quarta-feira, 31 de agosto de 2011

"REFÚGIO"

  "Às vezes, dizes, coração amigo:
- “Como guardar-me em paz, na agitação do mundo?
Tanto fel ao redor!... Tanta gente em perigo!...
Tantas tribulações sem que se saiba, a fundo,
De que modo evitar a invasão desmedida
Das nuvens de aflição que atormentam a vida!...”

E contigo outras almas no caminho
Padecem sob o impacto violento
Das lâminas brutais do sofrimento
Que lhes ferem o ser, desolado e sozinho...

Aqui, alguém lastima um coração querido
Que ficou para trás, exânime e caído
Em trágicos enganos;
Ali tombam, a golpes desumanos
Dos chamados engenhos do progresso,
Existências repletas de esperança,
Ante as brechas de sombra em que a morte se lança
Entre o ouro e o sucesso...

Dos recursos plebeus aos valores mais altos,
sobram as provações que chegam, de imprevisto,
No clamoroso misto
De seqüestros e assaltos.

Nos lares em geral, sob múltiplos níveis,
As desvinculações de pessoas amadas
São lesões e feridas desatadas
Para as almas sensíveis.

Assemelha-se a Terra à nave firme e atenta,
Sob rude tormenta.

Entretanto, alma boa,
Em plena luta que te aperfeiçoa,
Podes deter a paz contigo, estrada afora,
Prendendo-te ao dever que em tudo nos melhora.

Todo trabalho são é lúcido recanto
Que se nos faz refúgio aprazível e santo.

Um lar para servir,
Um filho a proteger,
A nobre preleção enviada ao porvir,
A página a escrever,
Um doente a zelar,
O trecho musical que se tem a compor,
O campo a cultivar
E o serviço do bem que é mensagem de amor...
Tudo isso, na terra, é cobertura,
Sustentando o equilíbrio da criatura.

Se buscas, em verdade, a paz, no dia-a-dia,
Coloca a tua fonte de alegria
E todos os impulsos que são teus
No trabalho que o mundo te confia
Porque o trabalho é sempre uma Bênção de Deus."

("Caminhos do Amor". Maria Dolores/Francisco Cândido Xavier)

"CAMPO AFETIVO"

"Usa a benevolência para com todos, mas especialmente para com os entes
amados, quando não possam cumprir os encargos que assumem.
Esse amigo resistiu, por muito tempo, a certo tipo de tentação, no entanto, sem
forças para guardar os avisos da consciência, entrou em longo labirinto de remorsos do
qual não sabe como sair.
Essa companheira rogou amparo e compreensão, centenas de vezes, contudo,
sem achar segurança no chão que pisava, resvalou para atitudes estranhas nas quais
parece enlouquecer.
Outro quis desfrutar um momento de felicidade, através da fuga aos próprios
compromissos, entretanto, viu-se preso numa rede de enganos lamentáveis, induzindo
almas queridas à rebeldia e ao sofrimento.
Outra, ainda, a pretexto de repouso e entrenimento, esbarrou em vasto
despenhadeiro de arrependimento e solidão.
Ante os seres amados, envolvidos em acidentes da alma, silencia, abençoa-os e
segue em teu próprio caminho.
Ama-os, quais se mostram, e prossegue estrada adiante, na certeza de que tanto eles quanto
nós, continuamos em plena vida, apoiados no amor e na sabedoria de Deus."
(Meimei, na obra "Deus Aguarda", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"A INESPERADA RENOVAÇÃO"


"Naqueles momentos em que se reconhecia desligado do corpo físico, o
homem acabrunhado sentia-se leve, feliz ....
Extasiado na excursão que se lhe afigurava um sonho prodigioso, alcançou
o recanto luminescente em que notou a presença do Cristo. Reverente, abeirou-se dele e
rogou:
- Senhor! ... Ouve-me por misericórdia! Amo-te e quero servir-te ...
Desde muito tempo, aspiro a matricular-me na assembléia dos que colaboram contigo na redenção das criaturas ... Anseio auxiliar aos outros, entretanto, Amado Amigo, estou preso! ... Livra-me do lar onde me vejo na condição do pássaro encarcerado ... Moro num ninho de aversões. Meu pai, talvez, cansado de conflitos estéreis, relegou-nos à própria sorte ... Minha mãe exerce sobre nós um despotismo cruel.
Trata-nos a nós, seus filhos, à maneira dos objetos de uso particular, flagelando-nos com as exigências de pavorosa afeição possessiva ... Meus dois irmãos
me detestam ... Senhoreiam indebitamente o que tenho e me humilham a cada instante.
Se concordo com eles, me ridicularizam e se algo reclamo, ameaçam-me com perseguição e espancamento! ...
Libera-me, Senhor, da prisão que me inibe os movimentos ... Quero agir em teus princípios, amar e servir, qual nos ensinaste ...
Ante a ligeira pausa que se fez, Jesus fitou o visitante compassivamente e
alegou:
- Lembro-me de tuas solicitações anteriores ... Estavas de passagem, aqui
mesmo, na direção do berço terrestre, acompanhado de amigos prestigiosos. Declaravas-te sequioso de ação no bem e os teus companheiros endossavam-te as afirmativas.
... Dizias-te ansioso no sentido de compartilhar-nos as tarefas ...
Entendo-te, sim ... A construção do amor é inadiável ...
- Senhor – observou o consulente, respeitoso – se entendes o meu ideal e se as minhas petições já se encontram aqui registradas, quem me situou no lar terrível, no qual me reconheço, à feição de um doente, atirado a um serpentário?
O mestre sorriu e considerou:
- Acreditando em teus propósitos de colaborar conosco, quem te enviou à família em que te encontras, fui eu mesmo ...
Surpreendido com a inesperada revelação, o visitante do Mundo Espiritual
experimentou estranha sensação de queda e acordou no próprio corpo.
Lá fora, os irmãos deblateravam contra a vida, reportando-se a ele com injuriosas palavras.
Ele, porém, assinalou os insultos que lhe eram endereçados com novos ouvidos, no silêncio de quem havia conquistado o troféu de profunda renovação."
(Meimei, na obra "Deus Aguarda", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"FORA DA BOA VONTADE NÃO HÁ SOLUÇÃO"


"Realmente, a caridade é a chave do Céu, entretanto, não nos
esqueçamos de que a boa vontade é o começo da sublime virtude, tanto
quanto o alicerce é o início da construção.
Se encontrarmos a cólera no espírito do companheiro e não temos a
boa vontade da paciência, indiscutivelmente, atingiremos lamentáveis
conflitos.
Se o desânimo nos visita e não dispomos de boa vontade na
resistência, dormiremos delituosamente na inutilidade.
Se a maldade nos persegue e não exercitamos a boa vontade da
desculpa compreensiva, desceremos a deploráveis movimentos de reação
com resultados imprevisíveis.
Se o trabalho nos pede sacrifício e não usamos a boa vontade da
renúncia, o atraso e a sombra dominarão a vida que devemos iluminar e
sublimar.
Se o insulto nos surpreende e não praticamos a boa vontade do
silêncio, cairemos na desesperação.
Se a prova nos procura, em favor de nossa regeneração e fugimos à
boa vontade da conformação e da diligência, demorar-nos-emos
indefinidamente na brutalidade, adiando sempre a nossa elevação para a
Vida Superior.
De todos os males que escravizam as nossas almas, na Terra, os
maiores, são a ignorância e a penúria.
Para combatê-los e extinguí-los, tenhamos a precisa coragem de
trabalhar e servir, auxiliando-nos reciprocamente, aprendendo sempre e
semeando o bem, cada vez mais, porque se a caridade é o nosso anjo
renovador devemos reconhecer que, nos variado problemas da jornada na
Terra, sem a boa vontade não há solução."
(Emmanuel, na obra "Visão Nova", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"ESSE O CAMINHO"

"Rogaste a Deus acesso à felicidade.
Entretanto, hoje mesmo, ofereceste aos próprios irmãos o veneno do pessimismo no prato da intolerância.
Gritaste maldição para os que te feriram e acusaste por desertores os amigos que a vida arredou para longe de teu afeto.
Assinalaste companheiros sofredores com objetivos amargos e fugiste à presença dos que te rogavam consolação.
Pára e pensa.
Cada pessoa necessitada, quanto cada problema, constituem degraus para a Grande Subida.
A ingratidão dos familiares e o azedume dos que mais amas são convites e apelos à revelação de tua própria bondade.
Suportando o buril, o mármore desvela a obra prima e tolerando os golpes do arado é que a terra produz.
Esse é o nosso caminho para o triunfo.
É por isso talvez que Jesus escolheu a cruz da renunciação à maneira de trono para a suprema vitória.
Nem conforto entre os homens, nem piedade para si mesmo.
Somente o amor puro, embora sangrando, mas de braços abertos."
(Meimei, na obra "Visão Nova", Diversos Espíritos/Francisco Cândido Xavier)

Blog recuperado

Graças a Deus, voltaram as quase 500 mensagens e o blog.

"O homem no mundo"


"10. Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.

Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.

Sois chamados a estar em contacto com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.

Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo d'alma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.

A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contacto com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Capítulo V, nº 26.)

Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa. Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)"
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo XVII - "Sede Perfeitos")

"A realeza de Jesus"


"4. Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas, também na Terra não terá ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal. Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de idéias quaisquer, a todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade. E nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores, etc. Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real? Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldiçoam a outra. Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte. Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra? Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: "Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo II - "Meu reino não é deste mundo")

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"DEVER"

"Qual a atitude mental que mais favorecerá o nosso êxito espiritual nas
atividades do mundo?
Essa atitude deve ser a que vos é ensinada pela lei da reencarnação
em que vos encontrais, isto é, a do esquecimento de todo mal para recordar
apenas o bem e a bendita oportunidade de trabalho e edificação, nos
patrimônio do tempo.
Esquecer o mal é aniquilá-lo, e perdoar a quem o pratica é ensinar o
amor, conquistando afeições preciosas.
Daí a necessidade do perdão, no mundo, para que o incêndio do mal
possa ser exterminado, devolvendo-se a paz legítima a todos os corações."
(Emmanuel, na obra "Visão Nova", Autores Diversos/ Francisco Cândido Xavier)

"AOS ENFRAQUECIDOS NA LUTA"


"Almas enfraquecidas, que tendes, muitas vezes, sentido sobre a fronte o sopro frio da adversidade, que tendes vertido muito pranto nas jornadas difíceis, em estradas de sofrimento, buscai na fé os vossos imperecíveis tesouros.
Bem sei a intensidade de vossa angústia e sei da vossa resistência ao desespero.
Ânimo e coragem!
No fim de todas as dores, abre-se uma aurora de ventura imortal; dos amargores experimentados, das lições recebidas, dos ensinamentos conquistados à custa de insano esforço e de penoso labor, tece a alma a sua
auréola de imortalidade luminosa; eis que os túmulos se quebram e da paz, além das cinzas e das sombras dos jazigos, emergem as vozes comovedoras dos supostos mortos.
Escutai-as!... Elas vos dizem da felicidade do dever cumprido, dos tormentos da consciência culpada, das obrigações que nos fazem necessárias.
Orai, trabalhai e esperai.
Palmilhai todos os caminhos da prova com destemor e serenidade.
As lágrimas que dilaceram, as mágoas que pungem, as desilusões que fustigam o coração, constituem elementos atenuantes das nossas imperfeições no Tribunal Augusto, onde pontifica o mais justo, magnânimo e
íntegro dos juizes.
Sofrei e confiai que o silêncio da morte é o ingresso em outra vida, onde todas as ações estão contadas e gravadas com as menores expressões nos nossos pensamentos.
Amai muito, embora com amargos sacrifícios, porque o amor é a única moeda que assegura a paz e a felicidade no Universo."
(Emmanuel, na obra "Visão Nova", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"A GRANDE INSTRUTORA"

"(...)Se a dor te não impede a movimentação orgânica, persevera com o trabalho, sem desprezá-lo, embora não possas atender a todos deveres na
feição integral, e não olvides que enquanto o corpo é suscetível de ação própria, o serviço é o melhor reconstituinte para as deficiências da vida física
e o melhor sedativo para os aborrecimentos morais.
Se a enfermidade age nas células que permanecem a teu serviço, confia-te a pensamento reto.
Nunca te entregues à revolta, ao desalento ou à indisciplina.
Esse trio de sombras te encarceraria em maiores conflitos mentais.
A mente insubmissa ou desesperada não poderá governar o cosmo vital a que se ajusta, agravando os seus próprios problemas.
Ergue-te, em espírito, na intimidade do coração, trabalha sempre e não percas o sorriso de confiança.
Cada dia é nova folha do livro infinito da vida e a proteção do Senhor não nos abandona.(...)"
("Visão Nova", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"Os que caminham com Deus no coração..."

"Os que caminham com Deus no coração transportam consigo os clarões da alvorada. E por mais espessas se façam as sombras nos cárceres da noite, ninguém consegue prender o esplendor do novo dia."
(Meimei, na obra "Canteiro de Ideias", Espíritos Diversos/Francisco Cândido Xavier)

"És o que vives interiormente..."



"És o que vives interiormente e
não aquilo de que te acusam.
Não te tornarás melhor, porque
estás elogiado ou ficarás pior,
porque combatido."
("Vida Feliz", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

"Deus vela por ti..."

"Deus vela por ti, e te ajuda,
nem sempre como queres, porém,
da melhor forma para a tua real felicidade.
Às vezes, tens a impressão de
que o auxílio superior não virá ou
chegará tarde demais.
Passado o momento grave,
constatarás que o recebeste alguns
minutos antes, caso tenhas
perseverado à sua espera."
("Vida Feliz", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

domingo, 28 de agosto de 2011

"Quando estiveres em dúvida..."

"Quando estiveres em dúvida,
resolve pela atitude menos prejudicial
ao próximo e a ti próprio.
Evita arriscar-te e arruinar outras
pessoas.
Age em serenidade, certo de
que o teu gesto repercutirá nas demais
pessoas, de acordo com a
emoção e o conteúdo de que se
revista."
("Vida Feliz", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

"O DEVER"


"(...)Submetamo-nos a uma disciplina rigorosa. Assim como ao arbusto se dá a forma e a direção convenientes, assim também devemos regular as tendências do nosso ser moral. O hábito do bem facilita a sua prática. Só os primeiros esforços são penosos; por isso, e antes de tudo, aprendamos a dominar-nos. As primeiras impressões são fugitivas e volúveis; a vontade é o fundo sólido da alma. Saibamos governar a nossa vontade, assenhorear-nos

dessas impressões, e jamais nos deixemos dominar por elas.
O homem não deve isolar-se de seus semelhantes. Convém, entretanto, escolher suas relações, seus amigos, empenhar-se por viver num meio honesto e puro, onde só reinem boas influências.
Evitemos as conversas frívolas, os assuntos ociosos, que conduzem à maledicência. Digamos sempre a verdade, quaisquer possam ser os resultados. Retemperemo-nos freqüentemente no estudo e no recolhimento, porque assim a alma encontra novas forças e novas luzes. Possamos dizer, ao fim de cada dia: Fiz hoje obra útil, alcancei alguma vantagem sobre mim mesmo, assisti, consolei desgraçados, esclareci meus irmãos, trabalhei por torná-los melhores; tenho cumprido o meu dever!"
("O Caminho Reto", Léon Denis)

sábado, 27 de agosto de 2011

"AUXÍLIO MORAL"

"(...)Diante, pois, dos seres diletos que se nos complicam na estrada, o melhor
e mais eficiente auxílio moral com que possamos socorrê-los, será sempre o ato de
estender-lhes a bênção da oração silenciosa, para que aceitem, onde se colocaram, o
Amparo Divino que nunca falha.
Sejam quais sejam os problemas que nos forem apresentados pelos entes
queridos, guardemos a própria serenidade e cumpramos para com eles a parte de serviço
e devotamento que lhes devemos, depois da qual é forçoso nos decidamos a entregá-los
à oficina da vida, em cujas engrenagens e experiências recolherão, tanto quanto nós
todos temos recebido, a parte oculta do Amor e da assistência de Deus."
("Alma e Coração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

Palestra - "A missão dos espíritos encarnados" - Orson Peter Carrara

"SINCERIDADE"

            "Aqueles que dos planos de luz têm a incumbência de nos orientar e dirigir por certo não esperam de nós perfeição absoluta. Sabem que estamos presos à matéria e sujeitos ao seu campo vibratório. Pedem-nos apenas sinceridade naquilo que fazemos. Se em nosso caminho nos afastarmos das experiências que nos servirão de ensino, eles, a tempo, nos farão retroceder e entrar no verdadeiro caminho. Se palmilharmos atentos a estrada certa, alcançaremos o conhecimento que viemos para adquirir.
            Portanto, é a sinceridade que nos recoloca diante do verdadeiro dever.
            Enquanto encobrimos nossa face com a máscara das aparências, ainda que o mundo nos coloque num pedestal, nossa permanência aí será efêmera como são efêmeras nossas considerações pessoais.
            Não é o ato simplesmente que é julgado pelos seres maiores da espiritualidade, mas o sentimento que impulsionou o ato.
            É fácil parecermos gentis e ostentarmos certas atitudes espiritualizadas; o difícil é agirmos em consonância com princípios que nas nossas relações diárias nos harmonizem com nossos semelhantes, embora nem sempre sejamos aceitos.
            A sinceridade tem o dom de desagradar aqueles que ainda estão ligados a do mundo, que esperam lisonjas e desejam aplausos. A criatura sincera não se permite satisfazer a esses caprichos. Isso a leva a ser afastada do caminho dos que ainda vivem exclusivamente para ilusões vazias de sentido.
            Não precisamos ser rudes, mas devemos manter intactas nossas convicções. Importa sermos sinceros, sem condenações às ideias de ninguém.
            Inútil e ridícula, também, é a atitude de superioridade sobre os demais, como se todos estivessem errados.
            Só a sinceridade em nossos esforços nos credencia diante dos que nos guiam a evolução.
            Agir apenas com o propósito de agradar aos outros é condenarmo-nos à eterna escravidão."
(“Vem!...", Cenyra Pinto)

A infelicidade

"Vou revelar-vos a infelicidade sob uma nova face, sob a forma bela e florida que acolheis e desejais, com todas as forças de vossas almas iludidas.  A infelicidade é essa alegria falsa, esse prazer egoísta, a fama enganadora, a agitação fútil, a louca satisfação da vaidade que faz calar a consciência, que perturba a ação do pensamento, que confunde o homem quanto ao seu futuro. A infelicidade é o ópio do esquecimento que buscais incessantemente."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo V- "Bem-Aventurados os Aflitos")

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

"NA SUBLIME INICIAÇÃO"

"Quando Jesus nos convocou à perfeição, conhecia claramente a carga de falhas
e deficiências de que estamos ainda debitados perante a Contabilidade da Vida.
Urge, assim, penetrar o sentido de semelhante convite, aceitando, de nossa
parte, a sublime iniciação.
Na subida áspera em demanda aos valores eternos, as Leis do Universo não nos
reclamam qualquer ostentação de grandeza espiritual. Criaturas em laboriosa marcha na
senda evolutiva atendamos, desse modo, aos alicerces do aprendizado.
Nas horas de crise, os Estatutos Divinos não nos rogam certidões de
superioridade a raiarem pela indiferença, e sim, que saibamos sofrê-las com reflexão e
dignidade, assimilando os avisos da experiência.
Renteando com injúrias e zombarias, as instruções do Senhor não exigem de
nós a máscara da impassibilidade, e sim, que as vençamos de ânimo forte, assimilando-lhes
a passagem com a benção da compreensão fraternal.
Defrontados por tentações, a vida não espera que estejamos diante delas, em
regime de anestesia, e sim, que busquemos neutralizá-las com paciência e coragem,
entesourando os ensinos de que se façam mensageiras, em nosso próprio favor.
Abstenhamo-nos de adornar a existência com expectações ilusórias. Somos
criaturas humanas, a caminho da sublimação necessária e, nessa condição, errar e
corrigir-nos para acertar sempre mais, são impositivos de nosso roteiro. Conquanto isso,
porém, permaneçamos convencidos, desde hoje, de que se por agora não nos é possível
envergar a túnica dos anjos, podemos e devemos matricular-nos na escola dos espíritos bons."

("Alma e Coração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"AMARÁS SERVINDO"

"(...)Mesmo quando a ambição e o orgulho te golpeiem de suspeitas e de rancores o espírito desprevenido, amarás servindo sempre.
Quando alguém te aponte os males do mundo, lembrar-te-ás dos que te suportaram as fraquezas da infância, dos que te auxiliaram a pronunciar a primeira oração, dos que te encorajaram os ideais de bondade no nascedouro, e daqueles outros que partiram da Terra, abençoando-te o nome, depois de repetidos exemplos do
sacrifício para que pudesses livremente viver. Recordarás os benfeitores anônimos que te deram entendimento e esperança, prosseguindo fiel ao apostolado do amor e serviço que
te legaram...
Para isso, não te deterás na superfície das palavras.
Colocar-te-ás na posição dos que sofrem, a fim de que faças por eles tudo aquilo que desejarias se te fizesse nas mesmas circunstâncias.(...)"
("Alma e Coração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"AUXILIARÁS POR AMOR"


"Auxiliarás por amor nas tarefas do benefício.
Não te deixarás seduzir pelo verbo fascinante dos que manejam o ouro da
palavra para incrementar a violência em nome da liberdade e dos que te induzam a crer
seja a vida um fardo de desenganos.
Adotarás a disciplina por norma de ação em teu ambiente de trabalho
renovador, e educar-te-ás na orientação do bem, elevando o nível da existência e
sublimando as circunstâncias.
De muitos ouvirás que não adianta sofrer em proveito dos outros e nem semear
para sustento da ingratidão; entretanto, recordarás os benfeitores anônimos que te
amaciaram o caminho, apagando-se tantas vezes para que pudesses brilhar.
Rememorarás a infância, no refúgio doméstico, e perceberás que te ergueste, acima de
tudo, da bondade com que te agasalharam o coração. Não conseguiste a ternura
materna com recursos amoedados, não remuneraste teu pai pelo teto em que te guardou
a meninice, não compraste a afeição dos que te equilibraram os passos primeiros e nem
pagaste o carinho daqueles que te alçaram o pensamento à luz da oração, ensinando-te
a pronunciar o nome de Deus!...
Reflete nas raízes de amor com que o Todo-Misericordioso nos plasmou os
alicerces da vida, e colabora onde estejas para que o bem se erija por sustentáculo de
todos.
Enxergarás, nos que te rodeiam, irmãos autênticos, diante da Providência
Divina. Ajudarás os menos bons para que se tornem bons, e auxiliarás os bons a fim de
que se façam melhores.
Se a perturbação te dificulta o caminho, serve, sem alarde, e a trilha de
libertação se te abrirá, propiciando-te acesso à frente.
Se ofensas te apedrejam, escuda-te no dever bem cumprido e serve sempre, na
certeza de que a bondade com a força do tempo é a meia natural de todos os reajustes.
Muitos, mandam, exigem, dispõem ou discutem... Serás aquele que serve, o
samaritano da benção, o entendimento dos incompreendidos, a luz dos que se debatem
nas sombras, a coragem dos tristes e o apoio dos que se afligem na retaguarda!... E,
ainda quando te vejas absolutamente a sós, no ministério do bem, serás fiel à obrigação
de servir, lembrando-te de que, certo dia, um anjo na forma de um homem escalou um
monte árido em supremo abandono, carregando a cruz do próprio sacrifício, mas porque
servia e servia, perdoando e perdoando, fez nas trevas da morte o sol das nações, em
perenidade de luz e amor para o mundo inteiro."
("Alma e Coração", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

Edificação


"Não desejes, nem esperes regalias na escola da edificação, onde o próprio Mestre encontrou a bofetada e a cruz do martírio."
("Renúncia", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

Francisco Cândido Xavier

"Sei que Chico Xavier lerá estas pobres linhas, então este recado me é importante: Convivemos alternadamente entre os anos de 1972/1984 e nos correspondemos até hoje. Compusemos juntos dois livros* e tecemos sublimes ideais. Dentre as inúmeras coisas que aprendi contigo sobre mediunidade confiável, a principal delas é que o médium nunca deve mentir. Lastimo que o mundo não tenha compreendido melhor tua mensagem. É antigo hábito da humanidade ignorar, desvalorizar ou desprezar seus mentores e profetas. Sei que depois, depois e muito depois de teres ido para o Mundo Maior, povos e nações te buscarão nas luzes do passado e no pressentimento do porvir. Quando vierem as horas de provação coletiva, algumas já acontecidas, outras em andamento, te buscarão para ouvir-te. Uma vez me disseste que, no Além, gostarias de continuar médium. Acho que isso é o que vai acontecer. Aos que te buscarem em horas de sofrimento, aflição ou problemas difíceis, continuarás o medianeiro entre a espiritualidade Superior e a Humanidade chapinhando entre paixões e trevas. Habitas o reino onde a luz nunca se apaga.
(...)
Concluíste tua parte no labor e no sonho. Ensinaste-nos como viver para que Deus permaneça conosco. Porque a morte não separa os afetos verdadeiros, é certo que um dia nos reencontraremos sob a égide de Deus."
(Fernando do Oz (Fernando Worm), na obra  "Traços de Chico Xavier", Autores Diversos)

Misericórdia


"... a misericórdia do Todo-Poderoso nunca andou atrasada. Quando nos parece tarda, é que algum motivo existe, que não podemos compreender de pronto..."
("Renúncia", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

"DESIGUALDADE"

"(...)Cada espírito recolhe na Providência Divina o empréstimo do corpo e as possibilidades
que lhe enriquecem o campo de luta para a edificação do progresso no santuário do bem, entretanto, se não atende as obrigações que a vida lhe preceitua, na esfera da ação correta perante as Divinas Leis, retardar-se-á no caminho, para corrigir impropriedades e desacertos ou reajustar atitudes e empreendimentos, através de reencarnações laboriosas e torturadas. Isso ocorre porque sendo o amor a essência da vida, a justiça é o instrumento que o veicula, consoante a Eterna Sabedoria que nos confere alegria ou dor, enfermidade ou saúde, queda ou ascensão, luz ou treva, segundo os resultados de nossas próprias obras."
(Emmanuel, na obra "Vida em Vida", Diversos Espíritos/Francisco Cândido Xavier)

"ANTE O BERÇO TORTURADO"


"À frente da criança torturada no berço, unge-te de paciência e ternura para a tarefa que o Céu te confia.
Nesse corpo enfermiço e mirrado em que sobram vagidos de sofrimento, manifesta-sealguém que o destino te devolve ao trabalho de reajuste.
Será possivelmente o filho ou o irmão, o companheiro ou o amigo do passado, com quete acumpliciaste no desvio das Leis Excelsas.
Antes de rogarem asilo em teus braços, terão padecido, além, aflições atrozes e, trazidosao teu convívio, estarão provisoriamente internados no templo de teu amor, aguardando-te oconcurso preciso.
Ontem experimentavam na Esfera Espiritual os resultados da delinqüência na luta humana...
O horror do suicídio deliberado...
O remorso do crime oculto...
Os frutos da crueldade...
Reintegrados no campo do espírito, guardavam na própria almas os tristes remanescentesda conduta ominosa.
Hoje, tornam à experiência do mundo, e rogam-te apoio e bondade, auxílio e consolação.
Aqui, exibem o câncer e a cegueira, ali mostram mutilações, acolá, revelam a loucura precoce, além acusam a paralisia infantil, mais adiante, oferecem o doloroso espetáculo de flores, cobertas de chagas, que o infortúnio teria envenenado na hora do alvorecer.
Mas, em todo quadro de dor, vige a Infinita Misericórdia que nos permite a concessãodo recomeço com os recursos infelizes por nós mesmos acumulados, para que se nos recupereo entendimento diante da Eterna Vida.

*
Guarda o teu anjo enfermo com desvelada solicitude e ajuda-o com o orvalho de teu carinho e com a bênção de tua prece, na travessia da grande sombra para o retorno à Divina
Luz."
(Emmanuel, na obra "Vida em Vida", Diversos Espíritos/Francisco Cândido Xavier)

"Tem a coragem..."

"Tem a coragem de não perder a paciência ante o agressor, evitando ficar igual a ele."
("Afinidade", Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"EM PRECE"

"(...)Que a nossa humildade não seja orgulho.
Que o nosso amor não seja egoísmo.
Que a nossa fé não seja discórdia.
Que a nossa justiça não seja violência.
Que a nossa coragem não seja temeridade.
Que a nossa segurança não seja preguiça.
Que a nossa simplicidade não seja aparência.
Que a nossa caridade não seja interesse.
Que a nossa paz não seja frio enregelante.
Que a nossa verdade não seja fogo destruidor.(....)"

(Emmanuel, na obra "Vozes do Grande Além",
Diversos Espíritos/Francisco Cândido Xavier)

"DOUTRINAR E TRANSFORMAR"

"Meus amigos:
Em verdade é preciso doutrinar para esclarecer.
Mas é imprescindível, igualmente, transformar para redimir.
Doutrinação que melhore.
Transformação que recupere.
A teoria prepara.
A prática realiza. Ensinando, induzimos.
Fazendo, demonstramos.
Quem instrui, acende luz.
Quem edifica, é a própria luz em si.
Para doutrinar com segurança, é necessário atender à sabedoria através do cérebro.
Para transformar com êxito, é indispensável obedecer ao amor, por intermédio do coração.
Não basta, pois, o ensinamento.
Imperioso sejamos nós mesmos a lição viva. Pensamento que observe e ilumine.
Sentimento que compreenda e ajude sempre. Não nos limitemos, desse modo, aos méritos
da palavra.
Procuremos, com o mesmo fervor, as vantagens da ação.
Cultura, que aperfeiçoe.
- Trabalho que santifique.
Hermes, Zoroastro, Confúcio, Sidarta e Sócrates foram grandes e veneráveis instrutores
que nos revelaram a senda.
Jesus-Cristo, porém, associando lição e exemplo, é o Mestre Amoroso e Sábio que nos
ensina a percorrê-la."
(Emmanuel, na obra "Vozes do Grande Além", Espiritos Diversos/Francisco Cândido Xaver)

Deus

"Trazes contigo severas noções de justiça e austeridade.
Isso é belo na consciência.
Não te esqueças, porém, de que a Bondade de Deus reveste as leis da vida na moldura da misericórdia."
(Emmanuel, na obra "Perdão e Vida", Espíritos Diversos/Francisco Cândido  Xavier)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Deus

"(...) as forças que nos encarceram o coração nas grades de uns tantos problemas temporais, costumam ser violentas e rudes. Entretanto, Deus não se cansa de nos atrair aos seus braços misericordiosos."
("Renúncia", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)

"CONSCIÊNCIA"


"...E o Senhor concedeu-te esse espelho divino,

Claro, doce, sutil, como a aurora purpúrea,

E forte, quanto o mar em procelosa fúria,

Por face da verdade a reger-te o destino.

Grava-te, em cada instante, honesto e cristalino,

Toda idéia sublime e toda idéia espúria,

A virtude e a miséria, a grandeza e a penúria,

A esperança e a bondade, a treva e o desatino...

Conserva, pois, no bem o caminho alto e puro

Que te guarde o presente e renove o futuro,

Buscando na justiça a força que te exorte.

A consciência é a Lei que te acompanha e espreita,

O espelho do Senhor na Harmonia Perfeita,

A desnudar-te a vida em plena luz da morte"

(Amadeu Amaral, na obra "Vozes do Grande Além",
Diversos Espíritos/Francisco Cândido Xavier)

domingo, 21 de agosto de 2011

"SINAIS DOS TEMPOS"

"1. - São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade. Em que sentido se devem entender essas palavras proféticas? Para os incrédulos, nenhuma importância têm; aos seus olhos, nada mais exprimem que uma crença pueril, sem fundamento. Para a maioria dos crentes, elas apresentam qualquer coisa de místico e de sobrenatural, parecendo-lhes prenunciadoras da subversão das leis da Natureza. São igualmente errôneas ambas essas interpretações; a primeira, porque envolve uma negação da Providência; a segunda, porque tais palavras não anunciam a perturbação das leis da Natureza, mas o cumprimento dessas leis.
2. - Tudo na criação é harmonia; tudo revela uma previdência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coisas. Temos, pois, que afastar, desde logo, toda idéia de capricho, por inconciliável com a sabedoria divina. Em segundo lugar, se a nossa época esta designada para a realização de certas coisas, é que estas têm uma razão de ser na marcha do conjunto.
Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, esta submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Ambos esses progressos se realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da habitação guarda relação com o do habitante. Fisicamente, o globo terráqueo há experimentado transformações que a Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a Humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças materiais, os homens para isso concorrem pelos esforços de sua inteligência. Saneiam as regiões insalubres, tornam mais fáceis as comunicações e mais produtiva a terra.
De duas maneiras se executa esse duplo progresso: uma, lenta, gradual e insensível; a outra, caracterizada por mudanças bruscas, a cada uma das quais corresponde um movimento ascensional mais rápido, que assinala, mediante impressões bem acentuadas, os períodos progressivos da Humanidade. Esses movimentos, subordinados, quanto às particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em seu conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na germinação, no crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o movimento progressivo se efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a uma raça ou a uma nação, doutras vezes, de modo geral.
O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é efeito dessas leis resulta da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus, como se pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita.
3. - Do fato de ser inevitável, porque é da natureza o movimento progressivo da Humanidade, não se segue que Deus lhe seja indiferente e que, depois de ter estabelecido leis, se haja recolhido à inação, deixando que as coisas caminhem por si sós. Sem dúvida, suas leis são eternas e imutáveis, mas porque a sua própria vontade é eterna e constante e porque o seu pensamento anima sem interrupção todas as coisas. Esse pensamento, que em tudo penetra, é a força inteligente e permanente que mantém a harmonia em tudo. Cessasse ele um só instante de atuar e o Universo seria como um relógio sem pêndulo regulador. Deus, pois, vela incessantemente pela execução de suas leis e os Espíritos que povoam o espaço são seus ministros, encarregados de atender aos pormenores, dentro de atribuições que correspondem ao grau de adiantamento que tenham alcançado.
4. - O Universo é, ao mesmo tempo, um mecanismo incomensurável, acionado por um número incontável de inteligências, e um imenso governo em o qual cada ser inteligente tem a sua parte de ação sob as vistas do soberano Senhor, cuja vontade única mantém por toda parte a unidade. Sob o império dessa vasta potência reguladora, tudo se move, tudo funciona em perfeita ordem. Onde nos parece haver perturbações, o que há são movimentos parciais e isolados, que se nos afiguram irregulares apenas porque circunscrita é a nossa visão. Se lhes pudéssemos abarcar o conjunto, veríamos que tais irregularidades são apenas aparentes e que se harmonizam com o todo.
5. - A Humanidade tem realizado, até ao presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. Não poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suas instituições antiquadas, restos de outra idade, boas para certa época, suficientes para um estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que comportavam, seriam hoje um entrave. Já não é somente de desenvolver a inteligência o de que os homens necessitam, mas de elevar o sentimento e, para isso, faz-se preciso destruir tudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho.
Tal o período em que doravante vão entrar e que marcará uma das fases principais da vida da Humanidade. Essa fase, que neste momento se elabora, é o complemento indispensável do estado precedente, como a idade viril o é da juventude. Ela podia, pois, ser prevista e predita de antemão e é por isso que se diz que são chegados os tempos determinados por Deus.
6. - Nestes tempos, porém, não se trata de uma mudança parcial, de uma renovação limitada a certa região, ou a um povo, a uma raça. Trata-se de um movimento universal, a operar-se no sentido do progresso moral. Uma nova ordem de coisas tende a estabelecer-se, e os homens, que mais opostos lhe são, para ela trabalham a seu mau grado. A geração futura, desembaraçada das escórias do velho mundo e formada de elementos mais depurados, se achará possuída de idéias e de sentimentos muito diversos dos da geração presente, que se vai a passo de gigante. O velho mundo estará morto e apenas viverá na História, como o estão hoje os tempos da Idade Média, com seus costumes bárbaros e suas crenças supersticiosas.
Aliás, todos sabem quanto ainda deixa a desejar a atual ordem de coisas. Depois de se haver, de certo modo, considerado todo o bem-estar material, produto da inteligência, logra-se compreender que o complemento desse bem-estar somente pode achar-se no desenvolvimento moral. Quanto mais se avança, tanto mais se sente o que falta, sem que, entretanto, se possa ainda definir claramente o que seja: é isso efeito do trabalho íntimo que se opera em prol da regeneração. Surgem desejos, aspirações, que são como que o pressentimento de um estado melhor.
7. - Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de idéias. Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio. É, pois, da luta das idéias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram conseqüência do estado de formação da Terra. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da Humanidade.
8. - Se a Terra já não tem que temer os cataclismos gerais, nem por isso deixa de estar sujeita a periódicas revoluções, cujas causas, do ponto de vista científico, se encontram explicadas nas instruções seguintes, promanantes de dois Espíritos eminentes: (1)
(1) A terrível epidemia que, de 1866 a 1868, dizimou a população da Ilha Maurícia, teve a precedê-la tão extraordinária e tão abundante chuva de estrelas cadentes, em novembro de 1866, que aterrorizou os habitantes daquela ilha. A partir desse momento, a doença, que reinava desde alguns meses de forma muito benigna, se transformou em verdadeiro flagelo devastador. Aquele fora bem um sinal no céu e talvez nesse sentido é que se deva entender a frase -estrelas caindo do céu, de que fala o Evangelho, como sendo um dos sinais dos tempos. (Pormenores sobre a epidemia da ilha Maurícia: Revue Spirite, de julho de 1867, pág. 208, e novembro de 1868, pág. 321.)
11. - A previsão dos movimentos progressivos da Humanidade nada apresenta de surpreendente, quando feita por seres desmaterializados, que vêem o fim a que tendem todas as coisas, tendo alguns deles conhecimento direto do pensamento de Deus. Pelos movimentos parciais, esses seres vêem em que época poderá operar-se um movimento geral, do mesmo modo que o homem pode calcular de antemão o tempo que uma árvore levará para dar frutos, do mesmo modo que os astrônomos calculam a época de um fenômeno astronômico, pelo tempo que um astro gasta para efetuar a sua revolução.
12. - A Humanidade é um ser coletivo em quem se operam as mesmas revoluções morais por que passa todo ser individual, com a diferença de que umas se realizam de ano em ano e as outras de século em século. Acompanhe-se a Humanidade em suas evoluções através dos tempos e ver-se-á a vida das diversas raças marcada por períodos que dão a cada época uma fisionomia especial.
13. - De duas maneiras se opera, como já o dissemos, a marcha progressiva da Humanidade: uma, gradual, lenta, imperceptível, se se considerarem as épocas consecutivas, a traduzir-se por sucessivas melhoras nos costumes, nas leis, nos usos, melhoras que só com a continuação se podem perceber, como as mudanças que as correntes dágua ocasionam na superfície do globo; a outra, por movimentos relativamente bruscos, semelhantes aos de uma torrente que, rompendo os diques que a continham, transpõe nalguns anos o espaço que levaria séculos a percorrer. É, então, um cataclismo moral que traga em breves instantes as instituições do passado e ao qual sobrevém uma nova ordem de coisas que pouco a pouco se estabiliza, à medida que se restabelece a calma, e que acaba por se tornar definitiva.
Àquele que viva bastante para abranger com a vista as duas vertentes da nova fase, parecerá que um mundo novo surgiu das ruínas do antigo. O caráter, os costumes, os usos, tudo está mudado. É que, com efeito, surgiram homens novos, ou, melhor, regenerados. As idéias, que a geração que se extinguiu levou consigo, cederam lugar a idéias novas que desabrocham com a geração que se ergue.
14. - Tornada adulta, a Humanidade tem novas necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas; compreende o vazio com que foi embalada, a insuficiência de suas instituições para lhe dar felicidade; já não encontra, no estado das coisas, as satisfações legítimas a que se sente com direito. Despoja-se, em consequência, das faixas infantis e se lança, impelida por irresistível força, para as margens desconhecidas, em busca de novos horizontes menos limitados,
É a um desses períodos de transformação, ou, se o preferirem, de crescimento moral, que ora chega a Humanidade. Da adolescência chega ao estado viril. O passado já não pode bastar às suas novas aspirações, às suas novas necessidades; ela já não pode ser conduzida pelos mesmos métodos; não mais se deixa levar por ilusões, nem fantasmagorias; sua razão amadurecida reclama alimentos mais substanciosos. É demasiado efêmero o presente; ela sente que mais amplo é o seu destino e que a vida corpórea é excessivamente restrita para encerrá-lo inteiramente. Por isso, mergulha o olhar no passado e no futuro, a fim de descobrir num ou noutro o mistério da sua existência e de adquirir uma consoladora certeza.
E é no momento em que ela se encontra muito apertada na esfera material, em que transbordante se encontra de vida intelectual, em que o sentimento da espiritualidade lhe desabrocha no seio, que homens que se dizem filósofos pretendem encher o vazio com as doutrinas da nadismo e do materialismo! Singular aberração! Esses mesmos homens, que intentam impelir para a frente a Humanidade, se esforçam por circunscrevê-la no acanhado círculo da matéria, donde ela anseia por escapar-se. Velam-lhe o aspecto da vida infinita e lhe dizem, apontando para o túmulo: Nec plus ultra!
15. - Quem quer que haja meditado sobre o Espiritismo e suas conseqüências e não o circunscreva à produção de alguns fenômenos terá compreendido que ele abre à Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito. Iniciando-a nos mistérios do mundo invisível, mostra-lhe o seu verdadeiro papel na criação, papel perpetuamente ativo, tanto no estado espiritual, como no estado corporal. O homem já não caminha às cegas: sabe donde vem, para onde vai e por que está na Terra. O futuro se lhe revela em sua realidade, despojado dos prejuízos da ignorância e da superstição. Já na se trata de uma vaga esperança, mas de uma verdade palpável, tão certa como a sucessão do dia e da noite. Ele sabe que o seu ser não se acha limitado a alguns instantes de uma existência transitória; que a vida espiritual não se interrompe por efeito da morte; que já viveu e tornará a viver e que nada se perde do que haja ganho em perfeição; em suas existências anteriores depara com a razão do que é hoje e reconhece que: do que ele é hoje, qual se fez a si mesmo, poderá deduzir o que virá a ser um dia.
16. - Com a idéia de que a atividade e a cooperação individuais na obra geral da civilização se limitam à vida presente, que, antes, a criatura nada foi e nada será depois, em que interessa ao homem o progresso ulterior da Humanidade? Que lhe importa que no futuro os povos sejam mais bem governados, mais ditosos, mais esclarecidos, melhores uns para com os outros? Não fica perdido para ele todo o progresso, pois que deste nenhum proveito tirará? De que lhe serve trabalhar para os que hão de vir depois, se nunca lhe será dado conhecê-los, se os seus pósteros serão criaturas novas, que pouco depois voltarão por sua vez ao nada? Sob o domínio da negação do futuro individual, tudo forçosamente se amesquinha às insignificantes proporções do momento e da personalidade.
Entretanto, que amplitude, ao contrário, dá ao pensamento do homem a certeza da perpetuidade do seu ser espiritual! Que de mais racional, de mais grandioso, de mais digno do Criador do que a lei segundo a qual a vida espiritual e a vida corpórea são apenas dois modos de existência, que se alternam para a realização do progresso! Que de mais justo há e de mais consolador do que a idéia de estarem os mesmos seres a progredir incessantemente, primeiro, através das gerações de um mesmo mundo, de mundo em mundo depois, até à perfeição, sem solução de continuidade! Todas as ações têm, então, uma finalidade, porquanto, trabalhando para todos, cada um trabalha para si e reciprocamente, de sorte que nunca se podem considerar infecundos nem o progresso individual, nem o progresso coletivo. De ambos esses progressos aproveitarão as gerações e as individualidades porvindouras, que outras não virão a ser senão as gerações e as individualidades passadas, em mais alto grau de adiantamento.
17. - A fraternidade será a pedra angular da nova ordem social; mas, não há fraternidade real, sólida, efetiva, senão assente em base inabalável e essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas particulares, que mudam com os tempos e os povos e que mutuamente se apedrejam, porquanto, anatematizando-se uns aos outros, alimentam o antagonismo, mas a fé nos princípios fundamentais que toda a gente pode aceitar e aceitará: Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinito, a perpetuidade das relações entre os seres. Quando todos os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos; de que esse Deus, soberanamente justo e bom, nada de injusto pode querer; que não dele, porém dos homens vem o mal, todos se considerarão filhos do mesmo Pai e se estenderão as mãos uns aos outros.
Essa a fé que o Espiritismo faculta e que doravante será o eixo em torno do qual girará o gênero humano, quaisquer que sejam os cultos e as crenças particulares.
18. - O progresso intelectual realizado até ao presente, nas mais largas proporções, constitui um grande passo e marca uma primeira fase no avanço geral da Humanidade; impotente, porém, ele é para regenerá-la. Enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da sua inteligência e dos seus conhecimentos para satisfazer às suas paixões e aos seus interesses pessoais, razão por que os aplica em aperfeiçoar os meios de prejudicar os seus semelhantes e de os destruir.
19. - Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a fraternidade.
Será ele que deitará por terra as barreiras que separam os povos, que fará caiam os preconceitos de casta e se calem os antagonismos de seitas, ensinando os homens a se considerarem irmãos que têm por dever auxiliarem-se mutuamente e não destinados a viver à custa uns dos outros.
Será ainda o progresso moral que, secundado então pelo da inteligência, confundirá os homens numa mesma crença fundada nas verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e, em consequência, aceitáveis por todos.
A unidade de crença será o laço mais forte, o fundamento mais sólido da fraternidade universal, obstada, desde todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem sejam uns, os dissidentes, vistos, pelos outros, como inimigos a serem evitados, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem amados.
20. - Semelhante estado de coisas pressupõe uma mudança radical no sentimento das massas, um progresso geral que não se podia realizar senão fora do círculo das idéias acanhadas e corriqueiras que fomentam o egoísmo. Em diversas épocas, homens de escol procuraram impelir a Humanidade por esse caminho; mas, ainda muito jovem, ela se conservou surda e os ensinamentos que eles ministraram foram como a boa semente caída no pedregulho.
Hoje, a Humanidade está madura para lançar o olhar a alturas que nunca tentou divisar, a fim de nutrir-se de idéias mais amplas e compreender o que antes não compreendia.
A geração que desaparece levará consigo seus erros e prejuízos; a geração que surge, retemperada em fonte mais pura, imbuída de idéias mais sãs, imprimirá ao mundo ascensional movimento, no sentido do progresso moral que assinalará a nova fase da evolução humana.
21. - Essa fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis e que começam a encontrar eco. Assim é que vemos fundar-se uma imensidade de instituições protetoras, civilizadoras e emancipadoras, sob o influxo e por iniciativa de homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as leis penais se vão apresentando dia a dia impregnadas de sentimentos mais humanos. Enfraquecem-se os preconceitos de raça, os povos entram a considerar-se membros de uma grande família; pela uniformidade e facilidade dos meios de realizarem suas transações, eles suprimem as barreiras que os separavam e de todos os pontos do mundo reúnem-se em comícios universais, para as justas pacificas da inteligência.
Falta, porém, a essas reformas uma base que permita se desenvolvam, completem e consolidem; falta uma predisposição moral mais generalizada, para fazer que elas frutifiquem e que as massas as acolham. Ainda aí há um sinal característico da época, porque há o prelúdio do que se efetuará em mais larga escala, à proporção que o terreno se for tornando mais favorável.
22. - Outro sinal não menos característico do período em que entramos encontra-se na reação que se opera no sentido das idéias espiritualistas; na repulsão instintiva que se manifesta contra as idéias materialistas. O espírito de incredulidade, que se apoderara das massas, ignorantes ou esclarecidas, e as levava a rejeitar com a forma a substância mesma de toda crença, parece ter sido um sono, a cujo despertar se sente a necessidade de respirar um ar mais vivificante. Involuntariamente, lá onde o vácuo se fizera, procura-se alguma coisa, um ponto de apoio.
23. - Se supusermos possuída desses sentimentos a maioria dos homens, poderemos facilmente imaginar as modificações que dai decorrerão para as relações sociais; todos terão por divisa: caridade, fraternidade, benevolência para com todos, tolerância para todas as crenças. É a meta para que tende evidentemente a Humanidade; esse o objeto de suas aspirações, de seus desejos, sem que, entretanto, ela perceba claramente por que meio as há de realizar. Ensaia, tateia, mas é detida por muitas resistências ativas, ou pela força de inércia dos preconceitos, das crenças estacionárias e refratárias ao progresso. Faz-se-lhe mister vencer tais resistências e essa será a obra da nova geração. Quem acompanhar o curso atual das coisas reconhecerá que tudo parece predestinado a lhe abrir caminho. Ela terá por si a dupla força do número e das idéias e, de acréscimo, a experiência do passado.
24. - A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as idéias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado. Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos, o Espiritismo se encontrará com ela no mesmo terreno. Aos homens progressistas se deparará nas idéias espíritas poderosa alavanca e o Espiritismo achará, nos novos homens, espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo. Dado esse estado de coisas, que poderão fazer os que entendam de opor-se-lhe?
25. - O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados. Se viera mais cedo, teria esbarrado em obstáculos insuperáveis; houvera inevitavelmente sucumbido, porque, satisfeitos com o que tinham, os homens ainda não sentiriam. falta do que ele lhes traz. Hoje, nascido com as idéias que fermentam, encontra preparado o terreno para recebê-lo. Os espíritos cansados da dúvida e da incerteza, horrorizados com o abismo que se lhes abre à frente, o acolhem como âncora de salvação e consolação suprema.
26. - Grande, por certo, é ainda o número dos retardatários; mas, que podem eles contra a onda que se alteia, senão atirar-lhe algumas pedras? Essa onda é a geração que surge, ao passo que eles se somem com a geração que vai desaparecendo todos os dias a passos largos. Até lá, porém, eles defenderão palmo a palmo o terreno. Haverá, portanto, uma luta inevitável, mas luta desigual, porque é a do passado decrépito, a cair em frangalhos, contra o futuro juvenil. Será a luta da estagnação contra o progresso, da criatura contra a vontade do Criador, uma vez que chegados são os tempos por ele determinados."
("A Génese", Allan Kardec, Capítulo XVIII - "São chegados os tempos"