sábado, 30 de novembro de 2013

"T.B.C."

"Na condição de Espírito, encantamo-nos com certo grupinho de companheiros encarnados que, frequentemente, se reuniam discutindo elevados assuntos do Espiritismo.

Leandro, Jonas e Samuel pareciam-nos três apóstolos da Grande Causa.
No decurso de cinquenta meses, encontrei-os, semanalmente, em agradável “tête-à-tête”, anotando problemas da Humanidade.

Eram apontamentos valiosos à margem do Evangelho, recordações sublimes sobre o Cristo, observações sensatas acerca dos sensitivos que visitavam, altas questões sociais, notícias da mediunidade a repontar-lhes do ambiente doméstico, e impressões próprias de contacto com os Espíritos, através dos sonhos que narravam, felizes...

Tanta simpatia inspiravam-me os três, que não vacilei apontá-los ao meu amigo Cantídio dos Santos, denodado mensageiro da luz entre a nossa pobre moradia, de companheiros dos homens encarnados, e a Esfera Superior.

Não seria justo aproveitar a quem se evidenciava na posse de tanto conhecimento? Quem poderia prever a extensão da seara preciosa, capaz de surgir de semelhante conjunto?

Cantídio ouviu-me, atencioso, e prometeu providências.

Foi assim que conseguiu situar os três amigos, certa noite, num templo espírita, e, no momento aprazado, ai compareceu com Lismundo, respeitável orientador que vinha testar-lhes a decisão.

Senhoreando a engrenagem mediúnica, o emissário, com grave fisionomia temperada por larga dose de entendimento, começou a mensagem que encomendáramos, explanando sobre a magnitude do serviço espírita, que claramente classificou como sendo um privilégio que o Senhor concede às criaturas amadurecidas na idéia do bem. Logo após, entrou diretamente no objetivo, convidando os circunstantes à atividade.

Porque não abraçarem compromissos edificantes no Cristianismo renascente? Acaso, não se sentiam prestigiados pela verdade?

Jonas, Samuel e Leandro discorreram, brilhantemente, quanto às próprias convicções.

Porque o instrutor lhes estimulasse a exposição dos pontos de vista, falaram longamente das leituras que haviam efetuado. Exaltaram os princípios de Allan Kardec, louvaram as páginas de Denis, desfiaram as pesquisas de Crookes e Aksakof e analisaram as conclusões de Bozzano e Geley com notável mestria.

Ao cabo de duas horas inteiras, em que se derramaram, contentes, no verbo luminoso e estuante, Lismundo lembrou, paciente, o impositivo do trabalho que lhes carreasse os tesouros na direção do próximo.

Era preciso rearticular corações doentes e levantar almas caídas...
O benfeitor atacou a nova argumentação, salientando a oportunidade de um agrupamento destinado à sementeira da luz. Uma casa de instrução e consolo, em que os necessitados de orientação e esperança encontrassem apoio moral. Um instituto em que a idéia espírita, através do livro nobre, distribuído com largueza de sentimento, pudesse esparzir renovação e conforto.
Os ouvintes, contudo, qual se fossem surpreendidos por ducha inesperada, entreolharam-se, transidos de susto.

Leandro acusou-se pejado de provações, Samuel declarou-se esmagado por lutas da parentela, e Jonas afirmou-se incapaz de responsabilidades maiores. E enquanto se tornavam monossilábicos e arredios, o embaixador prestimoso indicou vários setores de movimentação apostólica. Santuários espíritas de evangelização, devotamento mediúnico desse ou daquele teor, escolas diversas, hospitais, recolhimentos, creches, berçários e campanhas de benemerência foram alinhados pelo instrutor, durante mais de sessenta minutos consagrados à advertência e à ternura fraterna.

O trio, no entanto, mostrou-se irredutível.

Alegou-se a falta de tempo, a incompreensão do mundo, a imperfeição da alma, a perseguição dos Espíritos das trevas, os impedimentos físicos e o martírio familiar.

Quando os convites minuciosos e reiterados podiam ser tomados à conta de imprudência, Lismundo despediu-se.

E, novamente conosco, acalmou-me o desapontamento, explicando, bondoso:
– Não se aflija. Estamos à, frente de companheiros filiados à T.B.C. ; a experiência, contudo, é a mestra de todos... Voltaremos, assim, mais tarde.

Dito isso, regressou à sua residência na Vida Maior. Intrigado, perguntei ao amigo que me esperava : – T.R.C.? que vem a ser isso? Cantídio respondeu, a sorrir :

– T.B.C. representa a sigla da Turma da Boa Conversa, compreende?

Embora agoniado, não pude ocultar o riso franco.

Voltamo-nos, então, instintivamente, para os circunstantes, e os três amigos estavam entranhados de novo em palestra acalorada, comentando a mensagem do orientador de maneira chistosa, como se a palavra “responsabilidade” não existisse."

("Contos Desta e Doutra Vida",  Irmão X/ Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

"O ALCOOLISMO"

"Sem nos determos no exame dos fatores sócio-psicológicos causais do alcoolismo generalizado, de duas ordens são as engrenagens que o desencadeiam, - observado o problema do ponto de vista espiritual.
Antigos viciados e dependentes do álcool, em desencarnando não se liberam do hábito, antes sofrendo-lhe mais rude imposição.
Prosseguindo a vida, embora a ausência do corpo, os vícios continuam vigorosos, jungindo os que a eles se aferraram a uma necessidade enlouquecedora. Atônitos e sedentos, alcoólatras desencarnados se vinculam às mentes irresponsáveis, de que se utilizam para dar larga à continuação do falso prazer, empurrando-os, a pouco e pouco, do aperitivo tido como inocente ao lamentável estado de embriaguez.
Os que lhes caem nas malhas, tornam-se, por isso mesmo, verdadeiros recipientes por meio dos quais absorvem os vapores deletérios, caindo, também, em total desequilíbrio, até quando a morte advém à vítima, ou as Soberanas Leis os recambiam à matéria, que padecerá das dolorosas injunções constritoras que lhe impõe o corpo perispiritual...
Normalmente, quando reencarnados, os antigos viciados recomeçam a atividade mórbida, servindo, a seu turno, de instrumento do gozo infeliz, para os que se demoram na Erraticidade inferior...
Outras vezes, os adversários espirituais, na execução de uma programática de desforço pelo ódio, induzem os seus antigos desafetos à iniciação alcoólica, mediante pequenas doses, com as quais no transcurso do tempo os conduzem à obsessão, desorganizando-lhes a aparelhagem físio-psíquica e dominando-os totalmente.
No estado de alcoolismo faz-se muito difícil a recomposição do paciente, dele exigindo um esforço muito grande para a recuperação da sanidade.
Não se afastando a causa espiritual, torna-se menos provável a libertação, desde que, cessados os efeitos de quaisquer terapêuticas acadêmicas, a influência psíquica se manifesta, insidiosa, repetindo-se a lamentável façanha destruidora...
A obsessão, através do alcoolismo, é mais generalizada do que parece.
Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de status, atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.
Pelos idos de 1851, porque enxameassem os problemas derivados da alcoolofilia, Magno Huss realizou, por vez primeira, um estudo acurado da questão, promovendo um levantamento dos danos causados no indivíduo e alertando as autoridades para as conseqüências que produz na sociedade.
Os que tombam na urdidura alcoólica, justificam-lhe o estranho prazer, que de início lhes aguça a inteligência, faculta-lhes sensações agradáveis, liberando-os dos traumas e receios, sem se darem conta de que tal estado é fruto das excitações produzidas no aparelho circulatório, respiratório com elevação da temperatura para, logo mais produzir o nublar da lucidez, a alucinação, o desaparecimento do equilíbrio normal dos movimentos...
Inevitavelmente, o viciado sofre uma congestão cerebral intensa ou experimenta os dolorosos estados convulsivos, que se tornam perfeitos delírios epilépticos, dando margem a distúrbios outros: digestivos, circulatórios, nervosos que podem produzir lesões irreversíveis, graves.
A dependência e continuidade do vício conduz ao delirium tremens, resultante da cronicidade do alcoolismo, gerando psicoses, alucinações várias que culminam no suicídio, no homicídio, na loucura irrecuperável.
Mesmo em tal caso, a constrição obsessiva segue o seu curso lamentável, já que, não obstante destrambelhadas as aparelhagens do corpo, o espírito encarnado continua a ser dominado pelos seus algozes impenitentes em justas de difícil narração...
Além dos danos sociais que o alcoolismo produz, engendrando a perturbação da ordem, a queda da natalidade, a incidência de crimes vários, a decadência econômica e moral, é enfermidade espiritual que o vero Cristianismo erradicará da Terra, quando a moral evangélica legítima substituir a débil moral social, conveniente e torpe.

Ao Espiritismo cumpre o dever de realizar a psicoterapia valiosa junto a tais enfermos e, principalmente, a medida preventiva pelos ensinos corretos de como viver-se em atitude consentânea com as diretrizes da Vida Maior."

("Calvário da Libertação", Victor Hugo/ Divaldo Franco)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

"O PRESTÌGIO DO CHICO"


"O professor Lauro Pastor e sua digna esposa, D. Dayse, e o Professor Pastorino passaram uns dias em Pedro Leopoldo.
Numa tarde, dia de sessão, acompanhados do Chico, dirigiam-se ao LUIZ GONZAGA.
Na rua principal, esquina do Centro, esbarraram com um rapaz embriagado. O Chico, ao vê-lo:
— Como vai, meu amigo? Fique com Deus!
— Vai também com Deus, Chico, que eu não sei com quem vou...
Terminada a sessão, o Professor Pastor, sua esposa e o Professor Pastorino, agora desacompanhados do Chico, caminhavam para o Hotel, onde se achavam hospedados, quando veem o moço, agora bem pior, xingando a todos os que lhe passavam perto.
Receosos de serem molestados, passaram de mansinho, para não serem percebidos. Mas foram por ele vistos e reconhecidos.
E, ante a surpresa dos que o rodeavam, do Professor Pastorino e do próprio casal, o moço ébrio fez um grande gesto para abrir caminho e exclamou bem alto:
— Abram alas, companheiros. Deixem estes passar, isto é gente do Chico!"


("Lindos Casos de Chico Xavier" Ramiro Gama)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

"ADVERSÁRIOS ESPIRITUAIS"

"A ação do bem provoca, inevitavelmente, uma reação de violência
naqueles que se comprazem no clima da viciação.

O esforço desprendido em favor da mudança emocional e psicológica
das criaturas desperta um sentimento de revolta em muitos que se demoram nas
licenças perniciosas.

Porque há tentativas em prol de um mundo menos infeliz, surgem
movimentos que pretendem manter o estado vigente.

***

Há mentes que conspiram contra a tua dedicação e fidelidade ao ideal
do bem.

Não te causem estranheza as dificuldades que se apresentam ante as
tuas disposições de serviço edificante.

São inspiradas e promovidas pelos adversários ocultos, que se
atribuem o direito de malsinar e perseguir.

Eles crivam a alma dos que lhe caem em desagrado com as farpas do
ódio, gerando, em sua volta, cizânia, mal-estar e antipatia.

Promovem inveja de curso perigoso e estabelecem mal-entendidos de
efeitos desagradáveis.

Excitam uns e adormecem outros, enquanto expõem o bom e o belo.

Recorrem a expedientes desonestos, desde que te desanimem o esforço.

Atrevem-se à agressão e armam os insensatos que convivem na mesma
faixa vibratória, desejando paralisar-te o trabalho.

São os Espíritos imperfeitos, os impiedosos, que se alimentam, que
se alimentam dos pensamentos mais sórdidos, vivendo uma psicosfera densa,
onde estabelecem o seu campo de ação e aí se movimentam, que se fazem
adversários gratuitos.

Respeita-os, sem os recear.

Não sintonizes com os seus ardis, nem reajas pela revolta ou mágoa,
a fim de que não sincronizes psiquicamente com eles ou os que se lhes fazem
dóceis instrumentos.

O bem dá-te uma couraça de resistência e defesa.

***

Jesus, por todos os títulos, o Amigo Excelente, foi por eles
visitado e, na ignorância em que se debatiam, não tergiversaram em intentar
dificultar-Lhe o superior ministério. Como nada podiam conseguir
diretamente, não desistiram: insuflaram invejas, ódios, perseguições e
desequilíbrios contra o Senhor, que os venceu com o amor transcendente e
sublime de que era dotado."

(Joanna de Ângelis, na obra “Roteiro de Libertação”, Diversos Espíritos/Divaldo P. Franco)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

"NAS CRISES"

"Estarás talvez diante de algum problema que te parece positivamente insolúvel.
Não acredites que a fuga te possa auxiliar.

Pensa nas reservas de força que jazem dentro de ti e aceita as dificuldades como se apresentem.

Não abandones a tua possibilidade de trabalhar e continua fiel aos próprios deveres.

Assume as responsabilidades que te dizem respeito.

Evita comentar os aspectos negativos da provação que atravesses.

Ora – mas ora com sinceridade – pedindo a proteção de Deus em favor de todas as pessoas envolvidas no assunto que te preocupa, sejam elas quem sejam.

Se existem ofensores no campo das inquietações em que, porventura, te vejas, perdoa e esquece qualquer tipo de agressão de que hajas sido objeto.
Esforça-te por estabelecer a tranqüilidade em tuas áreas de ação, sem considerar sacrifícios pessoais que serão sempre pequenos, por maiores te pareçam, na hipótese de serem realmente o preço da paz de que necessitas.

Se nenhuma iniciativa de tua parte é capaz de resolver o problema em foco, nunca recorras à violência, mas sim continua trabalhando e entrega-te a Deus."


("Calma", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

"NÃO TE CANSES"

"Não nos desanimemos de 
fazer o bem, pois, a seu
tempo ceifaremos, se não 
desfalecermos."
Paulo (Gálatas, 6:9)


"Quando o buril começou a ferir o bloco de mármore embrutecido, a pedra, em desespero, clamou contra o próprio destino, mas depois, ao se perceber admirada, encarnando uma das mais belas concepções artísticas do mundo, louvou o cinzel que a dilacerara.
A lagarta arrastava-se com extrema dificuldade, e, vendo as flores tocadas de beleza e perfume, revoltava-se contra o corpo disforme; contudo, um dia, a massa viscosa em que se amargurava converteu-se nas asas de graciosa e ágil borboleta e, então, enalteceu o feio corpo com que a Natureza lhe preparara o vôo feliz.
O ferro rubro, colocado na bigorna, espantou-se e sofreu, inconformado; todavia, quando se viu desempenhando importantes funções nas máquinas do progresso, sorriu reconhecidamente para o fogo que o purificara e engrandecera.
A semente lançada à cova escura chorou, atormentada, e indagou por que motivo era confiada, assim, ao extremo abandono; entretanto, em se vendo transformada em arbusto, avançou para o Sol e fez-se árvore respeitada e generosa, abençoando a terra que a isolara no seu seio.
Não te canses de fazer o bem.
Quem hoje te não compreende a boa-vontade, amanhã te louvará o devotamento e o esforço.
Jamais te desesperes, e auxilia sempre.
A perseverança é a base da vitória.
Não olvidas que ceifarás, mais tarde, em tua lavoura de amor e luz, mas só alcançarás a divina colheita se caminhares para diante, entre o suor e a confiança, sem nunca desfaleceres."
("Fonte Viva", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 24 de novembro de 2013

"MAIORAIS"

“E ele, assentando-se,chamou os doze e disse-lhes:
Se alguém quiser ser o primeiro, será o último de todos e servo de todos.”
(Marcos, 9:35)


"Ser dos primeiros na Terra não é problema de solução complicada.
Há maiorais no mundo em todas as situações.
A ciência, a filosofia, o sacerdócio, tanto quanto a política, o comércio e as finanças podem exibi-los, facilmente.
Os homens principais da ciência, com legítimas exceções, costumam ser grandes presunçosos; os da filosofia, argutos sofistas do pensamento; os do sacerdócio, fanáticos sem compreensão da verdadeira fé. Em política, muitos dos maiorais são tiranos; no comércio, inúmeros são exploradores e, nas finanças, muitos deles não passam de associados das sombras contra os interesses coletivos.
Ser dos primeiros, no entanto, nas esferas de Jesus sobre a Terra, não é questão de fácil acesso à criatura vulgar.
Nos departamentos do mundo materializado, os principais devem ser os primeiros a serem servidos e contam com a obediência compulsória de todos.
Em Cristianismo puro, os espíritos dominantes são os últimos na recepção dos benefícios, porquanto são servos reais de quantos lhes procuram a colaboração fraterna.
É por isto que em todas as escolas cristãs há numerosos pregadores, muitos mordomos, turbas de operários, cooperadores do culto, polemistas valiosos, doutores da letra, intérpretes competentes, reformistas apaixonados, mas raríssimos apóstolos.
De modo geral, quase todos os crentes se dispõem ao ensino e ao conselho, prontos ao combate espetaculoso e à advertência humilhante ou vaidosa, poucos surgindo com o desejo de servir, em silêncio, convencidos de que toda a glória pertence a Deus."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 23 de novembro de 2013

"O OBREIRO DO SENHOR"

Reunião pública de 8-5-59 – Questão Nr. 897 de “O Livro dos Espíritos”.

 

        "Cada criatura mora espiritualmente na seara a que se afeiçoa.

        É assim que, se o justo arrecada prêmios da retidão, o delinquente, em qualquer parte, recolhe os frutos do crime.

        O obreiro do Senhor, por isso mesmo, onde surja, é conhecido por traços essenciais.

        Não cogita do próprio interesse.

        Não exige cooperação para fazer o bem.

        Não cria problemas.

        Não suspeita mal.

        Não cobra tributos de gratidão.

        Não arma ciladas.

        Não converte o serviço em fardo insuportável nos ombros do companheiro.

        Não transforma a verdade em lâmina de fogo no peito dos semelhantes.

        Não reclama santidade nos outros, para ser útil.

        Não fiscaliza o vintém que dá.

        Não espia os erros do próximo.

        Não promove o exame das consciências alheias.

        Não se cansa de auxiliar.

        Não faz greve por notar-se desatendido.

        Não desconhece as suas fraquezas.

        Não cultiva espinheiros de intolerância.

        Não faz coleção de queixas.

        Não perde tempo em lutas desnecessárias.

        Não tem a boca untada com veneno.

        Não sente cóleras sagradas.

        Não ergue monumentos ao derrotismo.

        Não se impacienta.

        Não se exibe.

        Não acusa.

        Não critica.

        Não se ensoberbece.

        Entretanto, frequentemente aparece na Seara Divina quem condene os outros e iluda a si mesmo, supondo-se na posse de imaginária dominação.

        O obreiro do Senhor, todavia, encarnado ou desencarnado, em qualquer senda de educação e em qualquer campo religioso, segue à frente, ajudando e compreendendo, perdoando e servindo, para cumprir-lhe, em tudo, a sacrossanta Vontade."

(“Religião dos Espíritos”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"ORAÇÃO E COOPERAÇÃO"

“Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, cerrada a porta,
orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai que vê o que se passa em
secreto vos recompensará”. – Jesus. (MATEUS, 6:6)


"Se a resposta que esperamos à oração parece tardia, habitualmente nos destemperamos em amargura.
Proclamamos haver hipotecado todas as forças de espírito à confiança na Providência Divina e gritamos, ao mesmo tempo, que as tribulações ficaram maiores.
Dizemo-nos fiéis a Deus e afirmamo-nos esquecidos.
Convém observar, porém, que a provação não nos alcança de maneira exclusiva.
As nossas dificuldades são as dificuldades de nosso grupo.
Familiares e companheiros sofrem conosco o impacto das ocorrências desagradáveis, tanto quanto a fricção do cotidiano pela sustentação da harmonia comum.
Se para nós, que nos asseveramos alicerçados em conhecimento superior, as mortificações do caminho assumem a feição de suplícios lentos, que não serão elas para aqueles de nossos entes queridos, ainda inseguros da própria formação espiritual.
Compreendamos que, se na extinção dos nosso problemas pequeninos, requisitamos o máximo de proteção ao Senhor, é natural que o Senhor nos peça o mínimo de concurso na supressão dos grandes infortúnios que abatem o próximo.
Em quantos lances embaraçosos, somos, de fato, a pessoa indicada à paciência e à tolerância, ao entendimento e ao serviço?
Com semelhante raciocínio, reconhecemos que a pior atitude, em qualquer adversidade, será sempre aquela da dúvida ou da inquietação que venhamos a demonstrar.
Em supondo que a solução do Auto demora a caminho, depois de havermos rogado o favor da Infinita Bondade, recordemos que se a hora de crise é o tempo de luta, é também a ocasião para os melhores testemunhos de fé; e que se exigimos o amparo do Senhor, em nosso benefício, é perfeitamente justo que o Senhor nos solicite algum amparo, em favor dos que se afligem, junto de nós."
("Palavras de Vida Eterna", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

"EM MEIO DE LOBOS"

"Ide! Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos." - Jesus. (LUCAS, 10:3.)


"Naturalmente Jesus, em pronunciando semelhante recomendação, reportava-se a cordeiros fortes que conseguissem respirar em plano superior aos lobos vorazes.
Seria razoável enviar ovelhas frágeis a bestas violentas? Seria o mesmo que ajudar a carnificina.
O Mestre, indubitavelmente, desejava as qualidades de ternura e magnanimidade dos continuadores, mas não lhes endossaria as vacilações e fraquezas.
Aliás, para serviço de tal envergadura, desdobrado em verdadeiras batalhas espirituais, ele necessitava de cooperadores fiéis, bondosos, prudentes, mas valorosos.
Enviava os discípulos ao centro de conflito áspero, não no gesto de quem remete carneiros ao matadouro, e sim à gleba de serviço, onde pudessem semear novos e sublimados dons espirituais, entre os lobos famintos, através da exemplificação no bem incessante.
Entretanto, há companheiros, ainda hoje, que se acreditam colaboradores do Cristo apenas porque levantam aos céus as mãos-postas, em atitude suplicante.
Esquecem-se de que Jesus afirmou, peremptório: "Ide! eis que vos mando!..."
Em tal determinação, vemos claramente que existem trabalhos a efetuar, ações beneméritas a instituir.
O mundo é o campo, onde o trabalhador encontrará a sua cota de colaboração.
É preciso realmente ir aos lobos. Seria perigoso esperá-los. Muitos lidadores, porém, reclamam contra a cruz e o martírio, olvidando que o Senhor e seus corajosos sucessores neles encontraram a ressurreição e a eternidade através da resistência construtiva contra o mal.
Se os madeiros e leões retornassem, deveriam encontrar o trabalhador no esforço que lhe compete e nunca em atitude de inércia, a distância do ministério que lhe foi confiado.
O apelo do Cristo ressoa, ainda agora...
É imprescindível caminhar na direção dos lobos, não na condição de fera contra fera, mas na posição de cordeiros-embaixadores; não por emissários da morte, mas por doadores da vida eterna."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

"NÃO TIRANIZES"

“E, com muitas parábolas semelhantes, lhes dirigia a palavra, segundo
o que podiam compreender.” (MARCOS, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO
33.)

"Na difusão dos ensinamentos evangélicos, de quando em quando
encontramos pregadores rigorosos e exigentes.
Semelhante anomalia não se verifica apenas no quadro geral do serviço.
Na esfera particular, não raro, surgem amigos severos e fervorosos que reclamam desesperadamente a sintonia dos afeiçoados com os princípios religiosos que abraçaram.
Discussões acerbas se levantam, tocando a azedia venenosa.
Belas expressões afetivas são abaladas nos fundamentos, por ofensas indébitas.
Contudo, se o discípulo permanece realmente possuído pelo propósito de união com o Mestre, tal atitude é fácil de corrigir.
O Senhor somente ensinava aos que o ouviam, “segundo o que podiam
compreender”.
Aos apóstolos conferiu instruções de elevado valor símbológico, enquanto que à multidão transmitiu verdades fundamentais, através de contos simples. A conversação dEle diferia, de conformidade com as necessidades espirituais daqueles que o rodeavam. Jamais violentou a posição natural de ninguém.
Se estás em serviço do Senhor, considera os imperativos da iluminação, porque o mundo precisa de servidores cristãos e, não, de tiranos doutrinários."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

"CRUZ E DISCIPLINA"

“E constrangeram um certo Simão Cireneu, pai de Alexandre e de
Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz. —
(MARCOS, CAPÍTULO 15, VERSÍCULO 21.)


"Muitos estudiosos do Cristianismo combatem as recordações da cruz,malegando que as reminiscências do Calvário constituem indébita cultura de sofrimento.
Asseveram negativa a lembrança do Mestre, nas horas da crucificação, entre malfeitores vulgares.
Somos, porém, daqueles que preferem encarar todos os dias do Cristo por gloriosas jornadas e todos os seus minutos por divinas parcelas de seu ministério sagrado, ante as necessidades da alma humana.
Cada hora da presença dele, entre as criaturas, reveste-se de beleza particular e o instante do madeiro afrontoso está repleto de majestade simbólica.
Vários discípulos tecem comentários extensos, em derredor da cruz do Senhor, e costumam examinar com particularidades teóricas os madeiros imaginários que trazem consigo.
Entretanto, somente haverá tomado a cruz de redenção que lhe compete aquele que já alcançou o poder de negar a si mesmo, de modo a seguir nos passos do Divino Mestre.
Muita gente confunde disciplina com iluminação espiritual. Apenas depois de havermos concordado com o jugo suave de Jesus-Cristo, podemos alçar aos ombros a cruz que nos dotará de asas espirituais para a vida eterna.
Contra os argumentos, quase sempre ociosos, dos que ainda não
compreenderam a sublimidade da cruz, vejamos o exemplo do Cireneu, nos momentos culminantes do Salvador. A cruz do Cristo foi a mais bela do mundo, no entanto, o homem que o ajuda não o faz por vontade própria, e, sim, atendendo a requisição irresistível. E, ainda hoje, a maioria dos homens aceita
as obrigações inerentes ao próprio dever, porque a isso é constrangida."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

"FORÇA INVENCÍVEL"

"Em tudo quanto faças,

Age sempre com calma.



Não te aflijas nem mesmo

Pela luz da Verdade.



Não desejes depressa

O que te pede tempo.



Antes da floração,

Não há fruto na árvore.



Fazendo o necessário,

Aprende a esperar.



Paciência no bem

É uma força invencível."




("Pão da Alma", Irmão José/Carlos A. Baccelli)

domingo, 17 de novembro de 2013

"Ninguém consegue ser útil se ainda não aprendeu a servir"


"Ninguém consegue ser útil se ainda não aprendeu a servir. Os bons tarefeiros não tocam sinetas chamando a atenção sobre si. Quem se auto-elogia está longe de se tornar irmão de Jesus. Todos somos discípulos e, se ainda não nos convencemos disso, desejando nos tornar professores, lembremo-nos de que Ele nos chamou de amigos e não de servos. Por que almejarmos ser melhores do que Jesus, distanciando-nos dos nossos irmãos? A tarefa é muito simples, os homens é que a complicam, quando chamados a realizá-la."

("Um Jardim de Esperanças", Luiz Sérgio/Irene Pinto Machado)

"O exemplo fala muito mais do que palavras..."




"O exemplo fala muito mais do que palavras.  O verdadeiro espírita fala pouco e seus passos são tão firmes que quem caminha a seu lado sente vontade de adquirir a mesma força e coragem."
("Um jardim de esperanças", Luiz Sérgio/Irene Pacheco Machado)

"TAMBÉM TU"

“E os principais dos sacerdotes tomaram a deliberação de matar também a Lázaro.” — (JOÃO, 12.10)

"Interessante observar as cogitações do farisaísmo, relativamente a Lázaro, nas horas supremas de Jesus.
Não bastava a crucificação do Mestre.
Intentava-se, igualmente, a morte do amigo de Betânia.
Lázaro fora cadáver e revivera, sepultara-se nas trevas do túmulo e regressara à luz da vida. Era, por isso, uma glorificação permanente do Salvador, uma cura insofismável do Médico Divino. Constituiria em Jerusalém a carta viva do poder do Cristo, destoava dos conterrâneos, tornara-se diferente.
Considerava-se, portanto, indispensável a destruição dele.
O farisaísmo dos velhos tempos ainda é o mesmo nos dias que passam, apenas com a diferença de que Jerusalém é a civilização inteira. Para ele, o Mestre deve continuar crucificado e todos os Lázaros ressurgirão sentenciados à morte.
Qualquer homem, renovado em Cristo, incomoda-o.
Há participantes do Evangelho que se sentem verdadeiramente ressuscitados, trazidos à claridade da fé, após atravessarem o sepulcro do ódio, do crime, da indiferença….
O farisaísmo, entretanto, não lhes tolera a condição de redivivos, a demonstrarem a grandeza do Mestre. Instala perseguições, desclassifica-os na convenção puramente humana, tenta anular-lhes a ação em todos os setores da experiência.
Somente os Lázaros que se unam ao amor de Jesus conseguem vencer o terrível assédio da ignorância.
Tem, pois, cuidado contigo mesmo.
Se te sentes trazido da sombra para a luz, do mal para o bem, ao sublime influxo do Senhor, recorda que o farisaísmo, visível e invisível, obedecendo a impulsos de ordem inferior, ainda está trabalhando contra o valor de tua fé e contra a força de teu ideal.
Não bastou a crucificação do Mestre.
Também tu conhecerás o testemunho."
("Vinha de Luz", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sábado, 16 de novembro de 2013

"FATALIDADE"

"A fatalidade do mal é sempre uma criação devida a nós mesmos gerando, em nosso prejuízo, a provação expiatória, em torno da qual passamos compulsoriamente a gravitar.
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       Semelhante afirmativa dispensa qualquer discussão filosófica, pela simplicidade com que será justo averiguar-lhe o acerto, nas mais comezinhas atividades da vida comum.
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       Uma conta esposada naturalmente é um laço moral tecido pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação do resgate.
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       Um templo doméstico entregue ao lixo sistemático transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios e detritos, determinando a multiplicação de núcleos infecciosos de enfermidade e morte.
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       Um campo confiado ao império da erva daninha converter-se-á, sem dúvida, na moradia de vermes insaciáveis, compelindo o lavrador a maior sacrifício na recuperação oportuna.
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       Assim ocorre em nosso esforço cotidiano.
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       Não precisamos remontar a existências passadas para sondar a nossa cultura de desequilíbrio e sofrimento.
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       Auscultemos a nossa peregrinação de cada dia.
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       Em cada passo, quando marchamos no mundo ao sabor do egoísmo e da invigilância, geramos nos companheiros de experiências as mais difíceis posições morais contra nós.
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       Aqui, é a nossa preguiça, atraindo em nosso desfavor a indiferença dos missionários do trabalho, ali é a nossa palavra agressiva ou impensada, coagulando a aversão e o temor, ao redor de nossa presença.
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       Acolá, é o gesto de incompreensão provocando a tristeza e o desânimo nos corações interessados em nosso progresso, e, mais além, é a própria inconstância no bem, sintonizando-nos com os agentes do mal...
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       Lembremo-nos de que os efeitos se expressarão segundo as causas e alteremos o jogo das circunstâncias, em nosso luta evolutiva, desenvolvendo, conosco e em torno de nós, mais elevada plantação de amor e serviço, devotamento e boa vontade.
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       “Acharás o que procuras” — disse-nos o Senhor.
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       E, em cada instante de nossa vida, estamos recolhendo o que semeamos, dependendo da nossa sementeira de hoje a colheita melhor de amanhã."
(“Indulgência”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

"CONVITE À ESPERANÇA"

"Tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre." ( I Coríntios: 13-7.)



"Não obstante estejam carrancudas as nuvens do teu céu, prenunciando borrasca próxima, aflitiva, espera. Após a tempestade que, talvez advenha, talvez não, defrontarás dias claro pelo caminho.
Embora a soledade amarga a fazer-te sofrer fel e dor como se já não suportasses mais a lenta e silenciosa agonia, espera. Amanhã, possivelmente dois braços amigos estarão envolvendo-te  e voz veludosa cantará aos teus ouvidos gentil canção...
Mesmo que tudo conspire contra os propósitos abraçados, ameaçando planos zelosamente cuidados, espera. Há surpresas que constituem interferência Divina, modificando paisagens humanas, alterando rumos considerados corretos.
Apesar de a chibata caluniosa fazer-te experimentar reproche e desconsideração, arrojando-te à rua do descrédito, espera. A verdade chega após a calamidade da intrujice para demonstrar a grandeza da sua força, renovando conceituações.
À borda do abismo do desespero, incompreendido e em sofrimento, estuga o passo  e espera. Reconsidera atitudes mentais e recomeça o labor. O futuro se  consolida mediante as realizações do presente...
Esperança expressa integração no organograma da vida.
O rio muda o curso, a montanha desaparece, a árvore fenece, o grão germina, enquanto esperam... A mãe grandiloquente do tempo tudo muda. O que agora parece sombras, logo mais surge e ressurge em ouro fulvo de luz.
        Espera, diz o Evangelho, e ama.
        Espera, responde a vida e serve.
        Espera, proclamam os justos, e perdoa.

        Espera no dever distribuído consolo e compreensão, porquanto, a fim de que houvesse a gloriosa ascensão do Senhor, na montanha de Betânia, aconteceram a traição infame, o cerco da inveja, a gritaria do julgamento arbitrário e a Cruz odienta, que em sublime esperança o Justo transformou na excelsa catapulta para o Reino dos Céus."
("Convites da Vida", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"CONFLITO"

"Acho então esta lei em mim: quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” – Paulo. (Romanos, 7:21.)


"Os discípulos sinceros do Evangelho, à maneira de Paulo de Tarso, encontram grande conflito na própria natureza.
Quase sempre são defrontados por enormes dificuldades nos testemunhos. No instante justo, quando lhes cabe revelar a presença do Divino Companheiro no coração, eis que uma palavra, uma atitude ligeira os traem, diante da própria consciência, indicando-lhes a continuidade das antigas fraquezas.
A maioria experimenta sensações de vergonha e dor.
Alguns atribuem as quedas à influenciação de espíritos maléficos e, geralmente, procuram o inimigo no plano exterior, quando deveriam sanar em si mesmos a causa indesejável de sintonia com o mal.
É indubitável que ainda nos achamos em região muito distante daquela em que possamos viver isentos de vibrações adversas, todavia, é necessário verificar a observação de Paulo, em nós próprios.
Enquanto o homem se mantém no gelo da indiferença ou na inquietação da teimosia, não é chamado à análise pura; entretanto, tão logo desperta para a renovação, converte-se o campo íntimo em zona de batalha.
Contra a aspiração bruxuleante do bem, no dia que passa, levanta-se a pesada bagagem de sombras acumuladas em nossas almas desde os séculos transcorridos. Indispensável, portanto, grande serenidade e resistência de nossa parte, a fim de que o progresso alcançado não se perca.
O Senhor concede-nos a claridade de Hoje para esquecermos as trevas de Ontem, preparando-nos para o Amanhã, no rumo da luz imperecível."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"CURA DO ÓDIO"

“Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” – Paulo. (Romanos, 12:20.)


"O homem, geralmente, quando decidido ao serviço do bem, encontra fileiras de adversários gratuitos por onde passe, qual ocorre à claridade invariavelmente assediada pelo antagonismo das sombras.
Às vezes, porém, seja por equívocos do passado ou por incompreensões do presente, é defrontado por inimigos mais fortes que se transformam em constante ameaça à sua tranqüilidade.
Contar com inimigo desse jaez é padecer dolorosa enfermidade no íntimo, quando a criatura ainda não se afeiçoou a experiências vivas no Evangelho.
Quase sempre, o aprendiz de boa-vontade desenvolve o máximo das próprias forças a favor da reconciliação; no entanto, o mais amplo esforço parece baldado. A impenetrabilidade caracteriza o coração do outro e os melhores gestos de amor passam por ele despercebidos.
Contra essa situação, todavia, o Livro Divino oferece receita salutar. Não convém agravar atritos, desenvolver discussões e muito menos desfazer-se a criatura bem-intencionada em gestos bajulatórios. Espere-se pela oportunidade de manifestar o bem.
Desde o minuto em que o ofendido esquece a dissensão e volta ao amor, o serviço de Jesus é reatado; entretanto, a visão do ofensor é mais tardia e, em muitas ocasiões, somente compreende a nova luz, quando essa se lhe converte em vantagem ao círculo pessoal.
Um discípulo sincero do Cristo liberta-se facilmente dos laços inferiores, mas o antagonista de ontem pode persistir muito
tempo, no endurecimento do coração. Eis o motivo pelo qual dar-lhe todo o bem, no momento oportuno, é amontoar o fogo renovador sobre a sua cabeça, curando-lhe o ódio, cheio de expressões infernais."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

"ESPERA TRABALHANDO"

"Quem fala de paciência, decerto que se refere à esperança e, por isso, paciência significa saber esperar.
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       Neste sentido, é justo rememorar a lição evangélica:- “primeiro, a semente lançada ao solo; depois, a flor
no verde da ramaria; em seguida, a formação da espiga; e, logo após, desponta o grão na espiga, assegurando
o êxito da colheita.”
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       Se provações te assinalam a existência, conserva a própria serenidade e não te retires das tarefas que a
vida te confiou.
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       Espera trabalhando.
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       Dentro da Natureza, a lei de sequência se evidencia, em toda parte.
       O fio de água dessa ou daquela nascente, incorporando-se a outros fios de água, cria a fonte que procura
o rio e o rio, numa expressiva demonstração de paciência, desce de nível para depô-la no mar.
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       Nas horas de crise que, porventura te apareçam, aguarda com calma e compreensão a passagem do
tempo, sustentando a paciência contigo, porque a paciência te alimentará a esperança e a esperança se te fará
luz na vida interior, destinada a te fortalecer e a te guiar."
(“Espera servindo”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"INQUIETAÇÃO"

 "Vez que outra, apresenta-se, inesperadamente, e toma corpo, terminando por gerar desconforto e depressão.
       Aparece como dúvida ou suspeita, e ganha forma, passando por diferentes fases, até controlar a emotividade que se transtorna, levando a estados graves.
       Aqui, se apresenta na condição de medo em relação ao futuro.
       Ali, se expressa em forma de frustração, diante do que não foi logrado.
       Acolá, se manifesta como um dissabor qualquer, muito natural, aliás, em todas as vidas.
       Há momentos em que se estabelece como conflito, inspirando rebeldia e agressividade.
       Noutras ocasiões, ei-la em forma de desconforto íntimo e necessidade de tudo abandonar...
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       No turbilhão da vida hodierna, em face do intercâmbio psíquico nas faixas da psicosfera doentia que grassa, é muito difícil a manutenção de um estado de equilíbrio uniforme.
       A inquietação, porém, constante, deve merecer mais acurada atenção, a fim de ser  debelada.
       Não lhe dês guarida, dialogando com as insinuações de que se faz objeto.
       Evita as digressões mentais pessimistas, e não te detenhas nas conjecturas maliciosas.
       Ninguém a salvo desses momentos difíceis. Todavia, todos têm o dever de superá-los e avançar confiantes nos resultados opimos das ações encetadas.
       Assim, age sempre com correção e não serás vítima de inquietações desgastantes."
(“Episódios diários”, Joanna de Ângelis/ Divaldo Pereira Franco)

domingo, 10 de novembro de 2013

"INCONSTANTES"

"Porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.” — (TIAGO, CAPÍTULO 1, VERSÍCULO 6.)


"Inegavelmente existe uma dúvida científica e filosófica no mundo que, alojada em corações leais, constitui precioso estímulo à posse de grandes e elevadas convicções; entretanto, Tiago refere-se aqui à inconstância do homem que, procurando receber os benefícios divinos, na esfera das vantagens particularístas, costuma perseguir variadas situações no terreno da pesquisa intelectual sem qualquer propósito de confiar nos valores substanciais da vida.

Quem se preocupa em transpor diversas portas, em movimento simultâneo, acaba sem atravessar porta alguma.

A leviandade prejudica as criaturas em todos os caminhos, mormente nas posições de trabalho, nas enfermidades do corpo e nas relações afetivas.

Para que alguém ajuíze com acerto, com respeito a determinada experiência, precisa enumerar quantos anos gastou dentro dela, vivendo-lhe as características.

Necessitamos, acima de tudo, confiar sinceramente na Sabedoria e na Bondade do Altíssimo, compreendendo que é indispensável perseverar com alguém ou com alguma causa que nos ajude e edifique.

Os inconstantes permanecem figurados na onda do mar, absorvida pelo vento e atirada de uma para outra parte.

Quando servires ou quando aguardares as bênçãos do Alto, não te deixes conduzir pela inquietude doentia. O Pai dispõe de inumeráveis instrumentos para administrar o bem e é sempre o mesmo Senhor Paternal, através de todos eles. A dádiva chegará, mas depende de ti, da maneira de procederes na luta construtiva, persistindo ou não na confiança, sem a qual o Divino Poder encontra obstáculos naturais para exprimir-se em teu caminho."
("Pão Nosso", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)