segunda-feira, 30 de abril de 2018

"O HOMEM NO MUNDO"

"O Espiritismo é um processo de integração do homem no mundo e não de fuga. Todas as formas de isolamento social e de segregação religiosa são condenadas pela doutrina. Os resíduos do sectarismo religioso, alimentados em várias encarnações, permanecem ainda bastante ativos em alguns adeptos, fazendoos sonhar com um isolacionismo sectário que atenta contra a própria essência dos ensinos espíritas. É o fermento velho a que se referiu Jesus, como vemos no Evangelho. 

O Cristianismo teve de enfrentar esse mesmo problema em seu desenvolvimento. E, apesar da vitória das correntes cristãs mais ativas, não foi possível evitar-se a criação de ordens e congregações dedicadas à vida contemplativa, empenhadas na fuga ao mundo para o encontro com Deus. Essa tendência à fuga é característica das religiões orientais. Basta compararmos a vida contemplativa e os ensinos disciplinares de Buda com a vida ativa e os ensinos morais do Cristo, para vermos a diferença entre o espírito oriental e o espírito ocidental nas religiões. 

Na mensagem intitulada “O homem no mundo”, constante do capítulo XVII de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", encontramos o seguinte trecho: “Não penseis que, ao vos exortar à prece e à evocação mental, queiramos levar-vos a viver uma vida mística que vos mantenha fora das leis da sociedade. Não. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens. Sacrificai-vos às necessidades e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com o sentimento de pureza que as possa purificar”. E no capítulo “A Lei de Sociedade”, de "O Livro dos Espíritos", a afirmação é taxativa: “Os homens são feitos para viver em sociedade”. Os médiuns e doutrinadores espíritas têm uma missão eminentemente social. 

Para bem cumprir essa missão devem servir-se de todos os meios, os mais eficientes possíveis, de divulgação da doutrina. E foi o próprio Jesus quem ensinou que não devemos esconder a lâmpada embaixo da cama, mas colocá-la no alto, para que ilumine a todos."

"Na Era do Espírito", José Herculano Pires

segunda-feira, 23 de abril de 2018

"HORIZONTES ESPIRITUAIS"

 "Céu e Terra se encontram no horizonte. Durante milênios os homens acreditaram na realidade desse contato. Na Era Científica essa realidade transformou-se em simples ilusão de ótica. Mas a partir da Era Psicológica, aberta com as pesquisas espíritas de Allan Kardec, tornou-se evidente para muitas criaturas a existência real de uma linha divisória entre o finito e infinito. O horizonte seria, assim, um dos muitos signos naturais que Deus semeou na Terra para alertar os homens quanto à Realidade Maior que os nossos sentidos físicos não percebem. 

Na Era do Espírito, que agora se inicia, com o desenvolvimento do Espiritismo arrastando a Psicologia além de si mesma, os horizontes espirituais se abrem em todas as direções, desde o finito do átomo até o infinito das galáxias. O mistério dos vírus desafia a pesquisa biológica, traçando o horizonte da vida entre a matéria orgânica e a inorgânica; a descoberta da antimatéria revela a fímbria invisível no seio do próprio átomo; a investigação psicossomática acentua as linhas de contato entre espírito e corpo; a eclosão mediúnica torna palpável a linha vibratória entre duas humanidades, a visível e a invisível; a descoberta do corpo bioplástico está liquidando as últimas esperanças do materialismo soviético; as conquistas da Astronáutica deram-nos a imagem viva da Terra azul engastada no Infinito; e a vitória da Parapsicologia referendou, no veredicto das estatísticas, através do método quantitativo de pesquisas, as perspectivas abertas pelo Espiritismo em meados do século passado. Diante dos múltiplos horizontes espirituais da atualidade, que os dedos de todos os tomés podem tocar na realidade positiva das Ciências, este novo livro mediúnico de Francisco Cândido Xavier aparece como a continuidade natural de um trabalho paciente. 

Desde a publicação de "O Livro dos Espíritos", em 1857, a bibliografia espírita vem se desenvolvendo na Terra com a naturalidade dos trigais. Muito joio foi semeado na seara, mas o bom trigo continuou a germinar por todo o mundo. Ervas e aves malignas tentaram destruí-la, pragas numerosas a atacaram, mas os bons lavradores continuaram a semear e a cultivar o bom trigo. Chico Xavier tem sido um dos mais persistentes e este livro é mais uma prova disso. De Pedro Leopoldo a Uberaba a sua rota é marcada por mais de cento e vinte obras psicografadas que atingiram um total de mais de três milhões de exemplares em nosso país, além das várias traduções na Europa e na América do Norte. Mais de quinhentos autores espirituais assinam esses textos, muitos deles sendo figuras exponenciais das nossas letras. Esses autores se identificam de maneira evidente pelo estilo e a temática, e em vários casos a identificação pôde ser comprovada também pela caligrafia e pela assinatura, além de particulares motivos de identificação em suas formas de apresentação ao médium, de episódios desconhecidos de suas vidas revelados em conversações mediúnicas com ele. Neste volume há diversos casos dessa natureza, que procuramos acentuar em nossos comentários. Com mais de sessenta anos de idade e mais de quarenta anos de atividade psicográfica intensiva, contando-se por milhares as mensagens particulares que não figuram em livros, Chico Xavier vem cumprindo a sua missão com inexcedível paciência evangélica. Os tempos mudaram nestes últimos vinte e cinco anos, e Chico Xavier é hoje uma personalidade mediúnica reconhecida e admirada no Brasil e no mundo, consagrada por homenagens oficiais que lhe vêm sendo prestadas por casas legislativas de todo o país. Mas antes disso o seu trabalho se desenvolveu sob apupos e calúnias, ameaças e perseguições. Num período e noutro o seu ânimo não se modificou, a sua paciência não se alterou, a sua firmeza não revelou jamais o menor abalo, a sua linha de conduta espírita não se quebrou. Naturalidade no cumprimento dos deveres mediúnicos, paciência cristã na aceitação do martírio e da glória. E tudo isso sob o signo do desinteresse, da abnegação perfeita, doando sistematicamente os direitos autorais de toda a sua obra a instituições espíritas beneficentes, sem delas auferir o menor proveito. Chico Xavier é também, como homem, como vivência, como exemplo, um dos horizontes espirituais que marcam a Era do Espírito. É o protótipo do homem novo, é o interexistente, como réplica viva ao conceito do existente criado pelas Filosofias da Existência, ou seja, pelo Existencialismo. Existindo simultaneamente em dois mundos, ele traça com a sua vida a linha divisória entre as fases anteriores da evolução humana e a Era do Espírito. 


A nova humanidade terrena começa com Chico Xavier em terras brasileiras, confirmando a assertiva de que o Brasil é o coração do novo mundo que alvorece no planeta, a nova pátria do Evangelho em espírito e verdade. 

Este volume, como o anterior – Chico Xavier Pede Licença –, é formado com o material da secção dominical do médium publicada pelo “Diário de São Paulo”. Como editor dessa secção conseguimos estruturá-la melhor durante o período correspondente ao material aqui reunido, que vai de 28 de maio a 24 de dezembro de 1972. Graças a isso o texto se apresenta mais bem organizado. Cada mensagem psicográfica é antecedida pelas explicações do médium sobre a reunião em que ela foi obtida e os motivos que a determinaram. Segue-se o nosso comentário, assinado com o pseudônimo de Irmão Saulo que há mais de vinte anos usamos para a crônica espírita do conhecido matutino paulistano. Dessa maneira os leitores podem acompanhar, página a página, o processo de recepção das mensagens, segundo a sistemática seguida pelo médium. E as mensagens adquirem uma nova dimensão, pois vemo-las inseridas no tempo, no espaço e na vivência humana das sessões em que foram recebidas. Elas não aparecem de maneira gratuita, como ditadas pelos Espíritos numa elaboração mental abstrata, mas integradas no momento humano que as provocou. Os casos particulares a que se referem são geralmente dolorosos e não raro temos a revelação de processos reencarnatórios que ilustram ao vivo e de maneira dramática os princípios fundamentais do Espiritismo. A tríplice relação das mensagens com o ambiente da reunião, os casos objetivos a que se referem e os trechos citados dos livros básicos da doutrina constituem elementos fecundos de observação e estudo para os leitores atentos. Outros volumes ainda sairão certamente nesta série enriquecendo a nossa bibliografia doutrinária. É a primeira vez que temos esta oportunidade de mostrar o relacionamento vivencial da psicografia com as dores, as angústias e as perplexidades da criatura humana, provando de maneira concreta a participação ativa dos Espíritos na vida efêmera dos encarnados. 

Estes dois volumes – Chico Xavier Pede Licença e Na Era do Espírito – abrem uma nova dimensão dos estudos doutrinários em nossa terra, dando continuidade ao processo iniciado por Kardec na França para a investigação interexistencial da natureza humana, do sentido e da significação da vida humana. A importância desse fato para a Era do Espírito é indisfarçável. E podemos dizê-lo sem nenhuma pretensão, pois os nossos comentários, como Emmanuel já revelou no prefácio do primeiro destes volumes, não são apenas nossos, porque são inspirados. 

Que Deus nos ajude para que a inspiração não nos falte na continuação do trabalho."

J. Herculano Pires São Paulo, 21 junho de 13.
* * *
As observações feitas pelo Prof. Herculano Pires a respeito de Chico Xavier referem-se ao ano de 1973. Hoje ambos se encontram no plano espiritual e Chico nos deixou um legado que supera 400 livros. (Nota da Editora.)





(Prefácio de Emmanuel,  a obra "Na Era do Espírito", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier e José Herculano Pires)

terça-feira, 17 de abril de 2018

"LUZ PARA TODOS"

"Estariam os princípios espíritas endereçados à segregação para uso exclusivo daqueles irmãos que carregam provas visíveis no plano material? Encontramos, com frequência, na Terra quem suponha deva ser a Nova Revelação limitada ao trabalho em favor dos que sofrem a penúria do corpo, sob pena de perder a própria simplicidade. Entretanto, a fulguração solar será menos luz quando clareia o recôncavo de um vale e o topo de um arranha-céu ao mesmo tempo? E, acaso, a fonte se diminuirá em grandeza por deixar-se canalizar em serviço à cidade grande, após haver saciado a sede aos lares do campo? 


* * * Decerto, a mensagem da Vida Maior tem significação mais imediata em auxílio a quantos se vejam no mundo em dificuldades abertas, seja no chão das exigências primárias da natureza ou na sombra das grandes tribulações em que a inconformidade os compele a se tornarem francamente infelizes. Imperioso, porém, pensar naqueles outros companheiros da humanidade que a vida situou em outros setores. Não é a face externa da criatura que lhe determina o grau da necessidade espiritual. Dói-nos ver as mãos que se nos estendem nas ruas, à cata de pão; no entanto, será justo, igualmente, compreender os obstáculos daqueles que se esfalfam em serviço para que haja pão, tanto quanto possível, à mesa de todos. Aflige-nos registrar os empeços do amigo em profissão singela, cujo salário não lhe satisfaz a todos os requisitos da vida simples, mas não nos será lícito esquecer os óbices daqueles que se atormentam na orientação da oficina para que o trabalho não se perturbe ou escasseie.

Magoa-nos surpreender irmãos diversos, acomodados nos palheiros humildes que lhes servem de residência; contudo, não podemos desconhecer os impedimentos daqueles outros que encanecem nas administrações, construindo caminhos ao progresso e traçando horizontes ao reconforto geral. Sensibiliza-nos o martírio das mães que vagueiam nas vias públicas à busca de socorro para filhinhos padecentes; entretanto, seria injusto desconsiderar o sofrimento daquelas outras que se aniquilam, pouco a pouco, dentro de casa, em posição de incessante sacrifício, para sustentarem os descendentes, de modo a que a dignidade humana possa honrosamente sobreviver. 



* * * Reflitamos no conjunto dos problemas humanos e a ninguém deserdemos da verdade e do amor, de vez que em qualquer situação pertencemos todos a Deus e, segundo as nossas necessidades, é natural que Deus nos atenda a cada um."


"Na Era do Espírito", Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 16 de abril de 2018

"ANTE A ERA DO ESPÍRITO"

"Senhor Jesus!

 Ante a Era do Espírito, clareia-nos a razão, a fim de compreendermos a tua palavra em dimensões mais altas. 

* * * Agora que os homens erguem o facho da indagação, além dos conhecimentos habituais, concede-nos os meios precisos para caminhar com eles ao encontro da verdade em luz de amor que lhes honorificará o futuro, segundo os teus ensinos. 


* * * A inteligência terrestre fixa hoje elevadas perspectivas na conquista da Consciência Cósmica. A cultura científica abre novas áreas de trabalho e perquirição. A Psiquiatria, a Psicologia e a Análise examinam a vida extra-somática. A Física Nuclear apresenta recursos destinados à elucidação de muitas das ocorrências paranormais. A Fotografia requinta processos de observação e consegue deter imagens do corpo espiritual. O motor encurta distâncias. A Eletrônica altera a experiência comunitária e aperfeiçoa o relacionamento entre os povos. A Astronáutica cria engenhos que controlam a gravidade e partem na direção de outros mundos. 


* * * Quando a era tecnológica exige consequentemente a Civilização do Espírito, ampara-nos o diálogo com os homens – nossos irmãos encarnados – de modo que nós todos, eles e nós, venhamos a responder construtivamente aos desafios dos tempos novos, sem que as pedras do exclusivismo, seja na Religião ou na Ciência, nos obstruam as sendas iluminadas à frente do progresso. 



* * * Livra-nos:  da ignorância;  do orgulho;  do ilogismo;  da divisão;  do fanatismo;  da vaidade;  da intolerância;  do ódio;  do farisaísmo;  da prepotência; e consente, Senhor, que possamos humanizar-te as lições na Doutrina Espírita, a fim de que a imortalidade seja reconhecida na Terra, estabelecendo o teu reino de paz e amor nos homens, com os homens, pelos homens e para os homens, agora, hoje e sempre. 


Assim seja. 

Emmanuel 

Uberaba, 21 de junho de 1973

(Prefácio de Emmanuel,  a obra "Na Era do Espírito", Autores Diversos/Francisco Cândido Xavier e José Herculano Pires)