sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"ORAÇÃO NO DIA DOS MORTOS"


Reunião pública de 2/11/59
Questão nº 823


"Senhor Jesus!
Enquanto nossos irmãos na Terra se consagram hoje à lembrança dos
mortos-vivos que se desenfaixaram da carne, oramos também pelos vivosmortos
que ainda se ajustam à teia física...
Pelos que jazem sepultados em palácios silenciosos, fugindo ao trabalho,
como quem se cadaveriza, pouco a pouco, para o sepulcro;
Pelos que se enrijeceram gradativamente na autoridade convencional,
adornando a própria inutilidade com títulos preciosos, à feição de belos
epitáfios inúteis;
Pelos que anestesiaram a consciência no vicio, transformando as alegrias
desvairadas do mundo em portões escancarados para a longa descida às
trevas;
Pelos que enterraram a própria mente nos cofres da sovinice,
enclausurando a existência numa cova de ouro; Pelos que paralisaram a
circulação do próprio sangue, nos excessos da mesa;
Pelos que se mumificaram no féretro da preguiça, receando as cruzes
redentoras e as calúnias honrosas;
Pelos que se imobilizaram no paraíso doméstico, enquistando-se no
egoísmo entorpecente, como desmemoriados, descansando no espaço estreito
do esquife...
E rogamos-te ainda, Senhor, pelos mortos das penitenciárias que ouviram
as sugestões do crime e clamam agora na dor do arrependimento;
Pelos mortos dos hospitais e dos manicômios, que gemem, relegados à
solidão, na noite da enfermidade;
Pelos mortos de desânimo, que se renderam, na luta, às punhaladas da
ingratidão;
Pelos mortos de desespero, que caíram em suicídio moral, por desertores
da renúncia e da paciência;
Pelos mortos de saudade, que lamentam a falta dos seres pelos quais
dariam a própria vida;
e por esses outros mortos, desconhecidos e pequeninos, que são as crianças
entregues à via pública, exterminadas na vala do esquecimento...
Por todos esses nossos irmãos, não ignoramos que choras também como
choraste sobre Lázaro morto...
E trazendo igualmente hoje a cada um deles a flor da esperança e o lume
da oração, sabemos que o teu amor infinito clarear-nos-á o vale da morte,
ensinando-nos o caminho da eterna ressurreição."
("Religião dos Espíritos", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

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