quarta-feira, 30 de abril de 2014

"EVITANDO OBSESSÕES"

"Não deixe de sonhar, mas enfrente as suas realidades no cotidiano.Reduza suas queixas ao mínimo, quando não possa dominá-las de todo.Fale tranqüilizando a quem ouve.Deixe que os outros vivam a existência deles, tanto quanto você deseja viver a existência que Deus lhe deu.Não descreia do poder do trabalho. Nunca admita que o bem possa ser praticado sem dificuldade.Cultive a perseverança, na direção do melhor, jamais a teimosia em pontos de vista.Aceite suas desilusões com realismo, extraindo delas o valor da experiência, sem perder  tempo com lamentações improdutivas.Convença-se de que você somente solucionará os seus problemas se não fugir deles. Recorde que decepções, embaraços, desenganos e provações são marcos no caminho de todos e que, por isso mesmo, para evitar o próprio enfaixamento na obsessão o que importa não é o sofrimento que nos visite e sim a nossa reação pessoal diante dele."
("Paz e Renovação", André Luiz/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 29 de abril de 2014

"PODANDO IRRITAÇÕES"

"Se ainda trazes, porventura, o hábito de encolerizar-te e se já consegues reconhecer-lhe os prejuízos, podes claramente erradicá-la, atendendo à própria renovação.
Inicia as atividades diárias, pensando em Deus e agradecendo as tuas possibilidades de fazer o bem.
Medita, racionalmente, ante o clima de conhecimento superior que já possuis, na certeza de que te encontras na ocasião de expressar o melhor de ti mesmo.
Pensa nos companheiros até agora capazes de induzir-te ao azedume, por irmãos nossos com qualidades, por enquanto, imperfeitas tanto quanto as nossas.
Se algum traço de amargura se te fixa no coração relativamente ao comportamento infeliz de alguém, através de ações que consideres lesivas aos teus ensinamentos, desculpa a esse alguém, procurando esquecer-lhe a falta naturalmente impensada.
Pondera que se os outros erram, também nós erramos, bastas vezes, na condição de espíritos, ainda ligados às múltiplas faixas da evolução terrestre.
Não te aceites por infalível, a fim de entenderes com indulgência aqueles que, acaso, te falharem à confiança.
Reflete na intimidade do coração que ninguém consegue algo realizar sem o concurso de alguém, para que aproveites os valores maduros dos colaboradores que a Divina Providência te confiou, sem estragar-lhes os valores ainda verdes.
Abstém-te de lastimar fracassos e dificuldades que já passaram e entrega-te à reconstrução da própria paz, em bases de serviço e discernimento.
Não nos esqueçamos de que, nas mais complicadas circunstâncias, a vida nos requisita a prática do bem e que, por isso mesmo, qualquer ocasião, para cada um de nós, é tempo de compreender e abençoar, auxiliar e servir."
("Calma", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

"Deus ajuda aos que se ajudam a si mesmos"


"Deus assiste aos que se ajudam a si mesmos, segundo a máxima: “Ajuda-te e o céu te ajudará”, e não aos que tudo esperam do socorro alheio, sem usar as próprias faculdades."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec)
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"PIEDADE EM CASA"

"Não aguardes as ocorrências da dor para desabotoares a flor da piedade no coração.
Sê afável com os teus, sê gentil em casa, sê generoso onde estiveres.
No lar, encontrarás múltiplas ocasiões, cada dia, para o cultivo da celeste virtude.
Tolera, com calma silenciosa, a cólera daqueles que vivem sob o teto que te agasalha.
Não pronuncies frases de acusação contra o parente que se ausentou por algumas horas.
Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Na tarefa de esposo, desculpa a fraqueza ou a exasperação da companheira, nos dias cinzentos da incompreensão; e, no ministério da esposa, aprende a perdoar as faltas do companheiro e a esquecê-las, a fim de que ele se fortaleça no crescimento do bem.
Se és pai ou mãe, compadece-te de teus filhos, quando estejam dominados pela indisciplina ou pela cegueira; e, se és filho ou filha, ajuda aos pais, quando sofram nos excessos de rigorismo ou na intemperança mental.
Compreende o irmão que errou e ajuda-o para que não se faça pior, e capacita-te de que toda revolta nasce da ignorância para que tuas horas no lar e no mundo sejam forças de fraternidade e de auxilio.
Quando estiveres à beira da impaciência ou da ira, perdoa setenta vezes sete vezes e adota o silêncio por gênio guardião de tua própria paz.
Compadece-te sempre.
Se tudo é desespero e conturbação, onde te encontras, compadece-te ainda, ampara e espera, sem reclamar.
Guarda a piedade, entre as bênçãos do trabalho.
Habituemo-nos a ignorar todo o mal, fazendo todo o bem ao nosso alcance.
A piedade do Senhor, nas grandes crises da vida, transformou-se em perdão com bondade e em ressurreição com serviço incessante pelo soerguimento do mundo inteiro."

("Alvorada do reino",  Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 27 de abril de 2014

"A TAREFA DOS GUIAS ESPIRITUAIS"

"Os guias invisíveis do homem não poderão, de forma alguma, afastar as dificuldades materiais dos seus caminhos evolutivos sobre a face da Terra.

O Espaço está cheio de incógnitas para todos os Espíritos.

Se os encarnados sentem a existência de fluidos imponderáveis que ainda não podem compreender, os desencarnados estão marchando igualmente para a descoberta de outros segredos divinos que lhes preocupam a mente.

Quando falamos, portanto, da influência do Evangelho nas grandes questões sociológicas da atualidade, apontamos às criaturas o corpo de leis, pelas quais devem nortear as suas vidas no planeta. O chefe de determinados serviços recebe regulamentos necessários dos seus superiores, que ele deverá pôr em prática na administração. Nossas atividades são de colaborar com os nossos irmãos no domínio do conhecimento desses códigos de justiça e de amor, a cuja base viverá a legislação do futuro. Os Espíritos não voltariam à Terra apenas para dizerem, aos seus companheiros, das beatitudes eternas nos planos divinos da imensidade. Todos os homens conhecem a fatalidade da morte e sabem que é inevitável a sua futura mudança para a vida espiritual. Todas as criaturas estão, assim, fadadas a conhecer aquilo que já conhecemos. Nossa palavra é para que a Terra vibre conosco nos ideais sublimes da fraternidade e da redenção espiritual. Se falamos dos mundos felizes, é para que o planeta terreno seja igualmente venturoso. Se dizemos do amor que enche a vida inteira da Criação Infinita, é para que o homem aprenda também a amar a vida e os seus semelhantes. Se discorremos acerca das condições aperfeiçoadas da existência em planos redimidos do Universo, é para que a Terra ponha em prática essas mesmas condições. Os códigos aplicados, em outras esferas mais adiantadas, baseados na solidariedade universal, deverão, por sua vez, merecer ai a atenção e os estudos precisos.

O orbe terreno não está alheio ao concerto universal de todos os sóis e de todas as esferas que povoam o Ilimitado; parte integrante da infinita comunidade dos mundos, a Terra conhecerá as alegrias perfeitas da harmonia da vida. E a vida é sempre amor, luz, criação, movimento e poder.

Os desvios e os excessos dos homens é que fizeram do vosso planeta a mansão triste das sombras e dos contrastes. 

Fluidos misteriosos ligam a Deus todas as belezas da sua criação perfeita e inimitável. Os homens terão, portanto, o seu quinhão de felicidade imorredoura, quando estiverem integrados na harmonia com o seu Criador.

Os sóis mais remotos e mais distantes se unem ao vosso orbe de sombras, através de fluidos poderosos e intangíveis. Há uma lei de amor que reúne todas as esferas, no seio do éter universal, como existe essa força ignorada, de ordem moral, mantendo a coesão dos membros sociais, nas coletividades humanas. A Terra é, pois, componente da sociedade dos mundos. Assim como Marte ou Saturno já atingiram um estado mais avançado em conhecimentos, melhorando as condições de suas coletividades, o vosso orbe tem, igualmente, o dever de melhorar-se, avançando, pelo aperfeiçoamento das suas leis, para um estágio superior, no quadro universal.

Os homens, portanto, não devem permanecer embevecidos, diante das nossas descrições.

O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoando, cada qual, o seu próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de humildade e de amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus países, a fim de que tudo na Terra respire a mesma felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas do Infinito."
("Emmanuel", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 26 de abril de 2014

"RETIDÃO"

"Não sejas testemunha sem causa contra o teu próximo, nem o enganes com os teus lábios." PV. 24:28.
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"Aquele que testemunha sem causa embriaga-se na mentira, querendo que a ilusão tome o lugar da verdade e passa a enganar a si mesmo por desconhecer a lei de justiça, que dá a cada um segundo as suas obras.
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Não enganes com os teus lábios ao teu próximo. Ele é tu mesmo em outro corpo; cada Espírito é um elo da grande corrente universal. Ferindo o teu companheiro, impedes a energia divina de passar deles para tua necessidade. Mesmo assim, somos almas individuais, cada uma com seu mundo diferente, mas todas filhas do Pai Celestial.
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Mesmo a testemunha verdadeira precisa de disciplina na comprovação. A verdade, quando é dita sem educação na palavra, pode piorar a situação dos ofendidos e ofensores. A imparcialidade é força da justiça  ambiente da dignidade.
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O homem reto sente a assistência da honra na sua própria consciência.
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"A boca que desconhece a verdade está sujeita a fechar-se por imposição da justiça. A voz que serve à causa da integridade sente alegria no bem-estar alheio e nunca fala sem a certeza de que está ajudando.
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O Espírito que alimenta a retidão jamais compartilha com a falsidade; ele é conhecido por onde se faz conhecer pelo proceder sem lisura. A alma insensata perde o valor para as criaturas que amam a justiça.
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A falsa testemunha anda com um fardo sobremodo pesado nos ombros da consciência. A sua mente parece explodir quando se coloca no lugar do réu, que escuta suas mentiras. E pior é quem vende falsidade colocando o dinheiro acima da honra.
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Retira de vez esses pensamentos negativos da mente e do coração. E, procuremos Cristo fora e dentro de nós, abramos as portas dos sentimentos para que o Mestre entre e fique para sempre; assim, o reino interno da alma tornar-se-á reino de Deus.
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A testemunha mais feliz é aquela que dá a conhecer as suas próprias faltas."

(“Gotas de Ouro”, Carlos/João Nunes Maia)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

"HERDEIROS"

"E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros do Cristo." - Paulo (Romanos, 8:17).
 
"Incompreensivelmente, muitas escolas religiosas, através de seus expositores, relegam o homem à esfera de miserabilidade absoluta.
 
Púlpitos, tribunas, praças, livros e jornais estão repletos de tremendas acusações.
 
Os filhos da Terra são categorizados à conta de réus da pena última.
 
Ninguém contesta que o homem, na condição de aluno em crescimento na Sabedoria Universal, tem errado em todos os tempos; ninguém ignora que o crime ainda obceca, muitas vezes, o pensamento das criaturas terrestres; entretanto, é indispensável restabelecer a verdade essencial. Se muitas almas permanecem caídas, Deus lhes renova, diariamente, a oportunidade de reerguimento.
 
Além disso, o Evangelho é o roteiro do otimismo divino.
 
Paulo, em sua epístola aos romanos, confere aos homens, com justiça, o título de herdeiros do Pai e co-herdeiros de Jesus.
 
Por que razão se dilataria a paciência do Céu para conosco, se nós, os trabalhadores encarnados e desencarnados da Terra, não passássemos de seres desventurados e inúteis? Seria justa a renovação do ensejo de aprimoramento a criaturas irremediavelmente malditas?
 
É necessário fortalecer a fé sublime que elevamos ao Alto, sem nos esquecermos de que o Alto deposita santificada fé em nós.
 
Que a Humanidade não menospreze a esperança.
 
Não somos fantasmas de penas eternas e sim herdeiros da Glória Celestial, não obstante nossas antigas imperfeições. O imperativo de felicidade, porém, exige que nos eduquemos, convenientemente, habilitando-nos à posse morredoura da herança divina.
 
Olvidemos o desperdício da energia, os caprichos da infância espiritual e cresçamos, para ser, com o Pai, os tutores de nós mesmos."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

"NO CAMPO DO ESPÍRITO"

"Afirmas a sincera disposição de buscar a Esfera Superior, entretanto...

Surpreendeste lutas enormes, no próprio lar, onde os mais amados te sonegam entendimento; observaste a queda dos melhores companheiros que te exercitavam na elevação; recebeste a lama da calúnia sobre as mãos limpas; viste amigos queridos dependurarem-te o nome no varal da suspeita; notaste que as tuas mais belas palavras rolaram no gelo da indiferença; recolheste escárnio em troca de amor... 

Todos esses problemas, no entanto, são desafios da vida a te pedirem trabalho.

Seja qual seja a dificuldade, não acuses, nem desanimes. 

No campo do espírito, a injuria é lodo verbal.

Queixa é semente morta.

Reclamação é fuga estudada.

Censura é ponta de espinho.

Melindre é praga destruidora.

Irritação é tempo perdido.

Ideal inoperante é água parada.

Desalento é ramo seco.

Ninguém avança sem movimento.

Não há evolução, nem resgate, sem ação.

Evolução é suor indispensável.

Resgate é suor necessário com o pranto da consciência.
Nossas dores respondem, assim, pelas falhas que demonstremos ou pelas culpas que contraímos. A Lei estabelece, porém, que as provas e as penas se reduzam, ou se extingam, sempre que o aprendiz do progresso ou o devedor da justiça se consagre às tarefas do bem, aceitando, espontaneamente, o favor de servir e o privilégio de trabalhar."
("Justiça Divina", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 23 de abril de 2014

"NO JÚBILO DE SERVIR"

"Depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer”. Jesus (Lucas, 17:10)
        "Guarda tua alma no júbilo de servir.
       Não reclames honrarias, por mais alto te pareça o triunfo em tuas mãos.
       Se a terra se julgasse dona da árvore que frutifica na sua crosta, intentando negar-lhe arrimo, não faria mais que privar-se da proteção que o vegetal lhe dispensa, e se a árvore se presumisse proprietária da terra que a suporta, nada mais conseguiria que a eliminação de si mesma. Atenta, porém, à seiva e ao equilíbrio que a Sabedoria Divina lhe assegura entra em abençoada cooperação e produz a bênção da colheita.
       Todos os bens da vida fluem da Bondade de Nosso Pai.
       Nas tuas horas de êxito medita nas forças conjugadas que te sustentam. Pensa nos que te beneficiam e te instruem, nos que te amparam e te garantem.
       Orgulhar-se das boas obras é ensombrar a própria visão, invocando homenagens indébitas que, de direito, pertencem a Deus.
       À maneira do instrumento leal e dócil deixa que o Sumo Bem te use a vida.
       O violino, ainda mesmo o de mais rara fabricação, não vale por si, Engrandece-se, porém, na fidelidade com que se rende às mãos do artista que o integra na exaltação da Harmonia Eterna."
(“Segue-me", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 22 de abril de 2014

"NÃO DESANIMAR"


"Cabe-nos não desanimar; prosseguir com o espírito voltado para o bem, de tal forma, que as paixões primitivas cedam lugar às peregrinas virtudes descendentes do amor.

Desesperada, a criatura humana suplica misericórdia, e os céus generosos fazem chover sobre a terra as messes de misericórdia e de encorajamento para a vida.

Não vos deixeis contaminar pelos desequilíbrios que grassam, pelo vírus do horror, que leva a vida aos patamares mais sofridos. Erguei-vos em pensamentos e em ação Àquele que nos prometeu estar conosco em qualquer circunstância para que pudéssemos ter vida e vida em abundância.

Filhos da alma, vossos guias espirituais adejam ao vosso lado como aves sublimes de ternura, aguardando a oportunidade de manter convosco intercâmbio iluminativo.

Não vos permitais o luxo da negativa às suas inspirações gloriosas. Não recalcitreis ante o espinho cravado nas carnes da alma de que necessitais momentaneamente.

Desde quando conhecestes Jesus, tendes o descer de demonstrar-lhe fidelidade e amor, basta-vos abrir os sentimentos de fraternidade e de misericórdia para com todos aqueles que sofrem, perdoando-vos os equívocos e perdoando as agressões que vos chegam ameaçadoras.

Ninguém a sós, em nome desses espíritas, que comparecem a este evento há cinquenta e nove anos sucessivamente.

Nós vos conclamamos à diretriz de segurança para uma existência de paz. Amar! Sede vós aqueles que amam. Rejeitados, menosprezados e até perseguidos, aureolai-vos no amor para que se exteriorizem os sentimentos sublimes do Cordeiro de Deus e em breve possamos ver bebendo no mesmo córrego, o lobo e o cordeiro, os bons e os ainda maus, fascinados pela água pura do Evangelho libertador.

Ide em paz, meus filhos, retornai aos vossos lares e buscai a luz da verdade que dissipa a ignorância e que anula a treva.

Jesus conta convosco na razão direta em que com Ele contamos. Abençoe-nos o incomparável amigo Jesus e dê-nos a sua bênção de paz.

Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,"
 
 
(Bezerra de Menezes, em Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, na conferência de encerramento da 59ª Semana Espírita de Vitória da Conquista, em 9.9.2012)

segunda-feira, 21 de abril de 2014

"Vida feliz"


       "Mantém os teus pensamentos em ritmo de saúde e otimismo.
       A mente é dínamo poderoso.
       Conforme pensares atrairás respostas vibratórias equivalentes.
       Quem cultiva doenças, sempre padece problemas dessa natureza.
       Quem preserva a saúde, sempre supera as enfermidades.
       Pensa corretamente e serás inspirado por Deus a encontrar as soluções melhores.
       O pensamento edificante e bom é também uma oração sem palavras, que se faz sempre ouvida."
(“Vida Feliz”, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco)

domingo, 20 de abril de 2014

"O ORGULHO E A HUMILDADE"

"Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o Deus verdadeiro. Homens e mulheres deram o ouro e as jóias que possuíam, para que se construísse um ídolo que entraram a adorar. Vós outros, homens civilizados, os imitais. O Cristo vos legou a sua doutrina; deu-vos o exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e preceitos. Concorrendo para isso com as vossas paixões, fizestes um Deus a vosso jeito: segundo uns, terrível e sanguinário; segundo outros, alheado dos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas idéias.

Despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos ecoe nos vossos corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho. Numa palavra: sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não continueis a duvidar da bondade de Deus, quando dela vos dá ele tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada, rica de ciências, mas, no entanto, tão pobre de bons sentimentos, ah! então não nos restará senão chorar e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para Deus, vosso pai, e todos nós que houvermos contribuído para o cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças, agradecendo-lhe a inesgotável bondade e glorificando-o por todos os séculos dos séculos. Assim seja. - Lacordaire. (Constantina, 1863.)"
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec)

sábado, 19 de abril de 2014

"PERANTE AS PROVAÇÕES"

"Mantenha-se sempre atento nas dificuldades que esteja atravessando.
    O problema menor, ante a sua falta de tranquilidade e compreensão, pode complicar-se de modo imprevisível.
    A provação aparentemente insuperável permanecerá sob controle, desde que você não perca o domínio das próprias emoções.
    Não se esqueça de que a sua reação diante das lutas é que lhes determinará o seu grau de intensidade.
    Existem aqueles que consideram grandes obstáculos insignificantes pedras no chão...
    Outros transpõem montanhas de imensas dores com o desembaraço de experientes alpinistas...
    Quem carrega pacificamente o fardo que a vida lhe destinou terá como que o seu peso diminuído sobre os ombros, porquanto qualquer cruz sempre pesa mais nos braços de quem não sabe acariciá-la."

(André Luiz, na obra “Irmãos do Caminho”,  Carlos A. Baccelli – Espíritos diversos)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

"PALAVRAS AOS COMPANHEIROS"

"Meu amigo.
       Aprende a  semear a luz no solo dos corações, conduzindo o arado milagroso do amor, para que as sombras da ignorância abandonem a Terra para sempre.
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       Quando o pântano e o espinheiro te ameaçarem a marcha, quando a pedrada infeliz da discórdia ou o golpe imprevisto da incompreensão te ferirem o devotamento, usa a bondade que Jesus te concedeu e avança, trabalhando.
-o-
       Alguém projetou o fel da calúnia sobre o teu nome?
       Esquece e caminha.
       Muitas vezes, o coração do amigo é ainda frágil e cede ao primeiro impulso da arrasadora ventania do mal.
       Alguém escarnece o teu esforço?
       Despreocupa-te e age fraternalmente.
       Não é possível improvisar em alguns minutos o entendimento justo com respeito às realizações respeitáveis que nos felicitam o espírito.
-o-
       Alguém começou a cooperar contigo e desertou da sementeira?
       Silencia e adianta-te.
       Nem todos sabem perseverar no sacrifício pessoal pela vitória do bem, dia a dia, na esteira dos anos incessantes.
-o-
       Alguém te menoscaba a tarefa, subestimando-te o desinteresse pelas posses humanas e o carinho pela divina revelação?
       Olvida e segue.
       É preciso aprender a sofrer com a luta terrestre para reconhecer o conteúdo de ilusão que transborda das fantasias da carne que passa breve.
-o-
       Alguém te acusa gratuitamente?
       Perdoa e movimenta-te na direção do porvir.
       Há muito ódio,  muita discórdia, envenenando as almas, e a maldade lança trevas, sobre a fronte dos melhores colaboradores do progresso.
-o-
       Em todas as aflições da romagem, se souberes ver, enxergarás a ignorância oprimindo, vergastando, destruindo.
-o-
       É necessário acender a lâmpada sublime da piedade, avançando sempre.
-o-
       Observa o chão lodacento e inculto, provocando a inquietação e o pavor, quando observado precipício a dentro...
       Mas se arremessares a semente pequenina no leito tenebroso, em breve, a terra endurecida  nua se cobrirá de verdura e perfume, flores e frutos.
       Assim é o campo humano.
       Em toda parte há erosão da penúria espiritual e charcos de dor.
-o-
       Não te detenhas, porém.
       Lança a tua semente de fraternidade e sabedoria, auxílio e compreensão e a ignorância cederá terreno ao teu ideal de ajudar e servir, multiplicando-se as bênçãos de tua lavoura de amor, em benefício da Humanidade inteira."
(“INSTRUMENTOS DO TEMPO”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

"MUITOS CHAMADOS POUCOS ESCOLHIDOS"

"Muitos dormem.
Poucos despertam.

Muitos reprovam.
Poucos ajudam.

Muitos aproveitam.
Poucos semeiam.

Muitos estudam.
Poucos aprendem.

Muitos determinam.
Poucos executam.

Muitos suspiram pela felicidade.
Poucos se conformam com o suor.

Muitos reclamam.
Poucos cooperam.

Muitos sonham.
Poucos fazem.

Muitos aconselham o bem.
Poucos acompanham-nos.

Muitos pedem.
Poucos dão.

Muitos desejam.
Poucos trabalham.

Muitos perturbam.
Poucos servem.

Muitos exigem.
Poucos colaboram.

Muitos esperam.
Poucos se movimentam.

Muitos apelam.
Poucos atendem.

O mundo é uma grande escola de preparação e aperfeiçoamento, em cujas classes o Senhor convida nominalmente a todos para o progresso no engrandecimento comum, entretanto, raros se fazem escolhidos pela cooperação, pelo aproveitamento e pela boa vontade."

("Taça de Luz", André Luiz/Francisco Cândido Xavier) 






quarta-feira, 16 de abril de 2014

"CONVITE À ORDEM"

“Mas faça-se tudo com decência e ordem.”
(I Coríntios: 14-40)

       "Ninguém desconsidere o imperativo da ordem, sejam quais forem os argumentos nos quais estribe as próprias reações.
       Ordem é sinônimo de evolução, de equilíbrio.
       Muitas vezes, constrangidos pelas circunstâncias, somos convocados à rebelião na pressuposição de que arrebentando as amarras a que nos atamos poderemos fruir liberdade.
       Liberdade, todavia, que não se condiciona a diretrizes de segurança, mui facilmente se converte em indisciplina que promove a anarquia e favorece a libertinagem...
       A ordem conduz ao entendimento dos deveres que ampliam as possibilidades do ser a benefício do progresso.
       Nesse particular a obediência às normativas superiores é dever impostergável para os superiores resultados da vida.
       Como devem os pais responsabilidade e esforço em prol da educação e da preservação dos filhos, a estes cabem a submissão e a obediência...
       Nem a chocante subserviência às condições arbitrárias, nem a indiferença em face aos desvarios que se avolumam por toda parte.
       Ordem significa, também, subordinação à Divina Vontade sem exigências nem imposições.
       Indispensável compreender a escala da evolução que a todos nos identifica e a todos nos caracteriza. Assim considerando, há aqueles que são os responsáveis pelo progresso, impulsionando a conquista e aqueles que são cooperadores em diversos estágios do trabalho edificante. Contribuindo com humildade e resignação, o homem se transforma em verdadeiro instrumento do bem, desdobrando possibilidades e mantendo as condições de eficiência para o engrandecimento do mundo e das demais criaturas.
       Em toda parte a ordem é mensagem de Deus testificando a Sua Imarcescível Grandeza e Perfeição."
(“CONVITES DA VIDA”, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco)

terça-feira, 15 de abril de 2014

"COOPERAÇÃO"

"Para que alguém dirija com êxito e eficiência uma empresa importante, não lhe basta a nomeação para o encargo.

Exige-se-lhe um conjunto de qualidades superiores para que a obra se consolide e prospere. Não apenas autoridade, mas direção com discernimento.

Não só teoria e cultura, mas virtude e juízo claro de proporções.

Dilatados recursos nas mãos, a serviço de uma cabeça sem rumo, constituem tesouros nos braços da insensatez, assim como a riqueza sem orientação é navio à matroca.

Quem governa emitirá forças de justiça e bondade, trabalho e disciplina, para atingir os objetivos da tarefa em que foi situado.

Quando o poder é intemperante, sofre o povo a intranqüilidade e a mazorca, e, quando a inteligência não possui o timão do caráter sadio, espalha, em torno, a miséria e a crueldade.

Daí, conhecermos tantos tiranos nimbados de grandeza mental e tantos gênios de requintada sensibilidade, mas atolados no vício.

No mundo íntimo, a vontade é o capitão que não pode relaxar no mister que lhe é devido.

E assim como o administrador de um serviço reclama a ajuda de assessores corretos, a vontade não prescindirá da ponderação e da lógica, conselheiros respeitáveis na chefia das decisões.

No entanto, urge que o senso de cooperação seja chamado a sustentar-lhe os impulsos.

Nas linhas da atividade terrestre, quem orienta com segurança não ignora a hierarquia natural que vige na coexistência de todos os valores indispensáveis à vida.

Na confecção do agasalho comum, o fio contará com o apoio da máquina, a máquina esperará pela competência do operário, o operário edificar-se-á no técnico que lhe supervisiona o trabalho, o técnico arrimar-se-á na diretoria da fábrica e a diretoria da fábrica equilibrar-se-á no movimento da indústria, dele extraindo o combustível econômico necessário à alimentação do núcleo de serviço que lhe obedece aos ditames.

Observamos, assim, que no Estado Individual a vontade, para satisfazer à governança que lhe compete, sem colapsos de equilíbrio, precisa socorrer-se da colaboração a fim de que se lhe clareie a atividade.

A cooperação espontânea é o supremo ingrediente da ordem.

Da Glória Divina às balizas subatômicas, o Universo pode ser definido como sendo uma cadeia de vidas que se entrosam na Grande Vida.

Cooperação significa obediência construtiva aos impositivos da frente e socorro implícito às privações da retaguarda.

Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste aos processos da evolução."

("Pensamento e Vida", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

"OLHAI"

"Olhai, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo." – Jesus (Marcos, 13:33).
 
"Marcos registra determinada fórmula de vigilância que revela a nossa necessidade de mobilizar todos os recursos de reflexão e análise.
 
Muitas vezes, referimo-nos ao "orai e vigiai", sem meditar-lhe a complexidade e a extensão.
 
É indispensável guardar os caminhos, imprescindível se torna movimentar possibilidades na esfera do bem, entretanto, essa atitude não dispensa a visão com entendimento.
 
O imperativo colocado por Marcos, ao princípio da recomendação de Jesus, é de valor inestimável à perfeita interpretação do texto.
 
É preciso olhar, isto é, examinar, ponderar, refletir, para que a vigilância não seja incompleta.
 
Discernir é a primeira preocupação da sentinela.
 
O discípulo não pode guardar-se, defendendo simultaneamente o patrimônio que lhe foi confiado, sem estender a visão psicológica, buscando penetrar a intimidade essencial das situações e dos acontecimentos.
 
Olhai o trabalho de cada dia.
 
O serviço comum permanece repleto de mensagens proveitosas.
 
Fixai as relações afetivas. São portadoras de alvitres necessários ao vosso equilíbrio.
 
Fiscalizai as circunstâncias observando as sugestões que vos lançam ao centro d’alma.
 
Na casa sentimental, reúnem-se as inteligências invisíveis que permutam impressões convosco, em silêncio.
 
Detende-vos na apreciação do dia; seus campos constituídos de horas e minutos são repositórios de profundos ensinamentos e valiosas oportunidades.
 

Olhai, refleti, ponderai!... Depois disso, naturalmente, estareis prontos a vigiar e orar com proveito."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 13 de abril de 2014

"O EFEITO DA CÓLERA"


"Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.

Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.

Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada.

O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:

— Vai em paz e não peques mais.

O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.

Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisou-lhe num dos calos que trazia nos pés.

O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas.

Estabeleceu-se grande tumulto.

Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.

Contemplando a vítima em sangue, abeirou-sedo ofensor e falou:
— Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu?

O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou para o Cristo:

— Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?

Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:

- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração.

E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade."
 
 (" Pai Nosso", Meimei/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 12 de abril de 2014

"OBTER"

"Muitos rogam chorando. E muitos recebem sorrindo as concessões que solicitam do Celeste Poder.
-x-
       Contudo, é preciso não olvidar os compromissos que a dádiva envolve em si mesma.
       Na vida comum, disputamos determinada posição de serviço, não somente para amealhar os vencimentos que lhe digam respeito, mas também para trabalhar, fazendo jus ao salário ganho.
       Uma planta simples recebe do horticultor cuidados especiais não apenas para adornar a paisagem, mas igualmente para produzir, valorizando-lhe o suor e o celeiro.
-x-
       É imprescindível, assim, meditar nas responsabilidades das bênçãos que entesouramos.
       Rogamos ao Céu a prerrogativa da saúde e o equilíbrio físico nos enriquece a existência, entretanto, chegará o dia em que a Divina Contabilidade nos examinará as experiências.
-x-
       Pretendemos dignificar a personalidade com títulos que nos aformoseiem a condição social e as forças intangíveis das Esferas Superiores nos auxiliam, através de mil modos, na aquisição deles.
-x-
       No entanto, surgirá o momento em que seremos convocados à prestação de informes sobre o aproveitamento edificante da oportunidade que nos foi conferida.
-x-
       É justo pedir sempre.
       E é natural receber sempre mais.
       Todavia, a Lei sábia e justa nos espreita os passos e os movimentos de vez que se há tempo de emprestar, há também tempo de ressarcir.
-x-
       Vejamos, pois, que fazemos da riqueza de luz, a expressar-se na fé renovadora e reconfortante que nos ampara atualmente os destinos.
-x-
       Ontem, antes da presente romagem evolutiva, éramos órfãos de paz e segurança, vagueando no turbilhão das sombras a que relegamos o próprio espírito pela delinquência multissecular, mas o Senhor, assinalando-nos as súplicas, reformou-nos os títulos de trabalho, em favor de nosso próprio aperfeiçoamento.
       Somos servos privilegiados com valioso empréstimo de dons sublimes.
       Abstenhamo-nos, desse modo, da perda de tempo e ataquemos a tarefa que nos compete atender.
-x-
       Hoje, brilha conosco o ensejo de auxiliar, aprender, amar, perdoar, sublimar e redimir...
       Não nos esqueçamos, porém, de que as horas voam apressadas e de que amanhã, a Lei nos tomará contas do serviço realizado, porque obter, na Terra ou no Céu, exige fazer e resgatar."

(Emmanuel, na obra “Esperança e Luz”, Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

"Triunfareis..."





"Triunfareis, se a caridade vos inspirar e vos sustentar a fé."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec)

"OURO E BATATAS"



"João Peres, prestimoso amigo do Plano Espiritual, estava de volta à esfera dos homens.

Tudo pronto para o renascimento. E porque desfrutasse merecidos afetos, era como bênçãos de luz a festa das despedidas.

- Tornarei, sim – dizia bem humorado -, e espero vencer agora.

Indagou alguém se estava informado quanto ao pretérito, ao que respondeu generoso:

- Conservo a memória voltada para certo período – e modificando a expressão fisionômica: Tinha eu trinta anos de idade, em Taubaté, quando foi promulgada a lei de 18 de abril de 1702, sob o nome de “Regimento dos Superintendentes, Guarda-Mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro”, com que o cetro português procurava incentivar a mineração no Brasil. Cada minerador, com mais de 12 escravos poderia receber uma data com 900 braças quadradas, ou seja, 4.356 metros quadrados. Vendi a propriedade que herdara, sozinho, de meus avós, e rumei para Vila Rica. Instalado nas vizinhanças de São João Del Rei, consegui catorze cativos e comecei meu trabalho. Cobiçoso, não mentalizava senão ouro, ouro, ouro... Mas enquanto companheiros diversos prosperavam, felizes, não encontrava por mim senão cascalho e desilusão. Mourejando de sol a sol, a pouco e pouco me desencantei. Trinta anos vivi ali a loucura do ouro. Ouvi a fama das minas de Cuiabá. Entreguei o pedaço de terra ao meu primo Martinho Dantas e abalei-me, com dois escravos, para a viagem temível.Tudo começou às mil maravilhas, mas fomos desviados da rota e, a tempo breve, achávamo-nos sem caminho, em pleno deserto verde. A seca atacava tudo. E caí doente, fatigado, febril. Na segunda noite de maiores dificuldades, Juvenal e Sertório entraram em fuga, levando-me víveres e cavalos. No delírio que me assaltava, senti fome... Cambaleei por dois dias, como bêbado solitário, procurando comer... Mastigando folhas amargas que me impunham tremenda salivação, arrastei-me, arrastei-me, até que, ao pé de uma fonte, vejo pequena bolsa, recheada com algo... Tremo de esperança. Alguém teria deixado ali algum resto de refeição. Abro o saquitel e contemplo uma farinha dourada. Semi-enlouquecido, encho a boca, como quem encontra os remanescentes de uma farofa gorda. E bebo água, muita água, para morrer depois em pavoroso suplício, porque nada mais fizera que comer ouro em pó.

II 
Peres interrompeu-se.

Todavia alguém pede mais. Encerra então a carreira?

- Não – disse ele, sorrindo -, ao pé da própria carcaça, invadida de pó valioso, demorei-me por tempo indeterminado. Se dormindo, não sei. Se acordado, ignoro. Mas sei que vivi pesadelo incessante em que via barras de ouro, pepitas de ouro, lâminas de ouro e caixas de ouro... Quando essa loucura encontrou alívio, pus-me, em espírito, no movimento da retaguarda. Muito tempo havia passado, porque o próprio Martinho não mais achei. Morrera, próspero, deixando larga fortuna aos filhos. A terra que eu lhe emprestara abrira-se, enfim, mostrando o seio aurífero. Reclamei meus direitos e bramei contra o mundo, sem que ninguém me ouvisse, até que, um dia, por bondade de Deus, dormi, tudo esquecendo... Renascera entre os bisnetos de meu primo e, desde de cedo, ansiando a pose de ouro, aprendi a comerciá-lo. Viajava entre Sabará e São João Del Rei sem medir sacrifícios. Entretanto aspirando à riqueza fácil, estimulei nos escravos o gosto do furto. Quanto me pudessem oferecer tinha preço. E aumentei meus negócios. Atravessava de novo a casa dos sessenta anos, quando a clandestinidade dos meus serviços escusos foi revelada. Dispunha, no entanto, de enorme fortuna em ouro e consegui escapar ao processo, subornando funcionários e consciências. Policiado, no entanto, resolvi retirar-me. Buscaria o território baiano e, por lá, tomaria medidas novas. Mudaria meu próprio nome. Depois, desceria por mar, rumo ao sul. Na Corte, poderia desfrutar vida farta. Tomei tropas. Viajei garantido. Servidores numerosos. Carga volumosa e pesada. Na travessia do S. Francisco, exigi que as minhas duas grandes malas de ouro me acompanhassem. “É muito peso” – disse o barqueiro, sensato. Mas exigi. Ele e eu, com a carga, ou nada feito. O homem aceitou, mas a pleno rio, surgem correntes mais fortes. O barco oscila. Vai-se a primeira mala. Tento retê-la e cai a segunda. Gritando, à feição de louco, mergulho nas profundas águas, perdendo de novo a vida...

Peres fitou-nos, pensativo, e ajuntou:

- Desde então, sofri merecidos horrores para aprender...

- E agora, Peres? – Perguntou, intrigado, um amigo que também se dispunha à reencarnação.

O ex-garimpeiro e comerciante levantou-se e atendeu:

- Agora será diferente. Volto ao meu torrão antigo em S. Paulo e vou plantar batatas. 

E, sorrindo, concluiu:

- É muito melhor."
("A Vida Escreve", Hilário Silva/ Francisco Cândido Xavier)