sábado, 31 de dezembro de 2016

"OBRA INDIVIDUAL"

"Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados." - (TIAGO, 5:20.)
"Quando um homem comete uma ação má, os reflexos dela perduram, por muito tempo, na atmosfera espiritual em que ele vive.
A criatura ignorante que a observa se faz pior.
Os olhos menos benevolentes que a vêem se tornam mais duros.
O homem quase retificado que a identifica estaciona e desanima.
O missionário do bem que a surpreende encontra mais dificuldades para socorrer os outros.
Em derredor de um gesto descaridoso, congregam-se a indisciplina, o despeito, a revolta e a vingança, associando-se em operações mentais malignas e destrutivas.
Uma boa ação, contudo, edifica e ilumina sempre.
A criatura ignorante que a observa aprende a elevar-se.
Os olhos menos benevolentes que a vêem recebem nova claridade para a vida íntima.
O homem quase retificado que a identifica adquire mais fortaleza para restaurar-se.
O missionário do bem que a surpreende nela se exalta, a benefício do seu apostolado de luz.
Em torno da manifestação cristã, enlaçam-se a gratidão, a alegria, a esperança e o otimismo, organizando criações mentais iluminativas e santificantes.
Se desejas, portanto, propagar o espírito sublime do Cristianismo, atende à obra individual com Jesus.
Afasta os corações amados do campo escuro do erro, através de teus atos que constituem lições vivas do amor edificante.
Recorda-te de que pela conversão verdadeira e substancial de um só espírito ao Infinito Bem, escuras multidões de males poderão desaparecer para sempre."
("Vinha de Luz",  Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

"PAI NOSSO, QUE ESTÁS NOS CÉUS"

"Quando Jesus começou a prece dominical, satisfazendo ao pedido dos companheiros que desejavam aprender a orar, iniciou a rogativa, dizendo assim:
- Pai Nosso, que estás nos céus...
O Mestre queria dizer-nos que Deus, acima de tudo, é nosso Pai.
Criador dos homens, das estrelas e das flores.
Senhor dos céus e da Terra.
Para Ele, todos somos filhos abençoados.
Com essa afirmativa, Jesus igualmente nos explicou que somos no mundo uma só família e que, por isso, todos somos irmãos, com o dever de ajudar-nos uns aos outros.
Ele próprio, a fim de instruir-nos, viveu a fraternidade pura, auxiliando os homens felizes e infelizes, os necessitados e doentes, mostrando-nos o verdadeiro caminho da perfeição e da paz.
Na condição de aprendizes do nosso Divino Mestre, devemos seguir-lhe o exemplo.
Se sentirmos Deus como Nosso Pai, reconheceremos que os nossos irmãos se encontram em toda parte e estaremos dispostos a ajudá-los, a fim de sermos ajudados, mais cedo ou mais tarde. A vida só será realmente bela e gloriosa, na Terra, quando pudermos aceitar por nossa grande família a Humanidade inteira."
("Pai Nosso", Meimei/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

"UM QUARTO DE HORA"

"Quando tiveres um quarto de hora à disposição, reflete nos benefícios que podes espalhar.
*
Recorda o diálogo afetivo com que refaças o bom-ânimo de algum familiar, dentro da própria casa; das palavras de paz e amor que o amigo enfermo espera de tua presença; de auxiliar em alguma tarefa que te aguarde o esforço para a limpeza ou o reconforto do próprio lar; da conversação edificante com uma criança desprotegida que te conduzirá para a frente as sugestões de boa vontade; de estender algum adubo à essa ou aquela planta que se te faz útil; e do encontro amistoso, em que a tua opinião generosa consiga favorecer a solução do problema de alguém.
*
Quinze minutos sem compromisso são quinze opções na construção do bem.
*
Nâo nos esqueçamos de que a floresta se levantou de sementes quase invisíveis, de que o rio se forma das fontes pequeninas e de que a luz do Céu, em nós mesmos, começa de pequeninos raios de amor a se nos irradiarem do coração."
("Caridade", Meimei/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

"A RECEITA DA FELICIDADE"

"Tadeu, que era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro, entusiasmara-se na reunião, relacionando os imperativos da felicidade humana e clamando contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do Sinédrio.
Tocado de indisfarçável revolta, dissertou largamente sobre a discórdia e o sofrimento reinantes no povo, situando-lhes a causa nas deficiências políticas da época, e, depois que expendeu várias considerações preciosas, em torno do assunto, Jesus perguntou-lhe:
- Tadeu, como interpreta você a felicidade?
- Senhor, a felicidade é a paz de todos.
O Cristo estampou significativa expressão fisionômica e ponderou:
- Sim, Tadeu, isto não desconheço; entretanto, estimaria saber como se sentiria você realmente feliz.
O discípulo, com algum acanhamento, enunciou:
- Mestre, suponho que atingiria a suprema tranqüilidade se pudesse alcançar a compreensão dos outros.
Desejo, para esse fim, que o próximo me não despreze as intenções nobres e puras.
Sei que erro, muitas vezes, porque sou humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que convivem comigo me reconhecessem o sincero propósito de acertar.
Respiraria abençoado júbilo se pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa consideração de que me sinta credor, em face da elevação de meu ideal.
Suspiro pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos.
Regozijar-me-ia se a maledicência me esquecesse.
Vivo na expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria um paraíso se as pessoas da estrada comum se tratassem de acordo com o meu anseio honesto de ser acatado pelos demais.
A indiferença e a calúnia doem-me no coração.
Creio que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos Espíritos das trevas, para tormento das criaturas.
A impiedade é um fel quando dirigida contra mim, a maldade é um fantasma de dor quando se põe ao meu encontro.
Em razão de tudo isso, sentir-me-ia venturoso se os meus parentes, afeiçoados e conterrâneos me buscassem, não pelo que aparento ser nas imperfeições do corpo, mas pelo conteúdo de boa-vontade que presumo conservar em minhalma.
Acima de tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem direito de experimentar livremente o meu gênero de felicidade pessoal, desde que me sinta aprovado pelo código do bem, no campo de minha consciência, sem ironias e críticas descabidas.
Resumindo, Mestre, eu queria ser compreendido, respeitado e estimado por todos, embora não seja, ainda, o modelo de perfeição que o Céu espera de mim, com o abençoado concurso da dor e do tempo.
Calou-se o apóstolo e esboçou-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a opinião que o Cristo adotaria.
Alguns dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertação, mas o Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou com franqueza e doçura:
- Tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como deseja que os outros procedam para com você. E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra as glórias do Paraíso."
("Jesus no Lar". Neio Lúcio/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

"SACRIFÍCIO"

"Não cogites de eliminar da órbita das atividades a que te vinculas, objetivando a redenção do próprio espírito, o sacrifício, que é cantinho de redenção.
Todos os pés que transitam pelas dificuldades aprendem a contornar obstáculos e a vencer impedimentos. As mãos que se calejam no afã sublime da produtividade perdem a sensibilidade às coisas vãs que agradam a cobiça e a insensatez, e o corpo, em geral, disciplinado pela continência e educado na contenção, transforma-se em veículo dúctil e nobre ao cumprimento dos deveres superiores da vida.
Sacrifício é, também, atestado inequívoco de devoção ao bem e à verdade.
Examina a história dos crucificadores e vê-los-ás triunfantes sob o aplauso da ilusão enlouquecida, carregados em triunfo momentaneamente, enquanto os crucificados permanecem em silêncio. Logo, porém, êles passam e aquêles que foram as suas vítimas levantam-se do olvido para perpetuarem, através do martírio de que foram instrumento, os ideais nobilitantes da vera Humanidade.
*
Falar-te-ão da necessidade de poupares as tuas energias quando aplicadas ao Bem; conclamar-te-ão à inutilidade do nada e à vaidade enganosa, como explicando a nulidade do investimento homem, nos turbulentos dias da atualidade; estimular-te-ão emoções grosseiras, o cultivo de idiossincrasias, fazendo-te aferrado ao azedume, à intolerância e à perniciosidade.
Outras bocas apresentarão aos teus ouvidos os convites da felicidade, qual estupefaciente que absorvido produz o sonho ilusório, antecedendo o despertar da crua e inditosa realidade...
Quando, porém, fascinado pela quimera perceberes o engôdo em que caíste e desejares retornar; quando descobrires que tudo não passou de um sonho de loucura acalentado numa hora de angústia; ao perceberes que estes na Terra e que por enquanto o Planeta se mantém sob o fragor das provações e o sôpro dos sofrimentos e desejares buscar aquêles que foram comparsas da tua desdita, possivelmente não os encontrarás receptivos nem ateveis ao teu lado...
Consultados dir-te-ão: "Não sabias? Que esperavas do mundo, tu que emboscaste o Cristo no coração e o atiraste fora, no lôdo da paixão? Agora, caro amigo, é contigo".
Verificarás, então, somente na via da soledade, o pêso do remorso e o travo de amargura sem nome. Nessa hora, todavia, com sacrifício te imporás o recomêço difícil e necessário.
Sacrifica-te, pois, antes, renunciando, não cedendo ao mal, olvidando vaidades e superstições. Sacrifica à vida a tua vida para que a paz te entesoure as moedas da harmonia interior.
Chegarás, depois, à conclusão do porque Ele, teu Amigo Divino, preferiu o sacrifício a todo instante, desde as palhas úmidas de um estábulo pobre, às jornadas a pé sob sol causticante, o encontro e a convivência com as pessoas mal cheirosas dos caminhos, em regime de misericórdia para com os pecadores e infelizes até a hora da cruz de ignomínia e de horror, sacrificando-se sempre para a fulguração perene como Rei Excelso em plena Glória Solar.
*
"O reino dos céus é tomado à fôrça, e os que se esforçam, são os que o conquistam". Mateus: capítulo 11º, versículo 12.
*
"O verdadeiro devotamento consiste em não temer a morte, quando se trate de ser útil, em afrontar o perigo, em fazer, de antemão e sem pesar, o sacrifício da vida se for necessário" O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 5º - Item 29, parágrafo 2.
("Florações Evangélicas", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

"VAGABUNDO"

"Ei-lo que passa na estrada, 
De roupinha esfarrapada, 
Sem mãos amigas de alguém. 
Pobrezinho!... é vagabundo, 
Vagueia por este mundo. 
Sem ninguém. 

Às vezes, tem sede e fome, 
Na miséria que o consome, 
De pés e bracinhos nus... 
Tão tenro e de alma sombria! 
Sem amor, sem alegria 
E sem luz. 

Mete pena vê-lo à solta 
De cabeleira revolta, 
Tal a penúria em que vai; 
Sua alma geme e padece, 
Não teve mãe que o quisesse 
E nem pai. 

Tenhamos piedade ao vê-lo. 
Quem não pede auxílio e zelo 
Num bocadito de amor?!... 
Como punge, no caminho, 
Tanta falta de carinho, 
Tanta dor... 

Lembremos, em nossa vida, 
Que essa criança ferida, 
Como nós, tem coração; 
Que esse pequeno mendigo 
Seja agora nosso amigo, 
Nosso irmão."


("Jardim de Infância", João de Deus/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 25 de dezembro de 2016

"O NATAL DO CRISTO"

"A Sabedoria da Vida situou o Natal de Jesus frente do Ano Novo, na memória da Humanidade, como que renovando as oportunidades do amor fraterno, diante dos nossos compromissos com o Tempo. 

Projetam-se anualmente, sobre a Terra os mesmos raios excelsos da Estrela de Belém, clareando a estrada dos corações na esteira dos dias incessantes, convocando-nos a alma, em silêncio, à ascensão de todos os recursos para o bem supremo. 

A recordação do Mestre desperta novas vibrações no sentimento da Cristandade. Não mais o estábulo simples, nosso pr6prio espírito, em cujo íntimo o Senhor deseja fazer mais luz... 

Santas alegrias nos procuram a alma, em todos os campos do idealismo evangélico Natural o tom festivo das nossas manifestações de confiança renovada, entretanto, não podemos olvidar o trabalho renovador a que o Natal nos convida, cada ano, não obstante o pessimismo cristalizado de muitos companheiros, que desistiram temporariamente da comunhão fraternal. E o ensejo de novas relações, acordando raciocínios enregelados com as notas harmoniosas do amor que o Mestre nos legou. 

É a oportunidade de curar as nossas próprias fraquezas retificando atitudes menos felizes, ou de esquecer as faltas alheias para conosco, restabelecendo os elos da harmonia quebrada entre nós e os demais, em obediência à lição da desculpa espontânea, quantas vezes se fizerem necessárias. 

È o passo definitivo para a descoberta de novas sementeiras de serviço edificante, através da visita aos irmãos mais sofredores do que nós mesmos e da aproximação com aqueles que se mostram inclinados à cooperação no progresso, a fim de praticarmos, mais intensivamente, o princípio do “amemo-nos uns aos outros”. 

Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim aparece o Ano Novo à nossa vida. 

O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo. 

Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia. Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal. O primeiro renova a alegria. O segundo reforma a responsabilidade. 

Comecemos oferecendo a Ele cinco minutos de pensamento e atividade e, a breve espaço, nosso espírito se achará convertido em altar vivo de sua infinita boa vontade para com as criaturas, nas bases da Sabedoria e do Amor. Não nos esqueçamos. 

Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa alma, em vão os Anos Novos se abrirão iluminados para nós."
("Fonte de Paz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 24 de dezembro de 2016

"NO NATAL"

"E inútil que se apresente Jesus como filósofo do mundo. 
O Mestre não era um simples reformador. 
Nem a sua vida constituiu um fato que só alcançaria significação depois de seus feitos inesquecíveis, culminantes na cruz. 
Jesus Cristo era o esperado.
 Pela sua vinda, numerosas gerações choraram e sofreram. 
A chegada do Mestre foi a Benção Os que desejavam caminhar para Deus alcançavam a Porta. 
O Velho Testamento está cheio de esperanças no Messias. 
O Evangelho de Lucas refere-se a um homem chamado Simeão, que vivia esperando a consolação de Israel. Homem justo e inspirado pelas forças do Céu, vendo a Divina Criança, no Templo, tomou-a nos braços, louvou ao Altíssimo e exclamou: Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra.” 
Havia surgido a consolação. 
Ninguém estaria deserdado.
Deus repartira seu coração com os filhos da Terra. 
E por isso que o Natal é a festa de lágrimas da Alegria."

(Emmanuel, na obra "Fonte de Paz", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

"ZELO PRÓPRIO"

"Olhai por vós mesmos, para que não percais o vosso trabalho, mas antes recebais o inteiro galardão." - (2ª Epístola à JOÃO, 8.)
"A natureza física, não obstante a deficiência de suas expressões em face da grandeza espiritual da vida, fornece vasto repositório de lições, alusivas ao zelo próprio.
A fim de que o Espírito receba o sagrado ensejo de aprender na Terra, receberá um corpo equivalente a verdadeiro santuário, Os órgãos e os sentidos são as suas potências; mas, semelhante tabernáculo não se ergueria sem as dedicações maternas e, quando a criatura toma conta de si, gastará grande percentagem de tempo na limpeza, conservação e defesa do templo de carne em que se manifesta. Precisará cuidar da epiderme, da boca, dos olhos, das mãos, dos ouvidos.
Que acontecerá se algum departamento do corpo for esquecido? Excrescências e sujidades trarão veneno à vida.
Se o quadro fisiológico, passageiro e mortal, exige tudo isso, que não requer de nossa dedicação o Espírito com os seus valores eternos?
Se já recebeste alguma luz, desvela-te em não perdê-la.
Intensifica-a em ti.
Lava os teus pensamentos em esforço diário, nas fontes do Cristo; corrige os teus sentimentos, renova as aspirações colocando-as na direção de Mais Alto.
Não te cristalizes.
Movimenta-te no trabalho do zelo próprio, pois há "micróbios intangíveis" que podem atacar a alma e paralisá-la durante séculos."

("Caminho, Verdade e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

"ESCALADA"

"A pedra perguntou ao martelo que a espancava: - Por que me quebras assim? O martelo não respondeu, contudo, em breve tempo, o bloco burilado se fez destaque na base de formoso edifício.
O minério indagou do forno superaquecido que o transmutava: - Dize a razão pela qual me enlouqueces de sofrimento? O forno silenciou, no entanto, depois de alguns dias, apareceu na condição de aço em alto preço.
O tronco argumentou com a lâmina que o serrava: - Por que me atormentas? A lâmina permaneceu muda, mas, após algumas semanas, o tronco dividido em folhas diversas, era a estrutura principal de um barco importante.
O barro interrogou ao molde que o constringia: - Por que me oprimes tanto? O molde não formulou resposta alguma, entretanto, além de algum tempo surgiu na loja por vaso raro.
O Homem igualmente, vezes sem conta, interpela Deus: - Senhor, porque me martirizas e me afliges? Deus, porém, não responde.
Acontece que o espírito humano dispõe de livre arbítrio para aceitar ou não a dor que o aperfeiçoa.
Enquanto recalcitra contra as leis do progresso e do aprimoramento próprio, sofre e deblatera, indefinidamente; no entanto, quando se decide a obedecer aos princípios que lhe controlam a escalada para a Grandeza Suprema do Universo, chega sempre o dia no qual vem, a saber, os prodígios de sabedoria e amor, luz e beleza em que Deus o transformará.
Não passes indiferente, diante da dor.
Onde encontres qualquer fagulha de discórdia, auxilia a Extingui-la nas fontes de paciência e da tolerância."

("Palavras do Coração", Meimei/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

"GANHANDO RESISTÊNCIA"

"Reconhece você que a sua resistência precisa aumentar; por isso mesmo não despreze o esforço no bem algum tanto a mais além do nível.
Se o trabalho parece estafante, suporte mais um pouco as dificuldades em que se lhe envolvem os encargos.
Onde lhe pareça já haver exercitado o máximo de humildade, apague-se um tanto mais em favor de outrem para que seu grupo alcance a segurança ideal.
Demonstre um pouco mais de paciência nos momentos de inquietação e evitará desgostos incalculáveis.
Abstenha-se algo mais de reclamações mesmo justas, no que se reporta aos seus interesses pessoais e observará quanta simpatia virá ao seu encontro.
Mostre um pouco mais de serenidade nos instantes de crise e você se transformará no apoio providencial de muita gente.
Confie algo mais na proteção da Bondade Divina e conseguirá superar obstáculos que se lhe figuravam intransponíveis.
Nos dias de enfermidade agüente um tanto mais as dificuldades e você apressará as suas próprias melhoras de maneira imprevisível.
Tolere um tanto mais as intrigas que, por ventura, lhe assediem o campo de ação, sem lhes oferecer qualquer importância e defenderá a sua própria felicidade, com inesperado brilhantismo.
Você vive no mundo em meio de provas e lutas, desafios e necessidades, ao modo de aluno entre as lições de que precisa na escola, em favor do próprio aproveitamento; aprenda a suportar os convites ao bem dos outros e você ganhará os melhores valores da resistência."

("Respostas da Vida", André Luiz/Fancisco Cândido)

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

"FALSOS PROFETAS"



"Falso profeta não é somente aquele que perturba o serviço da fé religiosa.
Sempre que negamos a execução fiel dos nossos deveres, somos mistificadores, diante da Lei Divina, que nos emprestou os dons da Terra, em favor do aprimoramento de nós mesmos.
Na maledicência, somos falsos profetas da fraternidade.
Na discórdia, somos mistificadores da paz.
Na preguiça, somos charlatões do trabalho.
Na indiferença, somos inimigos do dever.
Toda vez que olvidamos as nossas obrigações de solidariedade para com os nossos semelhantes, que prejudicamos o serviço que nos cabe atender, que fugimos aos nossos testemunhos de humildade, que oprimimos as criaturas inferiores, somos Falsos Profetas do Ideal Superior que abraçamos com o Cristo.
A terra é a nossa escola.
O lar é o nosso templo.
O próximo é o nosso irmão.
A humanidade é a nossa família.
A luta é o nosso aprendizado.
A natureza é o livro sublime da vida.
Não nos esqueçamos, assim, de que, um dia, seremos chamados à prestação de contas dos talentos e dos favores que hoje desfrutamos, para resgatar o dia de ontem e santificar o dia de amanhã."
("Levantar e Seguir", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

"RESULTADOS DA LEITURA DAS OBRAS ESPÍRITAS"




"Cartas dos Srs. Michel, de Lyon e D..., de Albi

Como resposta à opinião do Dr. Constant relativa ao efeito que deve produzir a leitura das obras espíritas, publicamos a seguir duas cartas, entre milhares da mesma natureza que nos são enviadas. Como vimos no artigo precedente, sua opinião é que esse efeito deve ser inevitavelmente o de fazer pronta justiça à pretensa ciência do Espiritismo, e é com esse propósito que ele recomenda a sua leitura. Ora, há mais de seis anos que essas obras são lidas e, coisa lamentável para a sua perspicácia, a justiça ainda não foi feita!

Albi, 06 de março de 1863.

Sr. Allan Kardec,

...Sei que não devo abusar do vosso tempo precioso. Também me privo da felicidade do entreter-me longamente convosco. Direi que lamento amargamente não ter conhecido mais cedo vossa admirável doutrina, pois sinto que teria sido um outro homem. Contudo, não sou médium, nem procuro tornar-me agora, pois tenho graves aborrecimentos que incessantemente me obsidiam. Tenho um passado deplorável de negligência; cheguei aos quarenta e nove anos sem saber uma única prece. Depois que vos li, oro todas as noites, às vezes pela manhã, e sobretudo por meus inimigos. Vossa doutrina me salvou de muitas coisas e me faz suportar os revezes com resignação.
Quanto vos seria reconhecido, caro senhor, se orásseis algumas vezes por mim!
Recebei, etc.
D...
Lyon, 09 de março de 1863.

Meu caro mestre,

Devo começar pedindo um duplo perdão, primeiro, por haver retardado muito o cumprimento de um dever desta natureza; segundo, pela liberdade que tomo, sem ter a honra de ser vosso conhecido, de tratar convosco de coisas que me são, de certo modo, inteiramente pessoais.
Esta consideração me obriga a ser tão breve quanto possível, para não abusar de vossa bondade, nem vos fazer perder apenas comigo um tempo que podereis empregar utilmente no bem geral.
Desde seis meses que tenho a felicidade de ser iniciado na Doutrina Espírita, senti nascer em mim um vivo sentimento de reconhecimento. Aliás, tal sentimento não passa de uma consequência muito natural da crença no Espiritismo. E, desde que tem sua razão de ser, deve igualmente manifestar-se. Em minha opinião, deve dividir-se em três partes, da qual a primeira é Deus, a quem diariamente cada espírita deve agradecer esta nova prova de sua infinita misericórdia; a segunda pertence de direito ao próprio Espiritismo, isto é, aos bons Espíritos e seus sublimes ensinamentos; enfim, a terceira, àquele que nos guia em nossa nova estrada, e que nos sentimos felizes ao reconhecê-lo como nosso mestre venerado.
O reconhecimento espírita assim compreendido, impõe três deveres bem distintos: para com Deus, para com os bons Espíritos e para com o propagador de seus ensinamentos. Tenho esperança de me quitar com Deus pedindo-lhe perdão de meus erros passados e continuando a orar cada dia. Tentarei pagar minha dívida ao Espiritismo, espalhando em meu redor, tanto quanto esteja em fraco poder, os benefícios da instrução espírita; e o objetivo desta carta é vos testemunhar, senhor, o vivo desejo que sentia de me desobrigar para convosco, o que me acuso de fazer tão tardiamente. Apelo, pois, à vossa caridade e vos peço aceiteis esta sincera homenagem de um reconhecimento sem limites.
Associando-me de coração aos que me precederam, venho dizer-vos: obrigado a vós que nos haveis tirado do erro, fazendo brilhar sobre nós o facho da verdade; obrigado a vós que nos destes a conhecer os meios de chegar à verdadeira felicidade pela prática do bem; obrigado a vós, que não temeis ser o primeiro a entrar na luta.
A chegada do Espiritismo no século dezenove, numa época em que o egoísmo e o materialismo parecem dividir o domínio do mundo, é um fato muito importante e muito extraordinário para não provocar a admiração e o espanto das pessoas sérias e dos espíritos observadores. Tal fato é completamente inexplicável para os que recusam reconhecer a intervenção divina na marcha dos grandes acontecimentos que se realizam entre nós e, muitas vezes, malgrado nosso.
Mas, um fato não menos surpreendente, é que se tenha encontrado, nesta época de incredulidade, um homem bastante crente, bastante corajoso, para sair da multidão, para abandonar a corrente e anunciar uma doutrina que devia pô-lo em desacordo com o maior número de pessoas, pois seu objetivo é combater e derrubar os preconceitos, os abusos e os erros da massa, e, enfim, pregar a fé aos materialistas, a caridade aos egoístas, a moderação aos fanáticos, a verdade a todos.
Esse fato está hoje realizado, portanto, não era impossível. Mas, para realizá-lo, era necessária uma coragem que só a fé pode dar. Eis o que causa a nossa admiração.
Semelhante devotamento, meu caro mestre, não podia ficar infrutífero. Assim, desde já, podeis começar a receber a recompensa de vosso labor, contemplando o triunfo da doutrina que ensinastes.
Sem vos preocupar com o número e a força dos vossos adversários, descestes sozinho à arena, e vos opusestes às facécias injuriosas com uma serenidade inalterável, e aos ataques e calúnias, com a moderação. Assim, em pouco tempo, o Espiritismo propagou-se por todas as partes do mundo. Hoje seus adeptos se contam aos milhões e, o que é ainda mais satisfatório, se recrutam em todos os graus da escala social. Ricos e pobres, ignorantes e letrados, livres-pensadores e puritanos, todos responderam ao apelo do Espiritismo, e cada classe empenhou-se em fornecer seu contingente nesta grande cruzada da inteligência... Luta sublime, onde o vencido tem orgulho de proclamar sua derrota, e mais orgulho ainda de combater sob a bandeira dos vencedores.
Esta vitória não só honra aquele que a conquistou, mas também atesta a justeza da causa, isto é, a superioridade da Doutrina Espírita sobre todas as que a precederam e, consequentemente, sua origem divina. Para o adepto fervoroso, o fato não pode ser posto em dúvida, e o Espiritismo não pode ser obra de alguns cérebros dementes, como seus detratores tentaram demonstrar. É impossível que o Espiritismo seja uma obra humana. Deve ser, e é, com efeito, uma revelação divina. Se assim não fosse, já teria sucumbido e teria ficado impotente perante a indiferença e o materialismo.
Toda ciência humana é sistemática em sua essência e, por isso mesmo, sujeita a erro. Eis por que não pode ser admitida senão por um pequeno número de indivíduos que, por ignorância ou por cálculo, propagam crenças errôneas que caem por si mesmas depois de algum tempo de prova. O tempo e a razão sempre têm feito justiça às doutrinas abusivas e despidas de fundamento. Nenhuma ciência, nenhuma doutrina pode pretender estabilidade se não possuir, no seu conjunto, como nos menores detalhes, essa emanação pura e divina a que chamamos verdade, porque só a verdade é imutável como o Criador, que é a sua fonte. Disto encontramos um exemplo muito consolador nas divinas palavras do Cristo, que o santo Evangelho, a despeito de sua longa e aventurosa peregrinação, nos transmitiu tão suaves, tão puras quanto ao caírem da boca do divino Renovador.
Depois de dezoito séculos de existência, a doutrina do Cristo nos parece tão luminosa quanto no momento de seu nascimento. Malgrado as falsas interpretações de uns e as perseguições de outros, e posto que pouco praticada em nossos dias, nem por isso ficou menos enraizada na lembrança dos homens. A doutrina do Cristo é, pois, uma base indestrutível, contra a qual se vêm quebrar incessantemente as paixões humanas. Como a vaga impotente que se arrebenta contra o rochedo, as tempestades do erro se esgotam em vãos esforços contra o farol da verdade. Sendo o Espiritismo a confirmação e o complemento dessa doutrina, é portanto justo dizer-se que se transformará num monumento indestrutível, porque tem Deus como princípio e a verdade como base.
Assim como nos sentimos felizes predizendo seu longo destino, entrevemos com felicidade o momento em que será crença universal. Esse momento não está muito distante, porque os homens não tardarão a compreender que aqui em baixo não há felicidade possível sem fraternidade. Eles compreenderão, também, que a palavra virtude não deve apenas errar sobre os lábios, mas gravar-se profundamente nos corações. Compreenderão, enfim, que aquele que toma a tarefa de pregar a moral deve, antes de tudo e sobretudo, pregá-la pelo exemplo.
Eu paro, meu caro mestre, pois a grandeza do assunto arrasta-me para alturas onde não me posso manter. Mãos mais hábeis que as minhas já pintaram com vivas cores o quadro tocante que em vão minha pena ignorante tenta esboçar. Peço-vos me perdoeis por ter-vos distraído tanto tempo com meus próprios sentimentos, mas eu sentia um desejo invencível de me expandir no seio daquele que havia dado calma a minha alma, substituindo a dúvida que a torturava há quinze anos, por uma certeza consoladora!
Eu fui, sucessivamente, católico fervoroso, fatalista, materialista, filósofo resignado; mas, dou graças a Deus, jamais fui ateu. Eu praguejava contra a Providência, sem contudo negar Deus. Para mim, de há muito, as chamas do inferno estavam extintas, contudo, meu espírito não estava tranquilo quanto ao futuro. Os prazeres celestes preconizados pela Igreja não tinham atrativos suficientes para exortar-me à virtude, entretanto, raramente minha consciência aprovava minha conduta. Estava em contínua dúvida. Apropriando-me do pensamento de um grande filósofo de que “A consciência foi dada ao homem para o vexar”, eu tinha chegado à conclusão de que o homem deve evitar tudo quanto possa divorciá-lo de sua consciência. Assim, teria evitado cometer uma grande falta, porque minha consciência a isso se opunha; teria praticado algumas boas obras para experimentar a satisfação que elas provocavam, mas eu nada via além. A Natureza me havia tirado do nada; a morte devia levar-me ao nada! Este pensamento por vezes me mergulhava numa profunda tristeza, mas, por mais que consultasse, que buscasse, nada me dava a chave do enigma. As desigualdades sociais me chocavam, e muitas vezes eu indagava por que havia nascido no sopé da escada, onde me achava tão mal colocado. Não podendo dar a resposta, dizia: o acaso!
Uma consideração de outro gênero me fazia sentir horror do nada! De que valia instruir-se? Para brilhar num salão?... é preciso fortuna; para se tornar um poeta, um grande escritor?... é preciso um talento natural. Mas para mim, simples artesão, talvez destinado a morrer sobre o banco de trabalho, ao qual me liguei por necessidade de ganhar o pão diário... para que instruir-me?...
Eu não sei quase nada e isso já é muito, pois nada me serve em vida e tudo deve apagar-se com a morte. Tal pensamento apresentou-se muitas vezes em meu espírito; eu tinha chegado a maldizer essa instrução que é dada gratuitamente ao filho do operário. Essa instrução, ainda que muito exígua, muito incompleta, me parecia supérflua e não só nociva à felicidade do pobre, mas incompatível com as exigências de sua condição. Em minha opinião, era uma calamidade a mais para o pobre, pois lhe dava a compreender a importância do mal, sem lhe indicar o remédio. É fácil explicar os sofrimentos morais de um homem que, sentindo bater no peito um coração nobre, é obrigado a curvar a sua inteligência à vontade de um indivíduo para o qual um punhado de escudos, por vezes mal adquiridos, constitui todo o mérito e todo o saber.
É então que se precisa apelar para a filosofia; olhando o topo da escada, a gente diz: o dinheiro não faz a felicidade. Depois, olhando para baixo, veem-se criaturas numa posição inferior à sua e se acrescenta: tenhamos paciência, há outras a lamentar mais que nós. Mas, se por vezes essa filosofia dá resignação, jamais produz a felicidade.
Eu estava nessa situação quando o Espiritismo veio tirar-me do atoleiro de provas e de incertezas onde me afundava cada vez mais, a despeito dos esforços para sair.
Durante dois anos ouvi falar do Espiritismo sem lhe dar atenção séria. Julgava, como diziam seus adversários, tratar-se de mais uma palhaçada, entre tantas outras. Mas, enfim, fatigado de ouvir falar de uma coisa da qual apenas sabia o nome, resolvi instruir-me. AdquiriO livro dos Espíritos e O livro dos médiuns. Li, ou melhor, devorei essas duas obras com uma avidez e uma satisfação impossível de definir. Qual não foi minha surpresa, lançando os olhos sobre as primeiras páginas, ao ver que se tratava de filosofia moral e religiosa, quando eu esperava ler um tratado de magia acompanhado de histórias maravilhosas! Logo a surpresa deu lugar à convicção e ao reconhecimento. Quando terminei a leitura, percebi com felicidade que era espírita há muito tempo. Agradeci a Deus que me concedia este insigne favor. De agora em diante poderei orar sem temer que minhas preces se percam no espaço, e suportarei com alegria as tribulações desta curta existência, sabendo que a minha miséria atual não passa de justa consequência de um passado culposo ou de um período de prova para alcançar um futuro melhor. Não mais a dúvida. A justiça e a lógica nos desvendam a verdade; e nós aclamamos com felicidade esta benfeitora da Humanidade.
É quase inútil dizer-vos, meu caro mestre, quanto era grande o meu desejo de ser médium. Assim, estudei com grande perseverança. Após alguns dias de observação, reconheci que era médium intuitivo; meu desejo se realizava a meio, pois desejava muito ser médium mecânico.
A mediunidade intuitiva deixa por muito tempo a dúvida no espírito de quem a possui. Para dissipar todos os escrúpulos a esse respeito, tive que assistir a algumas sessões de Espiritismo, a fim de poder fazer uma comparação entre a minha mediunidade e a de outros médiuns. Foi então que compreendi a justeza de vossa recomendação que prescreve ler antes de ver, se se quiser ficar convencido. Porque, posso dizer-vos francamente, nada vi de convincente para um incrédulo. Eu daria tudo para ter sido colocado pela Providência sob a direção imediata de nosso bem-amado chefe, porque pensava que as provas deviam ser mais palpáveis e frequentes na sociedade que presidis. Não obstante, não me detive aí, e convidei alguns médiuns escreventes, videntes e desenhistas a se reunirem comigo para trabalharmos juntos. Foi então que tive a sorte de testemunhar fatos surpreendentes e as provas mais evidentes da bondade e da verdade do Espiritismo. Pela segunda vez, eu estava convencido!
Junto a esta carta, já bem longa, algumas das minhas comunicações. Serei feliz, meu caro mestre, se vos for possível dar-lhes uma olhada e julgar de seu valor. Do ponto de vista moral eu creio que são irreprocháveis, mas do ponto de vista literário... não estando apto a julgá-las eu mesmo, abstenho-me de qualquer apreciação. Se, contra minha expectativa, encontrardes alguns fragmentos aceitáveis para serem dados à publicidade, peço-vos deles dispor à vontade. Para mim seria uma grande felicidade haver contribuído com uma pequena pedra para a construção do edifício.
Daria um grande valor a uma resposta de vosso próprio punho, meu caro mestre, mas não ouso solicitar, pois sei da impossibilidade material em que vos achais de responder a todas as cartas que vos são dirigidas. Termino vos rogando perdoeis esta extrema liberdade, esperando creiais na sinceridade daquele que tem a honra de se dizer um dos vossos fervorosos admiradores e vosso muito humilde servo.

MICHEL


Rua Bouteille, 25, Lyon"


("Revista Espírita", Abril de 1863)


domingo, 18 de dezembro de 2016

"A LENDA DA DINHEIRO"

"Conta-se que, no princípio do mundo, o Senhor entrou em dificuldades no desenvolvimento da obra terrestre, porque os homens se entregaram a excessivo repouso.
Ninguém se animava a trabalhar. Terra solta amontoava-se aqui e ali. Minerais variados estendiam-se ao léu. Águas estagnadas apareciam em toda parte.
O Divino Organizador pretendia erguer lares e templos, educandários e abrigos diversos, mas... com que braços?
Os homens e as mulheres da Terra, convidados ao suor da edificação por amor, respondiam: - "para quê ?" E comiam frutos silvestres, perseguiam animais para devorá-los e dormiam sob as grandes árvores.
Após refletir muito, o Celeste Governador criou o dinheiro, adivinhando que as criaturas, presas da ignorância, se não sabiam agir por amor, operariam por ambição.
E assim aconteceu.
Tão logo surgiu o dinheiro, a comunidade fragmentou-se em pequenas e grandes facções, incentivando-se a produção de benefícios gerais e de valores imaginativos.
Apareceram candidatos a toda espécie de serviços.
O primeiro deles pediu ao Senhor permissão para fundar uma grande olaria. Outro requeveu meios de pesquisar os minérios pesados, de maneira a transformá-los em utensílios. Certo trabalhador suplicou recursos para aproveitamento de grandes áreas na exploração de cereais. Outro, ainda, implorou empréstimo para produzir fios, de modo a colaborar no aperfeiçoamento do vestuário.
Servidores de várias procedências vieram e solicitaram auxílio financeiro destinado à criação de remédios.
O Senhor a todos atendeu com alegria.
Em breve, olarias e lavouras, teares rústicos e oficinas rudimentares se improvisaram aqui e acolá, desenvolvendo progresso amplo na inteligência e nas coisas.
Os homens, ansiosamente procurando o dinheiro, a fim de se tornarem mais destacados e poderosos entre si, tràbalhavam sem descanso, produzindo tijolos, instrumentos agrícolas, máquinas, fios, óleos, alimento abundante, agasalho, calçados e inúmeras invenções de conforto, e, assim, a terra menos proveitosa foi removida, as pedras aproveitadas e os rios canalizados convenientemente para a irrigação; os frutos foram guardados em conserva preciosa; estradas foram traçadas de norte a sul, de leste a oeste e as águas receberam as primeiras embarcações.
Toda gente perseguia o dinheiro e guerreava pela posse dele.
Vendo, então, o Senhor que os homens produziam vantagens e prosperidade, no anseio de posse, considerou, satisfeito:
- Meus filhos da Terra não puderam servir por amor, em vista da deficiência que, por enquanto, lhes assinala a posição; todavia, o dinheiro estabelecera benéficas competições entre eles, em benefício da obra geral. Reterão provisoriamente os recursos que me pertencem e, com a sensação da propriedade, improvisarão todos os produtos e materiais de que o aprimoramento do mundo necessita. Esta é a minha Lei de Empréstimo que permanecerá assentada no Céu. Cederei possibilidades a quantos mo pedirem, de acordo com as exigências do aproveitamento comum; todavia, cada beneficiário apresentar-me-á contas do que houver despendido, porque a Morte conduzi-los-á, um a um, à minha presença. Este decreto divino funcionará para cada pessoa, em particular, até que meus filhos, individualmente, aprendam a servir por amor à felicidade geral, livres do grilhão que a posse institui.
Desde então, a maioria das criaturas passou a trabalhar por dedicação ao dinheiro, que é de propriedade exclusiva do Senhor, da aplicação do qual cada homem e cada mulher prestarão contas a Ele mais tarde."
("Alvorada Cristã", Neio Lúcio/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 17 de dezembro de 2016

"TEMAS DE ESPERANÇA"

"Quem goste de pessimismo, e se queixe de solidão, observe se alguém estima repousar no espinheiro.
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Pense que se não houvesses nascido para melhorar o ambiente em que vives, estarias decerto em Planos Superiores.
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Com a lamentação é possível deprimir os que mais nos ajudam.
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Se pretendes auxiliar a alguém, começa mostrando alegria.
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A conversa triste com os tristes, deixam os tristes muito mais tristes.
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Quem disser que Deus desanimou de amparar a Humanidade, medite na beleza do Sol, em cada alvorecer.
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Se tiveres de chorar por algum motivo que consideres justo, chora trabalhando, para o bem, para que as lágrimas não se te façam inúteis.
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Nos dias de provação, efetivamente, não seriam razoáveis quaisquer espetáculos de bom humor, entretanto, o bom ânimo e a esperança são luzes e bênçãos em qualquer lugar.
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Guarda a lição do passado, mas não percas tempo lastimando aquilo que o tempo não pode restituir.
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Quando estiveres à beira do desalento pergunta a ti mesmo se estás num mundo em construção ou se estás numa colônia de férias.
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Deus permitiu a existência das quedas d’água para aprendermos quanta força de trabalho e renovação podemos extrair de nossas próprias quedas.
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Não sofras pensando nos defeitos alheios; os outros são espíritos, quais nós mesmos, em preparação ou tratamento para a Vida Maior.
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Se procuras a paz, não critiques e sim ajuda sempre.
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Indica a pessoa que teria construido algo de bom, sem suor e sofrimento.
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Toda irritação é um estorvo no trabalho.
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Deixa um traço de alegria onde passes e a tua alegria será sempre acrescentada mais à frente.
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Quem furta a esperança, cria a doença.
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O sorriso é sempre uma luz em tua porta."
("Companheiro",  Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)