolina, que ele construiu em 1896, Thomas Édison exclamou: "Persista na ideia!".
E fixando a menta na ideia vitoriosa, revolucionou os "carros-sem-cavalos", abrindo horizontes para uma era nova.
Nenhuma ideia é por si mesma tão perfeita, que não necessite de aprimoramento, nem tão imperfeita, que não possa ser melhorada.
A moeda, que adquire medicamentos para a enfermidade, também passou pelas mãos de malfeitores.
Muitas vezes a ideia do bem chega ao homem tosca e abrutalhada, mas, depois de sofrer retoques valiosos, se transforma em bênção para muitos.
As pessoas que mudam de ideia frequentemente, quase nunca realizam qualquer coisa de valor.
Para o sucesso de todo empreendimento, persistir na ideia é impositivo indispensável.
Sem a perseverança que aprimora, as realizações precipitadas malogram, quase sempre e invariavelmente, deixando amarguras e desaires.
Todas as ideias tem sempre algo de bom, quando as podemos conduzir em benefício de alguém.
A labareda que arde é veículo da purificação, tanto quanto o lixo que tresanda putrefação é depósito de fertilidade.
Não intentes a tarefa da evolução, nas linhas do Cristianismo, sob o impacto de ideias momentâneas...
Há vinte séculos a ideia do Cristo vem sacudindo a Terra sem lograr penetração integral no coração humano.
No entanto Ele persiste, persuasivo e gentil, oferecendo o material necessário para a transformação dos caracteres do homem, em face dos dispositivos da sua doutrina de amor.
Tocado pelo convite da Vida Verdadeira, persiste na ideia de renovação interior, e empreende a batalha infatigável do bem de todos, removendo os obstáculos íntimos á tua ascensão.
O fogo persiste, e devora florestas impenetráveis.
A luz insiste, e desenvolve o embrião.
O filete de água persevera, e dá origem ao rio caudaloso.
O grão de trigo se afirma, e dele nasce o pão.
A pêra trabalhada ressurge noutra expressão.
O pântano drenado renasce com outra face.
o deserto irrigado reaparece modificado.
Insiste nas idéias superiores e remodela as perniciosas que te visitam a casa mental.
Alça o pensamento a Jesus Cristo, o Sublime Idealizador, e deixa-te inspirar por Ele, plasmando em teu foro íntimo a incoercível força do Bem em forma de vida e alegria para ti mesmo."

("Messe de Amor", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

"TOM, O CEGO, MÚSICO NATURAL"




"Lemos no Spiritual Magazine, de Londres:

“A celebridade de Tom, o Cego, que há pouco fez o seu aparecimento em Londres, já se tinha espalhado aqui, e há alguns anos um artigo no jornal All the year round tinha descrito suas notáveis faculdades e a sensação que elas haviam produzido na América. A maneira pela qual as faculdades se desenvolveram nesse negro, escravo e cego, ignorante e totalmente iletrado; como, menino ainda, um dia surpreendido pelos sons da música na casa de seu senhor, correu sem cerimônia a sentar-se ao piano, reproduzindo nota por nota o que acabava de ser tocado, rindo e se contorcendo de alegria ao ver o novo mundo de prazeres que acabava de descobrir, tudo isto foi tão frequentemente repetido, que julgo inútil mencioná-lo mais uma vez. Mas um fato significativo e interessante me foi contado por um amigo, que foi o primeiro a testemunhar e apreciar a faculdade de Tom. Um dia tocaram uma peça de Haendel para ele. Imediatamente Tom a repetiu corretamente e, ao terminar, esfregou as mãos com uma expressão de indefinível alegria, exclamando: 'Eu o vejo, é um velho com uma grande peruca; ele tocou primeiro e eu depois.’ É incontestável que Tom tinha visto Haendel e o tinha ouvido tocar.
Tom exibiu-se várias vezes em público, e a maneira que executa os trechos mais difíceis quase faria duvidar de sua enfermidade. Ele repete sem falha, no piano, e necessariamente de memória, tudo quanto tocam para ele, quer sonatas clássicas antigas, quer fantasias modernas. Ora, gostaríamos de ver quem poderia aprender desta maneira as variações de Thalberg com os olhos fechados, como ele faz.
Este fato surpreendente de um cego, ignorante, desprovido de qualquer instrução, mostrando um talento que outros são incapazes de adquirir com todas as vantagens do estudo, provavelmente será explicado por muitos, segundo a maneira ordinária de encarar estas coisas, dizendo: ‘É um gênio e uma organização excepcional.’ Mas só o Espiritismo pode dar a chave desse fenômeno de maneira compreensível e racional.”

As reflexões que fizemos a propósito da menina de Toulon*, naturalmente se aplicam a Tom, o Cego. Tom deve ter sido um grande músico, ao qual basta ouvir para lembrar-se do que sabia. O que torna o fenômeno mais extraordinário é que se apresenta num negro, escravo e cego, tríplice causa que se opunha à cultura de suas aptidões nativas e a despeito das quais se manifestaram na primeira ocasião favorável, como um germe aos raios do sol. Ora, como a raça negra em geral, e sobretudo no estado de escravidão, não brilha pela cultura das artes, há que concluir que o Espírito de Tom não pertence a essa raça, mas que nela se encarnou como expiação ou como meio providencial de reabilitação dessa raça na opinião, mostrando de que ela é capaz.
Muito foi dito e escrito contra a escravidão e o preconceito da cor. Tudo quanto foi dito é justo e moral, mas não passa de uma tese filosófica. A lei da pluralidade das existências e da reencarnação vem a isto acrescentar a irrefutável sanção de uma lei da Natureza que consagra a fraternidade de todos os homens. Tom, o escravo nascido e aclamado na América, é um protesto vivo contra os preconceitos que ainda reinam nesse país. (Ver a Revista de abril de 1862: Perfectibilidade da raça negra. Frenologia espiritualista).

* Kardec refere-se a Eugénie Colombe - Precocidade fenomenal, publicado na Revista Espírita de fevereiro de 1867 - Variedades."


(Revista Espírita, Fevereiro de 1867 - Variedades)